CIVILIDADE NO CÉU DE BRASÍLIA
2 de janeiro de 2019O céu de Brasília é mágico. O solo de Brasília é magnânimo. O ar de Brasília é aprazível. Pois o céu, o solo e o ar de Brasília ficaram nesse primeiro de janeiro de 2019 mais mágico, mais magnânimo e mais aprazível ainda. A chuva e o sol, que se alternaram… Ver artigo
O céu de Brasília é mágico. O solo de Brasília é magnânimo. O ar de Brasília é aprazível. Pois o céu, o solo e o ar de Brasília ficaram nesse primeiro de janeiro de 2019 mais mágico, mais magnânimo e mais aprazível ainda. A chuva e o sol, que se alternaram num vai-e-vem de um dia brasiliense perfeito, plantaram emoção, afeto e entusiasmo no coração de 210 milhões de brasileiros. E o Brasil colheu civilidade e fé.
Vivemos muitas posses, mas poucas transmissões de cargo de presidente para presidente no parlatório do Palácio do Planalto.
Como foi bom ver um presidente da República tomar posse e citar no solene discurso do Congresso Nacional o nome de uma das cidades mais populosas e pobres de Brasília, a Ceilândia, onde nasceu Michele Bolsonaro.
Depois da civilizada transmissão da faixa presidencial do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, em 31 de janeiro de 1961, para o presidente eleito Jânio Quadros, o parlatório não tinha oferecido, ainda, uma imagem tão forte e inusitada. A começar pelo discurso da primeira-dama, Michele Bolsonaro, em linguagem de libras, para uma Praça dos Três Poderes lotada. E para uma estimativa de 100 milhões de expectadores de televisões e rádios.
Foi bom ver uma primeira-dama brasiliense acabar com o mi-mi-mi das feministas de esquerda e assumir o protagonismo com um discurso forte, verdadeiro e contundente que vai ficar na História, pois a exclusão social começa no isolamento das pessoas portadoras de deficiência. Ao colocar no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro a legendagem para libras e a áudio-descrição, em 2007, pude testemunhar a terrível exclusão em que vivem surdos, também geralmente mudos, e cegos. Mais os surdos do que os cegos.
Foi bom assistir durante uma posse presidencial a tecnologia se apresentando em tempo real, num rompimento às mensagens diplomáticas frias, longas e atrasadas. Tão logo terminou o discurso do presidente Jair Bolsonaro, no Congresso, o presidente dos Estados Unidos se manifestou pelo tweeter:
– “Parabéns ao presidente Jair Bolsonaro que acaba de fazer um ótimo discurso de posse – os EUA estão com você”.
E bem antes de chegar ao Palácio do Planalto para a transmissão de cargo e receber a faixa presidencial, Bolsonaro respondeu:
– “Caro senhor presidente Donald Trump, eu realmente aprecio suas palavras de encorajamento. Juntos, sob a proteção de Deus, iremos trazer prosperidade e progresso ao nosso povo!”
Foi bom ver um povo interrompendo um discurso no Parlatório Presidencial para pedir que Michele beijasse o marido-presidente, como se fosse a oficialização de um casamento. – Beija! Beija! Beija! E eles se beijaram duas vezes.
Foi bom aplaudir um discurso sem retóricas de um Presidente da República que foi direto ao ponto, sem demagogias e reafirmando tudo que prometeu na campanha.
Foi bom escutar dois amigos petistas, após a solenidade da posse, dizerem:
– Não torço para dar errado e nem para ter o prazer de dizer: – Bem que eu avisei. Torço para dar certo e dizer com humildade: – Eu me enganei.
Foi bom ver o presidente empossado Jair Bolsonaro mostrar a faixa-presidencial para o povo na Praça dos Três Poderes e fazer gesto mais significativo de uma Democracia:
– Esta faixa presidencial é de vocês!
Foi bom ver uma multidão ocupando a Esplanada dos Ministérios com bandeiras verde-amarelas, mas com dificuldades para voltar para casa devido ao esquema de segurança e ao afunilamento dos corredores de saída. Mas, ordenadamente, sem ninguém passar por cima.
Foi bom ver e guardar na retina uma cena emblemática: Michele Bolsonaro, o tempo todo, deu suporte ao marido ao apoiar o braço nas suas costas, durante todo o trajeto de carro aberto. Um gesto simbólico de como será esta dobradinha durante todo o governo.
Muitas frases e conceitos fortes e polêmicos foram ditos pelo novo presidente como um eco de seus discursos de campanha:
– “Temos o grande desafio de enfrentar os efeitos da crise econômica, do desemprego, da ideologização das nossas crianças e do desvirtuamento dos Direitos Humanos”.
– “Não podemos deixar que ideologias nefastas venham a dividir os brasileiros, ideologias que destroem nossos valores e nossas famílias, alicerces de nossa sociedade”.
– “Nossa bandeira jamais será vermelha. Ela só será vermelha se for preciso nosso sangue para mantê-la verde-amarela”.
O governador de São Paulo, João Doria, presente no Palácio do Planalto, foi o mandatário que mais incorporou a guinada à direita nos novos ventos que sopram pelo Brasil afora. Seu discurso no Palácio Bandeirantes foi duro a favor das mudanças, contra a velha política e de apoio a Jair Bolsonaro. Já ao lado do novo presidente, Dória foi categórico: a bancada paulista da Câmara vai apoiar a reforma da Previdência e vai defender a privatização do Porto de Santos e da Ceagesp.
Começa hoje a Era bolsonariana. Foi bom ver a total quebra de paradigmas e o tom de austeridade que se inicia. O presidente Jair Bolsonaro assinou os atos de nomeação de todos os seus ministros com uma caneta BIC, usando um relógio de plástico Casio e tendo uma fitinha azul amarrada no braço com os dizeres: “Protegido pelo Senhor”.
Michele Bolsonaro mostrou ser o lado suave do Capitão. Foi a boa surpresa da posse presidencial. Muito elegante, a ceilandense ainda prometeu leiloar os dois vestidos usados para obras assistenciais.
Sob os céus de Brasília, o sorriso brasiliense foi um pingo de sol num dia de pouca chuva.