Barraginhas
Barraginhas, 25 anos Projeto das Barraginhas chega ao ES
7 de novembro de 2018As barraginhas são pequenas bacias que captam enxurradas e permitem que a chuva infiltre no terreno, reabastecendo o lençol freático.
O Projeto Barraginhas, que mudou a face da seca nos últimos 25 anos na região Semiárida, agora chega ao Espírito Santo. Coordenado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), as Barraginhas começam a ser implantadas pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Seama) que anunciou um investimento de R$ 600 mil. O recurso será utilizado para a realização da capacitação, transferência de tecnologia e implantação do Projeto Barraginhas, desenvolvido pela Embrapa, em microbacias do Estado.
O engenheiro agrônomo Luciano Cordoval de Barros, da Embrapa, inventor do das Barraginhas, assina o documento com o governo do Espírito Santo.
PROJETO BARRAGINHAS CHEGA AO ESPÍRITO SANTO
O projeto tem como objetivo possibilitar a transferência e disponibilização da tecnologia social “Barraginhas”, por meio de ações de capacitações, adoção e multiplicação da tecnologia em microbacias do Espírito Santo. Serão implantadas pelo Incaper, em 24 meses, 12 unidades de referência, que irão servir de modelo para os municípios.
OVO DE COLOMBO
O projeto Barraginhas salva áreas secas do Brasil há 25 anos. É um ovo de colombro, ou seja, uma alternativa simples e com resultados efetivos no aumento da disponibilidade hídrica em microbacias, sendo adaptável a diferentes realidades, a tecnologia irá captar a água das enxurradas e promover seu armazenamento no solo – evitando erosões, assoreamentos e contaminações ambientais –, garantindo assim o aumento do volume de água dos mananciais.
Para o secretário de Estado de Meio Ambiente, Aladim Cerqueira, o projeto Barraginhas chega ao Espírito Santo para causar um positivo impacto social. “Barraginhas, além de abastecer nascentes e aumentar o fluxo de água nos rios, vai causar um grande impacto social nas propriedades, gerando um ganho de produtividade e aumento da consciência do produtor rural em relação à água”, pontuou o secretário.
A implantação do projeto terá início em fazendas do Incaper e propriedades rurais localizadas em microbacias que serão determinadas durante a execução do projeto, priorizando áreas que tenham apresentado problemas de abastecimento durante a estiagem ocorrida nos anos de 2015 e 2016, de acordo com as resoluções publicadas pela Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh).
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA
A cada barraginha construída, a saudação da comunidade (foto: Edmar Welington)
“A tecnologia é simples, de fácil aplicação e se adapta a diferentes realidades. Não importa se a propriedade é maior ou menor: todas podem lançar mão das barraginhas para manter a água na propriedade e evitar que ela escoe, que se perca. O papel do Incaper é de atuar como um facilitador na transferência dessa tecnologia, permitindo que o produtor rural de base familiar do Espírito Santo tenha acesso às barraginhas”, disse a extensionista do Incaper que coordena os trabalhos, Cíntia Bremenkamp.
As diversas etapas de transferência de tecnologia do projeto incluem ações de capacitação e multiplicação da tecnologia. Inicialmente, o público-alvo são servidores estaduais, agricultores familiares, alunos de Escola Família Agrícola (EFA), técnicos das prefeituras e membros dos comitês/agências na área contemplada pelo projeto. Após a conclusão do projeto, a tecnologia será de conhecimento na região, podendo já mostrar seus resultados para a população local como para outras pessoas que queiram replicá-la.
Segundo o diretor-presidente da Fapes, José Antonio Bof Buffon, a fundação é responsável por modelar essa parceria dentro do Governo do Estado. "Onde há geração de conhecimento a Fapes está atuando. O projeto Barraginhas envolve muitas parcerias para fazer o conhecimento gerado na Embrapa chegar ao produtor".
O QUE É O PROJETO BARRAGINHAS
A seca é uma realidade em várias partes do país. Mas a má gestão dos recursos hídricos é uma realidade ainda maior. E a degradação dos solos pelo desmatamento, pela mineração e pela monocultura e pelo pisoteamento das pastagens pelos animais vai tornando o solo mais compactado e impermeabilizado. Todos esses fatores somados acabam por diminuir a infiltração da água da chuva no solo e acelerar o escorrimento superficial – as chamadas enxurradas – provocando erosões, assoreamentos e enchentes.
Sem água para plantar um roçado ou uma horta e até sem água para beber, a sobrevivência de famílias que vivem da agricultura familiar torna-se difícil. E os problemas sociais chegam em cascata, culminando com o êxodo rural. Foi aí que apareceu uma luz no fim do túnel: O PROJETO DAS BARRAGINHAS.
Hoje são milhares, localizadas justamente nas regiões de seca e mais pobres. A tecnologia nasceu na Embrapa – sempre a Embrapa – de Sete Lagoas. O autor principal desta proeza é o engenheiro agrônomo Luciano Cordoval de Barros que plantou esta ideia, primeiro no Cerrado mineiro e Vale do Jequitinhonha e, depois, no Nordeste, para o Brasil colher, após 25 anos, quase um milhão de barraginhas. Em cada uma delas, uma esperança e uma história de sucesso.
As barraginhas são pequenas bacias que captam enxurradas e permitem que a chuva infiltre no terreno, reabastecendo o lençol freático. É o milagre da sobrevivência e da diminuição do êxodo rural. (foto: Igor Messias)
APORTE AOS MUNICÍPIOS
Além das ações do projeto de transferência de tecnologia, será viabilizado, via Fundágua, R$ 1 milhão para aporte a esses municípios. Cada prefeitura irá receber R$ 100 mil, para utilizar com o combustível durante o período de implantação das barraginhas e, em contrapartida, irá viabilizar uma retroescavadeira para a realização das intervenções. O objetivo é implantar 13.200 barraginhas em três anos, ou seja, 440 barraginhas por ano em cada município.
Os municípios priorizados no projeto serão alguns dos mais atingidos pela crise hídrica dos últimos anos: Ecoporanga, Água Doce do Norte, Barra de São Francisco, Nova Venécia, Rio Bananal, Sooretama, São Roque do Canaã, Itarana, Atílio Vivácqua e Santa Leopoldina.