Distrito Federal

Saiba como funciona a reciclagem de resíduo eletrônico feita pelo GDF

5 de outubro de 2020

    Todos os dias, resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos encaminhados por órgãos públicos ou dispensados nos pontos de entrega voluntária chegam ao armazém do Reciclotech, no Gama| Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília       É em um armazém no Gama onde a mágica do Reciclotech acontece. Resíduos eletrônicos entregues por órgãos públicos… Ver artigo

 

 

Todos os dias, resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos encaminhados por órgãos públicos ou dispensados nos pontos de entrega voluntária chegam ao armazém do Reciclotech, no Gama| Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
 
 
 
É em um armazém no Gama onde a mágica do Reciclotech acontece. Resíduos eletrônicos entregues por órgãos públicos ou coletados nos pontos de entrega voluntária (PEV) passam por triagem e seguem um fluxo até serem recondicionados, encaminhados para reciclagem ou descartados corretamente. O projeto inovador do Governo do Distrito Federal é mais um passo para tornar a capital inteligente.
 
Idealizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), o projeto é gerido pela Programando o Futuro, Organização da Sociedade Civil (OSC) com mais de 20 anos de experiência no ramo. A entidade foi selecionada e habilitada a partir de processo de chamamento público junto à Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). A Agência Brasília conta, agora, como o programa funciona antes mesmo do lançamento oficial (veja arte).
 
 
 
 
 
Todos os dias, Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) encaminhados por órgãos públicos ou dispensados nos pontos de entrega voluntária chegam ao armazém. São itens como celulares, tablets, TVs, pilhas, geladeiras e, principalmente, computadores. Isso porque a instituição é um Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC), iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
 
Gerente de operações da entidade, Kelly Cristina Reis explica que todos os itens são catalogados por tipo em um sistema que permite acompanhar todo o fluxo, até a destinação final. Computadores com potencial de reutilização são separados, reparados, limpos, testados e têm peças substituídas, quando necessário. Em tempos normais, 60% dos cerca de cinco mil computadores recebidos podem ser reutilizados.
 
Antes da parceria, os equipamentos recondicionados eram leiloados. Agora, novamente prontos para uso, eles são doados aos órgãos públicos que direcionam a quem mais precisam. Assim, por exemplo, é promovida a inclusão digital de estudantes que precisam de acesso à tecnologia para acompanhar o ano letivo que segue pela internet por causa da pandemia de coronavírus.
 
 
Outros materiais
 
Os outros materiais são separados por tipo, peça por peça, e vendidos para indústrias cadastradas que os reciclam. A exceção é o plástico, que pode passar por transformação ali mesmo. Quem cuida do processo é Leonardo Loureiro, supervisor desse tipo de operação pela instituição. Ele conta que os plásticos que compõem os eletrônicos têm duas destinações.
 

Aqueles que podem ser completamente limpos são triturados. Parte é vendida para indústrias, parte vira filamento para impressora 3D. São, em média, 10 quilos por dia. Os materiais abastecem os 12 laboratórios de robótica Include do DF com a matéria prima para impressão. Os materiais contaminados, por sua vez, são derretidos a 180 ºC, viram massa e podem se transformar em qualquer coisa. Ali, por exemplo, eles são transformados em pisos ecológicos e são feitos 50 blocos de pisos por dia.
 
Também é na Programando o Futuro que são feitos os novos PEV a serem instalados pelo DF. Nesta semana, 30 já estavam prontos, um foi instalado na sede da Administração Regional do Guará e outro está programado pra chegar ao Parque Ecológico de Águas Claras. Os locais de destinação são indicados pelos órgãos do GDF, focando em pontos de maior circulação. A previsão é que o programa dobre a quantidade de pontos.
 
 
 
Novos PEVs feitos de material reciclado| Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
 
 
 
Capacitação
 
O edital que tirou o projeto do papel prevê capacitação de jovens da capital pela instituição. Por causa da pandemia, o início dos cursos precisou ser adiado e a previsão é dar andamento no início de 2021, para garantir a segurança de todos. Segundo a Secti, a forma de ingresso será divulgada mais para frente, mas a capacitação será destinada a alunos de escolas públicas da comunidade, integrantes do Cadastro Único (CadÚnico).
 
Estudantes de 16 a 24 anos terão oportunidade de passar por estágio na entidade, onde aprenderão na prática as funções de reciclagem e recondicionamento. A bolsa-auxílio é de R$ 400 pagos com recursos do MCTIC como parte do CRC.
 
Além de salas de aula, a sede da Programando o Futuro no Gama ainda abriga um dos 12 laboratórios de robótica Include do DF, que vai funcionar com equipamentos recondicionados ali mesmo.
 
“É a tecnologia chegando onde dificilmente chegaria. Levando oportunidade para pessoas que precisam, capacitando para gerar emprego e renda. A ideia é expandir e levar núcleos pelas cidades do DF, facilitando triagem, coleta e formação”, valoriza Anderson Freire, idealizador do projeto e coordenador pela Secti.
 
 
 
 
Anderson Freire, coordenador pela Secti | Foto: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília
 
 
 
Conscientização
 
“Sabemos que muitos equipamentos eletroeletrônicos têm componentes como chumbo e mercúrio, prejudiciais ao meio ambiente e à vida humana. É de vital importância que esses resíduos tenham descarte adequado”, avisa o coordenador de Implementação da Política de Resíduos Sólidos da Secretaria de Meio Ambiente (Sema), Glauco Amorim. Para ele, a conscientização da população e a ampliação de pontos de entrega voluntária devem fazer parte de toda a rotina do programa.
 
No plano de trabalho do Reciclotech é previsto o trabalho educativo em escolas da capital, mas a pandemia mudou os planos. ”Pegamos parte do que seria feito em caravanas escolares e transformamos em drive-thru de recolhimento”, conta Anderson Freire, da Secti. No fim de semana, quando teve início a ação itinerante, mais de uma tonelada de equipamentos foi colhida e já entrou no fluxo da entidade.
 
Coordenador do projeto na Programando o Futuro, Alexandre Mesquita valoriza a parceria firmada. “Para nós, como instituição, é motivo de satisfação e crescimento participar de um programa inédito graças ao pioneirismo do GDF”, diz. “Estamos prestando um serviço necessário e essencial para o Estado. Além de trabalhar a questão ambiental, fornecemos equipamentos para a população vulnerável do DF e tem um processo de formação”, elenca.