Meio Ambiente
Washington Novaes
1 de setembro de 2020Anjo do Meio Ambiente
O Brasil perdeu um visionário nas questões ambientais e indígenas. A comunicação na área ambiental está órfã de seu mais importante protagonista: morreu o jornalista Washington Novaes, aos 86 anos, em Goiânia. Mas seu legado é imensurável.
Na minha curadoria pessoal, afirmo com toda certeza: os três principais ícones do meio ambiente no Brasil, na luta pelo desenvolvimento sustentado e na história da defesa da questão socioambiental hoje são História, se encontram em outro plano e deixaram para os brasileiros e para o mundo um forte legado. São eles: Paulo Nogueira-Neto, Henrique Brandão Cavalcanti e o jornalista Washington Novaes.
Paulo Nogueira-Neto (1922-2019) foi um naturalista, professor universitário, pesquisador e primeiro Secretário Nacional do Meio Ambiente. Henrique Brandão Cavalcanti (1929 – 2020) foi um engenheiro, professor universitário e Ministro do Meio Ambiente. E agora se junta a eles o jornalista Washington Novaes.
Paulista de Vargem Grande do Sul, onde nasceu em 1934, Washington Novaes na verdade tinha estados de referência: além de paulista, de nascimento, era um goiano da gema e um brasiliense honorário.
A passagem de Washington Novaes significou a orfandade para todos aqueles que se inspiravam em seu trabalho em defesa dos povos indígenas, da água, das florestas, do Cerrado e da Amazônia. Autor de documentários notáveis sobre os índios xinguanos, ele não se cansava de contar histórias e falar das lições que aprendera, durante suas estadas no Território Indígena do Xingu, antes chamado Parque Indígena do Xingu. Dessa vivência nasceu Xingu, a Terra Mágica, em 1985, documentário com dez episódios exibido pela à época pela Rede Manchete de Televisão. “Foi um momento raro de sensibilidade e de beleza da televisão brasileira, uma exaltação à nossa diversidade cultural”, afirma André Villas-Bôas, secretário executivo do Instituto Socioambiental (ISA).
O jornalista Washington Novaes foi colunista da Folha do Meio Ambiente e autor de mais de dez livros. Em 1991 e 1992, ocupou a Secretaria de Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia de Brasília, no governo de Joaquim Roriz.
WASHINGTON NOVAES, O INSPIRADOR
Washington Novaes, além de inspirador, foi assíduo colaborador da Folha do Meio Ambiente. Na Rede Globo de Televisão foi editor do Jornal Nacional e do Globo Repórter. Na TV Cultura Washington foi comentarista e coordenador de conteúdo do Repórter ECO e criador do projeto ‘Biodiversidade Brasil’, um programa de debates onde era um dos entrevistadores. Também escrevia com regularidade no jornal O Estado de S. Paulo, sempre abordando questões socioambientais.
Novaes foi autor de mais de dez livros. A Década do Impasse, da Rio-92 à Rio+10, publicado em 2002 pela Editora Estação Liberdade e pelo ISA, reuniu uma série de artigos valiosos escritos em jornais nesse período.
Vinte e dois anos depois de Xingu, a Terra Mágica, que faz parte do imaginário dos brasileiros, Novaes revisitou a região e lançou a série Xingu, a Terra Ameaçada, mostrando as pressões que pairavam sobre o Território Indígena do Xingu.