IV CONBRAU

Congresso sobre áreas úmidas

3 de dezembro de 2018

IV CONBRAU em Brasília: Serviços Ecossistêmicos e Políticas Públicas, com ênfase em vários biomas brasileiros.

 

 

Brasília sediou no início de dezembro o IV Congresso Brasileiro de Áreas Úmidas (IV CONBRAU). O presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paulo Carneiro, participou da abertura do Congresso, cuja temática foi Serviços Ecossistêmicos e Políticas Públicas, com ênfase em vários biomas. Foram várias as mesas de discussões sobre a água, a biodiversidade em áreas úmidas, mudanças climáticas e terra. O Brasil tem 27 sítios Ramsar (são zonas úmidas que se beneficiam de prioridade no acesso à cooperação técnica internacional e apoio financeiro para promover projetos que visem a sua proteção e a utilização sustentável dos seus recursos naturais), que são protegidos por unidades de conservação.

 

Os 27 Sítios Ramsar brasileiros totalizam 26.894.469,82 de hectares. Mais pelo tamanho dessas áreas do que pelo número, o Brasil é hoje o país com a maior representatividade de zonas úmidas com o selo Ramsar, possuindo o maior sítio já designado – o Sítio Ramsar Rio Negro, com 12 milhões de hectares. Possui também o sítio com as maiores, mais importantes e mais bem conservadas faixas de manguezais do mundo, o Estuário do Amazonas e seus Manguezais, com 3,8 milhões de hectares.

 
 
 
FORÇA DO CERRADO
 
O Cerrado é um bioma rico em água doce e um distribuidor de água para 96% das 12 bacias hidrográficas do país. Os rios São Francisco, Paraná e Paraguai possuem mais de 90% de suas nascentes na região do Cerrado, apresentando uma grande importância socioambiental. O Parque Nacional de Brasília protege ecossistemas típicos do Cerrado do Planalto Central e abriga as bacias dos córregos formadores da represa Santa Maria, que é responsável pelo fornecimento de 25% da água potável que abastece o Distrito Federal.
 
O evento é realizado a cada dois anos e essa edição foi promovida pelo ICMBio, a Universidade Católica de Brasília, a Embrapa – Cenargen e a Universidade de Brasília. O Congresso é destinado a alunos de graduação e de pós-graduação, técnicos, representantes de comunidades, professores e pesquisadores, além também aos gestores de órgãos públicos ambientais engajados na conservação dos ecossistemas úmidos e da biodiversidade. A programação do IV CONBRAU trouxe a participação e a contribuição de profissionais com significante inserção internacional, com impacto positivo nas discussões de temas atuais e relevantes para a diversas áreas do conhecimento das áreas úmidas. “Ao longo dos quatro dias de evento se estabeleceu uma integração entre os jovens cientistas com estes profissionais para que haja troca de experiências, tornando-se também um ambiente para capacitação de recursos humanos, criando novos laços profissionais e fortalecendo antigas parcerias”, disse a presidente do Congresso, Suelma Ribeiro Silva.
 
 
 
 
A Reserva Biológica de Águas Emendadas é uma área especial e de referência no Cerrado brasileiro.  Na foto de Evandro F. Lopes, a beleza da Lagoa Bonita, protegida e vigiada 24h por dia por policiais da CIA de Polícia Ambiental do DF.
 
 
 
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
 
Segundo Suelma Ribeiro Silva, a interação entre cientistas e gestores públicos estimula a adoção de novas linhas de pesquisa que “conversem” com as políticas públicas, buscando soluções que favoreçam a sustentabilidade ambiental, a justiça ambiental e o bem viver do povo brasileiro nas áreas rurais e urbanas do País.
 
Elas fornecem serviços ecológicos fundamentais – atendem necessidades de água e alimentação – para as espécies de fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, rurais e urbanas. Além de regular o regime hídrico de vastas regiões, funcionam como fonte de biodiversidade em todos os níveis. Também cumprem um papel vital no processo de adaptação e mitigação das mudanças climáticas, já que muitos desses ambientes são grandes reservatórios de carbono. O colapso dos serviços prestados por estas zonas pode resultar em desastres ambientais com elevados custos em termos econômicos e, mais importantes, humanos.
 
 
A CONVENÇÃO RAMSAR 
 
Em 02 de fevereiro de 1971, na cidade de Ramsar, no Irã, foi aprovado o texto da Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional, também chamada de Convenção de Ramsar. Assim, os países signatários tiveram a oportunidade de indicar áreas para ingressar a chamada Lista de Ramsar. Os sítios Ramsar, como são chamados os locais nesta lista, são pontos estratégicos de conservação da biodiversidade e possuem prioridade em cooperações técnicas e apoio para projetos que visem a sua proteção e o uso sustentável de seus territórios.
 
O conceito de zona úmida considera toda extensão de pântanos, charcos e turfas, ou superfícies cobertas de água, de regime natural ou artificial, permanentes ou temporárias, contendo água parada ou corrente, doce, salobra ou salgada. Abrange, inclusive, represas, lagos e açudes e áreas marinhas com profundidade de até seis metros, em situação de maré baixa. Elas fornecem serviços ecológicos fundamentais – atendem necessidades de água e alimentação – para as espécies de fauna e flora e para o bem-estar de populações humanas, rurais e urbanas.