CAATINGA

Dia da Caatinga

30 de abril de 2020

Em 28 de abril se comemora o DIA DA CAATINGA. Sim, a Caatinga também tem seu dia e é um tempo de reflexão sobre um dos mais importantes biomas brasileiros.

 

 

A Caatinga é o único bioma 100% brasileiro. É também um dos biomas mais povoados (são mais de 20 milhões de brasileiros vivendo nos 850 mil km²) e representa cerca de 11% do território nacional, abrangendo todos os estados do Nordeste e o norte de Minas Gerais. Nos últimos anos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio ampliou o número de unidades de conservação federais neste bioma que hoje comemora até a repatriação de 52 exemplares de ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), que retornaram ao seu lar, na Caatinga baiana. Essa ave estava extinta na natureza e é endêmica da região.

 

Um dos biomas brasileiros menos estudados, a Caatinga se estende por dez estados e compreende 10% do território nacional, com 844 mil quilômetros quadrados. É o único bioma encontrado exclusivamente no Brasil e é lembrado geralmente pelo visual na época de seca, quando as árvores perdem as folhas e a mata se torna cinzenta e quebradiça.
 
 
 
 
A diversidade, a riqueza de espécies e o número de endemismos da Caatinga foram, por muito tempo, considerados baixos. Entretanto, pesquisas recentes demonstram o contrário. São registradas para o bioma, até o momento, 3.200 espécies de plantas, 371 de peixes, 224 de répteis, 98 de anfíbios, 183 de mamíferos e 548 de aves. A Caatinga é o lar da ave com maior risco de extinção no Brasil, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii), e de outra espécie ameaçada, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). Outras aves endêmicas identificadas pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave), do ICMBio, na Paraíba, são o soldadinho-do-araripe, beija-flor-de-gravata-vermelha, bico-virado-da-caatinga, tem-farinha-aí, zabelê. Na lista de animais endêmicos, há também o sapo-cururu, asa-branca, cotia, gambá, preá, veado-catingueiro, onça, tatu-peba e o sagui-do-nordeste, entre outros.
 
 
PARQUES E RESERVA
 
ECOLÓGICA E SUAS CARACTERÍSTICAS
 
A Caatinga faz limite com outros três biomas do país, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. De todos os estados em que ocorre a Caatinga, o Ceará é o que possui maior parte do seu território formado por esse bioma. Segundo o Atlas da Caatinga, da Fundação Joaquim Nabuco, são essas abaixo a unidades de conservação no bioma.
 
 
 
A região da Chapada do Araripe guarda um verdadeiro tesouro geológico: fósseis de animais e vegetais incrustados nas rochas, que ajudam a entender como era a vida na terra há milhões de anos.
 
 
 
 
 
GEOPARQUE DO ARARIPE
 
Com uma área de 3.796 km², criado em 2006, o Parque Geológico do Araripe, localizado no Ceará, é o primeiro parque geológico das Américas reconhecido pela UNESCO. Estende-se pelos municípios de Barbalha, Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.
 
 
PARQUE NACIONAL DO CATIMBAU (PE)
 
62.294 hectares; Caatinga arbórea, arbustiva, campos rupestres; Chapadas de arenito; degradação
 
 
ESTAÇÃO ECOLÓGICA RASO DA CATARINA (BA)
 
9.977.200 hectares; paisagem homogênea e solos rasos. Criação ilegal de gado pequeno (fundo de pasto); caatinga arbustiva e herbácea.
 
 
MONUMENTO NATURAL DO SÃO FRANCISCO (AL, BA, SE)
 
26.736 hectares; Represa de Xingó; Canions do São Francisco; Caatinga arbórea, arbustiva e rupestre.
 
 
 
 
 
 
PARQUE NACIONAL DAS CAVERNAS DO PERUAÇU (MG)
 
373.900 km2; 180 cavernas; zona de transição entre Cerrado e Caatinga; há áreas contínuas bem preservadas. (Foto: Maurício Oliveira)
 
 
PARQUE NACIONAL DA SERRA DAS CONFUSÕES (PI)
 
823.843 hectares; Caatinga arbórea, arbustiva, floresta estacional; trechos de transição Caatinga-Cerrado; corredor ecológico ligando à Serra da Capivara
 
 
 
 
Parque Nacional Serra das Confusões (PI): feições da vegetação Caatinga, com fitofisionomias arbustivas (Foto: André Pessoa)
 
 
 
 
 
PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA (PI)
 
135.000 hectares; Caatinga, Cerrado, Floresta Estacional; 1.223 sítios arqueológicos e cavernas; 173 sítios abertos à visitação.
 
 
PARQUE NACIONAL CHAPADA DIAMANTINA (BA)
 
152.000 hectares; Caatinga, com áreas de Cerrado e de Mata Atlântica; cavernas, fontes, cachoeiras; relativamente conservada; tradicional zona de mineração de ouro e diamante.
 
 
PARQUE NACIONAL SERRA DE ITABAIANA (SE)
 
Agreste; resquícios de Mata Atlântica; Caatinga; restos de cerimônias religiosas de afrodescendentes são fonte de poluição.
 
 
PARQUE NACIONAL SETE CIDADES (PI)
 
3.600 hectares; transição Cerrado-Caatinga; formas de pedra causadas pela intempérie.
 
 
PARQUE NACIONAL DE UBAJARA (CE)
 
6.288 hectares; Gruta de Ubajara, a segunda maior do Brasil; 14 grutas ou cavernas; ambiente de Mata Atlântica e Caatinga; bom estado de conservação.
 
 
 
 
Cachoeira do Cafundó, no Parque Nacional de Ubajara (Foto: Maristela Crispim)
 
 
 
 
ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE AIUABA (CE)
 
11.525 hectares; Caatinga arbórea; bom estado de conservação; cercada
Estação Ecológica do Seridó (RN) 1.123 hectares; Floresta Seca Arbustiva, Arbórea.
 
 
RESERVA BIOLÓGICA SERRA NEGRA (PE)
 
1.044 hectares; Característica fisiográfica de vegetação de Floresta Atlântica; Brejo de Altitude; local de práticas religiosas de tribos indígenas; bom estado de conservação
 
 
 
 
Espécies da flora do bioma Mata Atlântica presentes na Reserva Biológica Serra Negra (Foto: Cid Barbosa)
 
 
 
 
PARQUE NACIONAL DA FURNA FEIA (RN)
 
8.517 hectares; 514 cavernas; Caatinga
 
 
OUTROS PARQUES E RESERVAS
 
Para ampliar a conservação da biodiversidade da Caatinga, o ICMBio criou ainda três unidades de conservação federais: a ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) BOQUEIRÃO DA ONÇA, O PARQUE NACIONAL BOQUEIRÃO DA ONÇA e O REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DA ARARINHA-AZUL, todas na Bahia. 
 
A criação da APA e do Parque Boqueirão da Onça, que juntas têm quase 9.000 km², foi fundamental na proteção das onças-pintadas. No Brasil, a onça-pintada vive em diversos biomas, mas é na Mata Atlântica e na Caatinga que a espécie está mais ameaçada, sendo considerada criticamente em perigo de extinção.
 
 
POLÍTICA DE CONSERVAÇÃO DA CAATINGA
 
 
 
O economista Antônio Rocha Magalhães explica que é preciso recuperar as terras da Caatinga que já foram degradadas ou desertificadas
 
 
 
 
Para o economista Antônio Rocha Magalhães, ex-secretário de Planejamento do Ceará, é absolutamente necessário que se tenha uma política de conservação da Caatinga, se queremos que a capacidade produtiva nesse bioma seja mantida ou aumentada para uso-fruto dos nossos descendentes. E acrescenta Rocha Magalhães: “Uma política de conservação da Caatinga tem, pelo menos, três dimensões”:
 
1 – É preciso recuperar as terras que já foram degradadas ou desertificadas
 
2 – É necessário que o uso da terra, da água e da biodiversidade seja feito de forma sustentável, de modo a não reduzir a capacidade produtiva
 
3 – Uma parte do bioma precisa ser mantida em reservas florestais de vários tipos: de proteção total, de conservação ou de uso sustentável, com a finalidade de preservar caatingas originais, beneficiar as atividades científicas e educativas e proporcionar condições adequadas para a biodiversidade e a vida animal
 
 
 
 
Parque na Bahia recebeu recebeu 52 Ararinhas-azuis em março. 
 
 
 
 
 
Conhecido como Corrupião ou Sofrê, pássaro que era endêmico na Caatinga, já migrou para outros biomas. (Foto: Cristine Prates)
 
 
 
 
Para ampliar a conservação da biodiversidade da Caatinga, há dois anos o ICMBio criou três unidades de conservação federais: a ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) BOQUEIRÃO DA ONÇA, O PARQUE NACIONAL BOQUEIRÃO DA ONÇA e O REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DA ARARINHA-AZUL, todas na Bahia. A criação da APA e do Parque Boqueirão da Onça, que juntas têm quase 9.000 km², foi fundamental na proteção das onças-pintadas. No Brasil, a onça-pintada vive em diversos biomas, mas é na Mata Atlântica e na Caatinga que a espécie está mais ameaçada, sendo considerada criticamente em perigo de extinção.
 
Pássaro conhecido como pico-virado-da-caatinga. (foto: Cristine Prates)
 
 
Ainda sobre o Bioma
 
A área da Caatinga é de 844.453 Km² (IBGE, 2004) e a totalidade de seus limites encontra-se dentro do território brasileiro, ou seja, seu patrimônio biológico não é encontrado em nenhuma outra região do mundo. Faz limite com outros três biomas do país, a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. De todos os estados em que ocorre a Caatinga, o Ceará é o que possui maior parte do seu território formado por esse bioma.
 
A região se caracteriza por apresentar clima tropical semiárido, com chuvas inferiores a 750mm anuais na maior parte do domínio e temperatura média anual em torno de 26°C. “As Caatingas são espaços de resiliência, poucas regiões vivem stress hídricos tão permanentes, mas as formas de vida que ali residem se relacionam com a abundância e a escassez de uma forma equilibrada, harmônica e de fruição, vivendo cada dia cada estação como se fosse única”, argumenta o analista ambiental do CEMAVE, em Cabedelo, na Paraíba, Elivan Souza, que vive o dia a dia na caatinga.