Meio Ambiente

Dom Pedro Casaldáliga

1 de setembro de 2020

O anjo de São Felix do Araguaia

 

 

Dom Pedro Casaldáliga – referência internacional na luta pelos direitos humanos – foi um aliado permanente dos índios Xavante Marãiwatsédé, Tapirapés e Carajás.
 
 
 
Depois de longa internação, as comunidades pobres de São Felix do Araguaia (MT) perderam seu maior protetor: o bispo emérito Dom Pedro Casaldáliga. Aos 92 anos, sofrendo há 15 anos do mal de Parkinson, ele estava internado na Santa Casa de Batatais (SP). Faleceu dia 8 de agosto de 2020.
 
 
 
 
O corpo de dom Pedro foi velado em três locais: na capela do Claretiano – Centro Universitário de Batatais, onde foi celebrada missa de exéquias. Depois o bispo emérito recebeu homenagens em Ribeirão Cascalheira, em Mato Grosso, onde foi velado no Santuário dos Mártires.  Por fim, o cortejo fúnebre seguiu para São Félix, onde o religioso foi velado, no Centro Comunitário Tia Irene, sendo depois sepultado.
 
 
 
 
Aliado dos índios Xavante Marãiwatsédé, Tapirapés e Carajás, as ameaças de morte não impediram que o bispo Dom Pedro Casaldáliga se tornasse uma referência internacional na luta pelos direitos humanos. A história da região e do bispo Dom Pedro Casaldáliga se mistura a partir de 1970, quando foi criada a Prelazia de São Félix do Araguaia.
 
 
 
 
NO BRASIL DESDE 1968
 
Dom Pedro Casaldáliga nasceu em 16 de fevereiro de 1928, na cidade catalã de Balsareny, província de Barcelona. Recebeu no batismo o nome de Pere Casaldáliga i Pla. Antes de vir para o Brasil, passou por Guiné Equatorial, na África. O religioso desembarcou no Brasil em 26 de janeiro de 1968. Fez um curso preparatório em Petrópolis (RJ). Depois, morou um mês e meio em Rio Claro, São Paulo.
 
De Rio Claro, no interior paulista, viajou sete dias de caminhão até chegar a São Félix, em 30 de julho de 1968, parar criar uma missão. Na primeira semana, conta a biógrafa, quatro crianças mortas foram deixadas na porta de sua casa, em caixas de sapato – foi o primeiro contato com a dura realidade local. Em maio de 1969, Papa Paulo VI criou a Prelazia de São Félix, da qual Pedro foi o primeiro administrador apostólico.
 
 
 
 
 
 
CONTRA O LATIFÚNDIO
 
Sobre Dom Pedro Casaldáliga, o padre Paulo Gabriel López Blanco resumiu: “Pedro, na região, é amado e odiado, lhe atribuem milagres que nunca fez e lhe atribuem pecados que nunca cometeu”. Para ele, sem a presença da Prelazia e de Pedro na região, “aquilo hoje era única e exclusivamente pasto do latifúndio”.
 
 
 
 
 
 
 
Dom Pedro Casaldáliga foi enterrado dia 12 de agosto, sob um pequizeiro, à margem do rio Araguaia, no cemitério dos Karajás e dos Peões. O bispo emérito de São Félix do Araguaia, que não gostava de ser chamado de “dom”, viveu nessa região durante 52 de seus 92 anos, defendendo a causa dos indígenas e trabalhadores rurais