DIA DO CERRADO

ARY PÁRA-RAIOS

1 de setembro de 2020

Ary José Oliveira, ou Ary Pára-Raios (1931-2011) – Palhaço das causas humanitárias na defesa do Cerrado

 

 

“A sociedade precisa entender que a biodiversidade deve ser tratada como patrimônio ambiental. Quem se arrisca a perder ativos ambientais na quantidade e qualidade dos que dispomos no Brasil está abrindo mão de insumos para o desenvolvimento, está perdendo bens inestimáveis capazes de gerar trabalho, renda e melhor qualidade de vida”.
 
Celso Schenkel 
 
 
 
O 11 de setembro ficou marcado na história contemporânea pelos atos terroristas que atingiram os Estados Unidos e derrubaram o símbolo maior do capitalismo: as duas torres do World Trade Center. Mas o 11 de setembro é também uma data para celebrar a vida, pelo menos aqui no Brasil: é o Dia do Cerrado.
 
 
 
Ary Pára-Raios, um radical bem-humorado filósofo da cultura ambientalista que fazia de suas palhaçadas um recado curto e grosso para as autoridades.
 
 
 
Desde 2003, o 11 de setembro é dedicado a uma reflexão sobre a preservação do maior e mais agredido ecossistema brasileiro: o Cerrado. Toda essa deferência tem uma explicação. No dia 11 de setembro nasceu uma das figuras mais populares do Planalto Central: o artista plástico, diretor de teatro, jornalista e ambientalista Ary José de Oliveira, mais conhecido por Ary Pára-Raios (1931-2011)) – histórico e contundente defensor do Cerrado. E tudo começou com uma palhaçada… 
 
 
UMA PALHAÇA HISTÓRICA
 
Era 31 de agosto de 1995. Reunião solene do Conama, o famoso Conselho Nacional de Meio Ambiente. O auditório do Ibama estava lotado. O tema de discussão era sobre as alterações substanciais que o governo federal pretendia promover no decreto 750 que estabelece a proteção da Mata Atlântica. 
 
Conselheiros, ambientalistas e funcionários do próprio Ibama aguardavam ansiosos o desfecho da discussão.  Simultaneamente, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 3825/92, que também tratava da Mata Atlântica, era aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor, Meio Ambiente e Minorias. Pois bem, quando a notícia chegou ao plenário do Conama, em comunicado do então secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Fábio Feldmann, o Esquadrão da Vida, liderado por Ary Pára-Raios, entrou no auditório entoando a canção “Bichos Escrotos”, da banda Titãs. Foi apoteótico! Quem estava lá não esquece.
 
 
 
 
 
ARTE A SERVIÇO AMBIENTAL
 
Assim era Ary Pára-Raios: um irreverente palhaço, um artista, um jornalista, um tumultuador do bem. Um gênio! Ary Pára-Raios fazia da arte uma brincadeira de gente grande. Era coisa séria para dar o recado exato. Sempre à frente de seu Esquadrão, esse palhaço das causas humanitárias, colocou sua arte a serviço do movimento ambientalista. Nos últimos anos, no auge da polêmica em torno do Código Florestal, várias vezes ele surgia vendendo alegria e cobrando posições das autoridades.
 
 
ARY PÁRA-RAIOS: PRIMEIRO E ÚNICO – O Cerrado merece ser lembrado no mesmo dia de seu nascimento. E vice-versa. Ary Para-Raios era um profissional. Muita gente conheceu apenas o palhaço de rosto pintado e plantando bananeira pelas ruas de Brasília ou à frente de seu Esquadrão mandando algum recado para o poder. Mas Ary Pára-Raios era mais: jornalista profissional, trabalhou no Correio Braziliense e, em 1989, criou seu próprio jornal: o Vida Alternativa. 
 
Pioneiro do teatro de rua de Brasília, o grupo criado por Pará-Raios baseou seus trabalhos na mistura de experimentalismo artístico e compromisso social. Entre os espetáculos produzidos pelo grupo estão ‘O Bicho Homem e Outros Bichos’, ‘Na Rua com Romeu e Julieta’ e ‘Folia Real’. 
 
Ao longo de duas décadas, centenas de pessoas passaram pela companhia, que registrou dezenas de peças, muitas campanhas ambientalistas e culturais e também oficinas educacionais.
 
 
 
O Cerrado brasileiro tem área maior que a soma dos territórios da Alemanha, Espanha, Itália, França e Reino Unido. É também uma das principais regiões agrícolas do mundo, considerada o centro da produção de alimentos nas últimas décadas.
 
 
 
 
O BIOMA CERRADO
 
O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.
 
 
 
 
Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.