MISTÉRIOS DOS RIOS

Candiru, o peixinho vampiro

27 de novembro de 2019

Como um parasita, o candiru se alimenta de sangue e leva pânico aos banhistas.

 

 

Segundo os estudiosos, o candiru tem vários apelidos dados pelos ribeirinhos e pelos índios. Como é um peixe parasita e se alimenta de sangue, nasceu o apelido mais popular: peixe-vampiro. Existem outras espécies que se alimentam de tecidos, escamas e crustáceos.
 
 
(Fotos: Christian Frisch)
 
 
 
Johan Dalgas Frisch subiu o rio Juruena para fazer suas pesquisas sobre aves e aproveitou para estudar um pouco mais os mistérios dos candirus.
 
 
Johan Dalgas Frisch, ornitólogo e presidente da APVS – Associação de Preservação da Vida Selvagem, que recentemente viajou com seu filho Christian pelo rio Juruena, fez questão de pesquisar e fotografar o tal do candiru. "O peixinho tem a forma de uma enguia", diz Dalgas. "É transparente e chega a ser invisível dentro d'água. Tanto os nativos como os banhistas têm grande temor ao candiru, porque – atraído pela urina e pelo sangue  – ele nada e penetra qualquer orifício corporal (vagina, pênis ou ânus)."
 
 
 
 
 
O candiru (Vandellia cirrhosa) é um peixe nativo das águas da Amazônia. Apresenta um formato alongado semelhante ao das enguias, e normalmente conta com 7 ou 8 centímetros de comprimento, podendo atingir 40 cm.
 
 
 
 
CANDIRU, O VAMPIRO
 
O que os pesquisadores sabem é que ao se instalar, ele vai se alimentando de sangue da mesma forma como faz com a guelra de outro peixe. Segundo os médicos, o candiru só pode ser retirado por meio de cirurgia, justamente por causa de suas asinhas ou espinhos que se abrem dentro do tecido.
 
Nas muitas conversas que tive com o indigenista Orlando Vilas Boas, ele sempre lembrava de um fato que aconteceu durante a Expedição Roncador-Xingu, em 1948, às margens do rio das Mortes. "De repente, ouvimos alguém urrando de dor na margem do rio.  Era um trabalhador daquela base que veio da Bahia e não conhecia os mistérios da Amazônia. Um candiru entrou no seu pênis. Foi um desespero. Ele não sabia o que os nativos estavam carecas de saber: não se pode nadar sem proteção".
 
 
 
O candiru é um parasita que gosta de se alimentar de sangue e buscar viver nas guelras dos peixes maiores.
 
 
 
 
 
 
Se o candiru morre no corpo humano, ele começa a apodrecer, podendo a vítima à morte, pois pode causar uma grave infecção. O candiru só pode ser removido através de um delicado processo cirúrgico realizado.
 
 
 
 
REGRAS BÁSICAS ENSINADAS PELOS NATIVOS E PELOS MÉDICOS DA REGIÃO
 
1 – Não se pode nadar nu. Os índios, por exemplo, colocam um tampão na ponta do pênis.
2 – Sempre é bom buscar informações com as pessoas da região.
3 – Não entrar na água com cortes na pele que estejam sangrando.
4 – Nunca urine na água. A ureia é um foco de atração para os candirus.
5 – Se for atacado por um candiru, não tente arrancá-lo. Ao entrar eles abrem umas asinhas, na verdade dois dentes ou espinhos, que rasgam a uretra.
6 – Procure um médico o mais rápido possível para fazer uma minicirurgia.
 
 
 
PORAQUÊ – O PEIXE ELÉTRICO
Outro mistério dos rios amazônicos
 
 
O poraquê – o peixe elétrico – é conhecido pela sua capacidade de produzir descargas elétricas elevadas (até cerca de 1.500V, até de 3 ampères) suficientes para matar uma pessoa.
 
 
 
 
 
Outro mistério dos rios amazônicos é o poraquê ou peixe elétrico. O poraquê é mais um peixe endêmico na Amazônia. É conhecido pela sua capacidade de produzir descargas elétricas elevadas (até cerca de 1.500V, até de 3 ampères) suficientes para matar uma pessoa.
 
Essas descargas são produzidas por células musculares especiais, modificadas – os eletrócitos, sendo o conjunto deles denominado de mioeletroplacas. Cada célula nervosa típica gera um potencial elétrico de cerca de 0,14 volt. Essas células estão concentradas na cauda, que ocupa quatro quintos do comprimento total do peixe.
 
Um exemplar adulto possui de 2.000 a mais de 10.000 mioeletroplacas, conforme o seu tamanho. Dispõem-se em série, como pilhas de uma lanterna e ativam-se simultaneamente quando o animal encontra-se em excitação, como na hora da captura de uma presa ou para defender-se, fazendo com que seus três órgãos elétricos – o de Hunter e o órgão principal – descarreguem.
 
Seu polo negativo está localizado na parte da frente e o polo positivo na parte de trás do corpo do animal. O choque é mais forte quando ambos os polos tocam a vítima ao mesmo tempo.
 
Embora pareça uma enguia, o poraquê é um peixe aparentado com a carpa e o bagre. Ao contrário destes, porém, ele captura suas presas utilizando descargas elétricas.
 
A maior parte desta energia expressiva é canalizada para o ambiente, não afetando o indivíduo, o qual possui adaptações especiais em seu corpo, ficando, assim, como que isolado de sua própria descarga.