Manguezais
SOS Manguezais
7 de novembro de 2018Paranaguá-PR: Volume do lixo coletado dos manguezais cresce 560%.
Mais de 3,7 toneladas de lixo foram retiradas dos manguezais existentes na região de Paranaguá, somente neste ano. Com isso, o volume de resíduos coletados entre janeiro e setembro de 2018 já é 560% maior do que o total coletado em 2017. O aumento é resultado da intensificação dos mutirões de limpeza realizados, de forma conjunta, pela Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e empresas que integram a Comunidade Portuária.
Brasil é o segundo país em extensão de mangues, com aproximadamente 14.000 Km2 ao longo da sua costa.
Desde 2016, quando a Appa deu início ao programa de Monitoramento de Manguezais e passou a realizar mutirões bimestrais para limpeza das áreas, foram 4,9 mil quilos de lixo retirados do meio ambiente. “As ações são feitas em parceria entre a autoridade portuária, setor privado e comunidade local. Reunimos cerca de 480 pessoas em 34 atividades, recebendo o apoio de voluntários, principalmente neste ano”, conta o diretor-presidente da Administração, Lourenço Fregonese.
Regularmente são feitas limpezas nos mangues do Rocio e Oceania, além da Ponta da Pita, em Antonina. Em 2018, porém, mutirões especiais foram feitos em comunidades ilhadas e as margens do Rio Itiberê.
PROTEÇÃO AOS MANGUEZAIS
Apesar de significativa, a quantidade de lixo coletada indica que ainda é preciso conscientizar mais pessoas para a proteção dos mangues. “Os manguezais são importantes por serem ricos em matéria orgânica, servindo como fonte de alimentação e abrigo para diversas espécies marinhas, especialmente no período de reprodução. Manter estas áreas limpas contribui para a proteção de todo o ecossistema da região”, explica o diretor de Meio Ambiente da Appa, Bruno Guimarães.
Além da limpeza, a administração dos portos paranaenses avalia o desenvolvimento das árvores e os processos de erosão na áreas de mangue. Ao todo, são monitoradas 564 árvores das espécies mangue-vermelho (Rhizophora mangle), mangue-negro (Avicennia shaueriana) e mangue-branco (Laguncularia racemosa). Os técnicos acompanham dados como crescimento e diâmetro, avaliam impactos naturais – como a ação das correntes marítimas, e possíveis impactos decorrentes da ação humana.
A Appa acompanha o estado de conservação dos bosques de mangue em cinco áreas representativas entorno do Complexo Estuarino de Paranaguá: Rocio, Oceania, Amparo, Ilha do Mel e manguezais no entorno do Porto de Antonina. As análises são trimestrais e usam equipamentos e registros fotográficos para acompanhar o crescimento ou a estabilidade da vegetação.
Outra ação analisa a erosão (saída de sedimentos) ou sedimentação (chegada) nos manguezais. Os processos acontecem naturalmente no ambiente, mas podem ser intensificados pela interação humana. Por isso, a Appa realiza visitas a cada quatro meses, no mínimo, em mangues e praias de Amparo, Encantadas, Maciel, Oceania, Piaçaguera, Rocio, e no entorno do Porto de Antonina.
“Os dados obtidos nos permitem realizar ações de manejo e preservação, além de subsidiar programas de comunicação social e educação ambiental junto com a população”, revela Guimarães.
BOX 1
SOBRE OS MANGUEZAIS
O termo mangue é empregado para designar um grupo floristicamente diverso de árvores tropicais que, embora pertençam a famílias botânicas sem qualquer relação taxonômica entre si, compartilham características fisiológicas similares. As adaptações especiais de que são dotadas permitem que tais espécies cresçam em ambientes abrigados, banhados por águas salobras ou salgadas, com reduzida disponibilidade de oxigênio e substrato inconsolidado. O termo manguezal ou mangal é usado para descrever comunidades florestais ou o ecossistema manguezal, espaço onde interagem populações de plantas, de animais e de micro-organismos ocupando a área do manguezal e seu ambiente físico (abiótico).
Cerca de 80% dos manguezais em território brasileiro estão distribuídos em três estados do bioma amazônico: Maranhão (36%), Pará (28%) e Amapá (16%). Essa área de manguezais situada no norte do Brasil constitui a maior porção contínua do ecossistema sob proteção legal em todo o mundo. São 120 unidades de conservação que têm manguezais em seu interior, abrangendo uma área de 12.114 km2, o que representa 87% do ecossistema em todo o Brasil. Desse total, 55 são federais, 46 são estaduais e 19 são municipais, distribuídas em 1.998 km2 de proteção integral (17%) e 10.115 km2 de uso sustentável (83%). Essa situação, em tese, confere maior efetividade à conservação desse ecossistema, reforçando seu status legal de área de preservação permanente.