Sustentabilidade Amazônica

Mamirauá onde a floresta tem vida

31 de maio de 2020

Manejo do PIRARUCU dá vida sustentável à Reserva de MAMIRAUÁ

 

 

 

Mamirauá foi criada há 21 anos. Hoje vive de parcerias. Tem parceria com empresas, com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Amazonas, como o Ministério da Ciência e Tecnologia e com o Ibama. É um Centro Estadual de Unidades de Conservação (Ceuc). Uma área preservada que abriga populações tradicionais que vivem em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais.
 
A cidade de Tefé fica às margens de um grande lago de mesmo nome e é polo da região do triângulo Jutaí-Solimões-Juruá, sendo o principal local de recebimento de pessoas e mercadorias que vão para os grandes centros ou para o interior do estado. Para chegar a Mamirauá, tem que subir o rio Juruá por cerca de 2h30 em uma “voadeira” ou lancha rápida. O rio Juruá serpenteia com suas águas escuras num corredor margeado por florestas que, em alguns trechos, chega a quilômetros de distância. A exceção são as pequenas comunidades à beira do rio. 
 
Em São Raimundo do Juruá pode-se acompanhar a pesca do pirarucu. Cerca de 40 casas, algumas flutuantes, enfileiram-se à esquerda e à direita da maior construção local: a escola. O local de limpeza e tratamento do grande peixe é um flutuante e está localizado estrategicamente na entrada do povoado. Esta e outras comunidades participam do processo. De maneira geral, os homens pescam e as mulheres limpam. As crianças observam e já sabem que o manejo significa a existência do pirarucu em seu próprio futuro.
 
 
O PIRARUCU
 
 
 
O pirarucu é um dos maiores peixes de águas doces fluviais e lacustres do Brasil. Pode atingir dois metros e meio e seu peso pode ir até 80 kg. Seu habitat é a bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas. Nome científico: Arapaima gigas.
 
 
 
 
Segundo o biólogo João Vitor Campos e Silva, que está na Amazônia desde 2008, quando terminou biologia no Paraná e viajou para o norte do país, o tema lhe é muito caro por isso fez doutorado para entender o impacto social, econômico e ecológico no manejo do peixe. 
 
Diz João Vitor: “O pirarucu é uma espécie fantástica, é o maior peixe de água do mundo que pode alimentar até três ou quatro famílias".
 
 
 
O biólogo João Vitor Campos e Silva, de Piedade (SP) teve seu trabalho reconhecido ao ganhar o Prêmio Rolex de Empreendedorismo.
 
 
 
 
No século passado, foi muito grande exploração do pirarucu. Na tentativa de reverter a situação, as comunidades em parceria com o Instituto Mamirauá passaram a proteger o território e até fazer a contagem dos peixes.
 
"Foram montadas casas de madeira na beira do rio e uma vez por ano é feita a contagem. O pirarucu evoluiu em uma região com pouco oxigênio e, então, ele precisa ir até a superfície para respirar. Neste momento é feita a contagem."
 
A estratégia, conforme o biólogo, apresentou resultados satisfatórios com a reprodução rápida da espécie.
"Há uma cota para abate e que não interfere na quantidade de peixe. É como se fosse uma poupança no banco que pode ser acessada todo ano", explica.
 
 
ECOSSISTEMA BENEFICIADO
 
Além de recuperar a população de pirarucu perdida, a iniciativa surtiu efeito na vida de outros animais que compartilham do mesmo espaço do peixe.
 
"Houve a contribuição para a conservação de outras espécies, como tartarugas, ariranhas e até jacarés. Todo o ecossistema é beneficiado", detalha o biólogo João Vitor Campos e Silva.
 
A manutenção do pirarucu também garantiu a base da renda de muitas comunidades ribeirinhas.
 
 
 
 
Pirarucu pode alimentar até quatro famílias, afirma biólogo João Vitor Campos e Silva — Foto: Arquivo pessoal