ONU

Subsídios de combustíveis fósseis estão destruindo o mundo, diz secretário-geral da ONU

29 de maio de 2019

Em encontro com políticos e empresários na Áustria, António Guterres falou sobre os riscos para o meio ambiente das políticas de estímulo ao uso de combustíveis fósseis.

 

 

Gasolina é um dos combustíveis fósseis cujo valor é subsidiado pelo governo em diversos países — Foto: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo

Gasolina é um dos combustíveis fósseis cujo valor é subsidiado pelo governo em diversos países — Foto: Marcelo D. Sants/Framephoto/Estadão Conteúdo
 
 
 
 
 
Subsídios que fomentam o uso de combustíveis fósseis estão ajudando a "destruir o mundo" e são uma maneira ruim de aplicar o dinheiro dos contribuintes, disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, nesta terça-feira (28).
 
O português Guterres disse em um encontro de políticos e empresários na Áustria que a poluição deveria ser taxada e que os subsídios para petróleo, gás e carvão deveriam acabar.
 
"Muitas pessoas ainda pensam que dar subsídios a combustíveis fósseis é uma maneira de melhorar as condições de vida das pessoas", disse ele em uma conferência sobre a mudança climática em Viena.
 
"Não há nada mais errado do que isso. O que estamos fazendo é usar o dinheiro dos contribuintes, o que significa nosso dinheiro, para fortalecer furacões, para espalhar inundações, para derreter geleiras, para descolorir corais. Em uma palavra: para destruir o mundo", disse António Guterres, secretário-geral da ONU.
 
Segundo a Agência Internacional de Energia, os subsídios globais para o consumo de combustíveis fósseis foram de mais de 300 bilhões de dólares em 2017 — em 2016 haviam sido de 270 bilhões.
 
Guterres disse acreditar que os contribuintes prefeririam ver seu dinheiro lhes ser devolvido do que usado para arruinar o planeta.
 
Um relatório contundente produzido por centenas de cientistas neste mês alertou que até 1 milhão de espécies estão em risco de extinção devido à busca humana incansável por crescimento econômico.
 
O documento identificou a agricultura e a pesca industriais como grandes catalisadores da crise e disse que a mudança climática causada pela queima de combustíveis fósseis está exacerbando as perdas.
 
O chefe da ONU pediu nesta terça-feira "uma mudança rápida e profunda na maneira como fazemos negócio, como geramos energia, como construímos cidades e como alimentamos o mundo" para que o aquecimento global possa ser contido e as pessoas e o planeta sejam protegidos dos danos.
 
Mesmo se os governos cumprirem as metas que assumiram no Acordo de Paris de 2015 para combater a mudança climática, as temperaturas subirão mais de 3 graus Celsius em relação aos tempos pré-industriais, "o que significa uma situação catastrófica", disse Guterres.
 
O Acordo de Paris, ratificado por cerca de 185 países, estabelece uma meta para manter o aumento das temperaturas globais "bem abaixo" de 2ºC e lutar para mantê-lo em 1,5ºC para evitar os piores efeitos dos eventos climáticos extremos e da elevação dos mares.
 
Guterres convocou uma cúpula em Nova York em 23 de setembro para incitar governos, empresas e outros a aumentarem seus esforços de contenção da mudança climática.