Cassinos

Cassinos e o Meio Ambiente

3 de fevereiro de 2020

Aquece o debate para abertura dos cassinos no Brasil. Existe apenas uma fórmula para que a iniciativa seja um projeto com sustentabilidade econômica, social e ecológica

 

 

 

Cassinos, eu aposto nessa ideia. Jogo de azar, estou fora. Talvez eu seja dos poucos brasileiros que nunca jogou na loteria esportiva. Nem na Mega-Sena. Mas aprovo e recomendo que o Brasil seja aberto aos cassinos. Com uma condição. Qual é? Vamos lá. Primeiro, é bom voltar no tempo. Em 30 de abril de 1946, às 23 horas, José Caribé da Rocha, diretor do Cassino Copacabana Palace, dirigiu-se com passos firmes até a mesa de roleta, cercada de apostadores, amigos e funcionários. Pediu silêncio. Com a voz embargada e em tom solene, proclamou:
– Senhoras e Senhores, façam suas apostas para a última rodada de roleta no Brasil!
Caribé gira o cilindro, solta a bolinha de marfim e, tomado pela emoção, canta:
– PRETO, 31!
 
E o futuro ficou sombrio para mais de 60 mil funcionários diretos e muitos artistas dos 71 grandes cassinos brasileiros que funcionavam dentro da legalidade. 
 
Após a proibição, a totalidade dos turistas estrangeiros que costumava vir ao Brasil para aproveitar os cassinos, espetáculos, shows de entretenimento e também as praias, rumou para países vizinhos como Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile ou, até mesmo, para Las Vegas. E os brasileiros, também amantes dos jogos, começaram a seguir o mesmo roteiro.
 
É bom lembrar. Os cassinos chegaram ao Brasil durante o Império. Tinha a aprovação de D. Pedro II. Passaram para a clandestinidade em 1917, depois de consolidada a República. Liberados em 1934 por Getúlio Vargas, eram fábricas de sucesso. 
 
Sou a favor de Cassinos, mirando bem o exemplo de Las Vegas. Por que o Brasil não pode criar a sua Las Vegas, hoje um polo de desenvolvimento, de turismo, de tecnologia, de cultura e lazer em pleno deserto de Nevada? E não foi o governo que fez. O governo apenas liberou para a iniciativa privada fazer.
 
A cidade fica no deserto de Mojave. Lá chove menos que na região mais árida do nordeste brasileiro. Tem apenas o Lago Mead, que abastece a cidade. E na cidade, a impressão que se tem é que reina o desperdício de luz, de água, de tudo. 
 
Daí, sou a favor de se liberar imediatamente a construção de cassinos no Brasil, com a seguinte condição: definir uma área dentro do polígono das secas, no coração do sertão, onde o IDH for mais baixo. Uma área (estudos técnicos e políticos irão estabelecer) de mais ou menos 25 mil km². Pouco maior que Sergipe.
As justificativas são muitas e as consequências imediatas. 
 
1 – Primeiro, o mercado do jogo vai buscar as soluções tecnológicas para cumprir todas as metas. A tecnologia resolve a questão da água, condições do clima, construção de hotéis, casa de shows, aeroportos e estradas. Nasceria uma infraestrutura de crescimento, aos moldes de Las Vegas onde o ambiente é muito mais hostil e adverso.
 
2 – No lugar de receber bolsa-família, a população receberia emprego e oportunidades de melhor qualidade de vida pela construção de escolas, universidades, hospitais, bancos, empresas de turismo, comércio, igrejas, shoppings, estações de tevês e rádios, centro de convenções e restaurantes. 
 
3 – Uma região extremamente improdutiva e com sérios problemas sociais renasceria no oásis de uma economia de mercado voltada para o ecoturismo, preservação e entretenimento. 
 
4 – Ação revertida, mas também importante, nasceria na outra ponta: além de estancar o êxodo para as capitais dos estados, haveria oportunidade de retorno para o sertão. O movimento provocaria o esvaziamento das grandes metrópoles do nordeste e sudeste para as oportunidades advindas da construção de cidades-cassinos na região. Muitos desses migrantes terão oportunidade do retorno para o sertão com emprego e dignidade.
 
5 – Nascerá um movimento para agregar valores. Hoje não existe mais a figura do jogador que aposta 100 mil dólares em uma noite. Las Vegas ensina que 90% do movimento dos cassinos vêm dos caça-níqueis, da apresentação de grandes espetáculos, shows, lançamentos de produtos, turismo de ocasião, feiras, conferências e negócios variados de cultura e lazer.
 
 
 
O Parque Nacional de Sete Cidades, situado no nordeste do estado do Piauí, nos municípios de Piracuruca e Brasileira, possui uma área de 6.221,48 hectares com um perímetro de 36 Km. O Parque é uma das unidades de conservação do ICMBio, que foi criado com o objetivo de preservar ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, turismo e preservação.
 
 
 
 
6 – Perfeita extensão turística. Além da atração dos cassinos, as praias nordestinas, as cidades históricas e os parques nacionais e estaduais também iriam lucrar com a força do turismo. O Semiárido nordestino é rico em diversidade biológica e cultural. Verdadeiras joias da natureza estão prontas para receber visitantes, promovendo um manejo de sustentabilidade com oferta de empregos e busca de recursos para preservação e pesquisas. Como exemplo, estão na região o Parque Nacional da Serra das Capivaras, em São Raimundo Nonato, no Piauí; o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, em Barreirinhas; o Parque Nacional de Sete Cidades – situado na parte nordeste do Piauí, abrangendo os municípios de Piracuruca e Piripiri; o Parque Nacional de Ubajara, que é o menor dos parques nacionais, cuja maior atração são as grutas, na Serra de Ibiapaba, noroeste do Ceará.
 
 
 
 
Na Serra da Capivara, visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara, Patrimônio Mundial da Unesco, é uma verdadeira viagem às origens da civilização na América. Dono de uma paisagem única, com cânions, baixões e serras, e de uma enorme concentração de arte rupestre pré-histórica (com pinturas que têm entre 6 mil e 12 mil anos), ele é um dos mais bem-estruturados parques do país. A base para visitar o Parque Nacional é a cidade de São Raimundo Nonato. 
 
 
 
 
 
 
Hoje a discussão sobre a abertura dos cassinos voltou ao Congresso. Dezenas de projetos tramitam pelo Parlamento. Todos são controversos por motivos religiosos, ideológicos, políticos e sociais. A explicação é simples: nunca houve um projeto que pensasse grande e fizesse dos Cassinos um vetor eficaz de desenvolvimento para a região mais pobre do Brasil.