Brasil
Ministro do Meio Ambiente exonera o diretor de Proteção Ambiental do Ibama
16 de abril de 2020A demissão aconteceu dias depois de uma megaoperação para tirar garimpeiros de terras indígenas.
Ministro do Meio Ambiente exonera diretor de Proteção Ambiental do Ibama
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, exonerou o diretor de Proteção Ambiental do Ibama. A demissão ocorre em meio a uma megaoperação em terras indígenas para barrar o garimpo e a chegada do novo coronavírus.
A operação ocorre desde o dia 4. Os fiscais do Ibama já apreenderam dezenas de armas e destruíram mais de 70 tratores e outros equipamentos. Assim, paralisaram todas as operações de garimpo e exploração ilegal de madeira em três terras indígenas no Pará e tentam proteger cerca de 1.700 indígenas do novo coronavírus.
No último domingo (12), o Fantástico exibiu uma reportagem sobre a operação. A notícia irritou ainda mais setores do governo, que acharam que o diretor de Proteção Ambiental, Olivaldi Azevedo, não teve força suficiente para frear a atuação dos fiscais contra garimpeiros e madeireiros. E, por isso, foi demitido.
Já o Ministério do Meio Ambiente afirmou que a demissão tem o objetivo de reorganizar a área. O governo diz que pretende fazer operações de forma mais integrada com as Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias militares dos estados. Mas servidores da pasta temem que este seja o começo de mais uma tentativa de enfraquecer a fiscalização.
Em fevereiro, uma outra operação do Ibama na terra indígena Ituna Itata, também no Pará, já tinha desagradado parte do governo por causa da destruição de equipamentos de garimpeiros. O garimpo em terra indígena conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro.
Desde o início da pandemia, em março, os alertas de desmatamento subiram quase 30% na Amazônia em comparação com o mesmo período de 2019. O coordenador do MapBiomas, Tasso Azevedo, afirma que o Ibama está enfraquecido.
“Toda vez que o órgão se organiza, ele está prestes a conseguir cumprir, a duras penas, o seu papel. Vale lembrar que o Ibama está sob cortes severos de orçamento, sob muita pressão no seu trabalho. Quando ele consegue cumprir a sua missão, mesmo nessas situações dramáticas, como a gente está vivendo hoje-, você fazer uma mudança no órgão é claramente um processo de desestruturação. Não faz sentido fazer isso no meio do momento em que se está fazendo as operações”, destaca.