PERCORRENDO O VELHO CHICO

Litoral de Amar

30 de setembro de 2020

          Desci de Pernambuco a Piaçabuçu  Como quem desce de um altar. De porto em porto: Pedra, Calvo e de Galinhas, Bendisse a natureza a cada olhar. Desci rezando contrito as ladainhas De todas as barras, santos e orixás.   Em cada enseada encontrei valores Em cada comunidade vi cultura e… Ver artigo

 

 

 

 

 
Desci de Pernambuco a Piaçabuçu 
Como quem desce de um altar.
De porto em porto: Pedra, Calvo e de Galinhas,
Bendisse a natureza a cada olhar.
Desci rezando contrito as ladainhas
De todas as barras, santos e orixás.
 
Em cada enseada encontrei valores
Em cada comunidade vi cultura e dores.
Em cada praia partilhei milagres e cores.
São José da Croa Grande, rogai por nós 
Barra de Santo Antônio, rogai por nós 
Barra de São Miguel, rogai por nós… 
 
Ao adentrar feliz o grande rio
ajoelhei-me sereno em sua foz
e mergulhei em gratidão aos céus:
Meu São Francisco, rogai por nós!
 
– Tu, meu bom e Velho Chico, 
ao se jogar de uma cachoeira 
lá do alto da Serra da Canastra, 
perlonga 2.863 quilômetros 
deixando de pegada uma lição:
– Fazei-me instrumento de Vossa paz
Onde houver ódio, que eu leve o amor
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão.
 
E antes de abraçar finalmente o mar
Sempre disposto a oferecer teu sangue
durante todo o longo e duro caminhar 
o agradecimento brota em tuas margens: 
– Obrigado, São Francisco, por tua benção!
Obrigado por tantos dons e belezas
Pelo milagre da transposição
Pelo milagre de produzir riquezas 
Pelo milagre da energia de tuas barragens
Pelo milagre da multiplicação do peixe e pão.
Tu, Velho Chico, sabes compartilhar o bem
ao refletir as benesses do Céu na Terra.
Amém!