Cerrado

Cerrado tem mais de mil espécies ameaçadas de extinção; 2º maior número entre biomas do país

6 de novembro de 2020

Pesquisa do IBGE analisou lista de animais e plantas em risco; Mata Atlântica teve maiores perdas. Levantamento é de 2014, mas foi divulgado somente nesta quinta-feira (5).

Por Carolina Cruz, G1 DF

 

Bombeiros entram em área de Cerrado para combater fogo que se alastra em direção ao Parque Nacional de Brasília — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/ Divulgação

Bombeiros entram em área de Cerrado para combater fogo que se alastra em direção ao Parque Nacional de Brasília — Foto: Corpo de Bombeiros do DF/ Divulgação

 

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quinta-feira (5), aponta que o Cerrado tem 1.061 espécies de plantas e animais ameaçados de extinção. Esse é o segundo maior número entre os biomas, só atrás da Mata Atlântica.

Das 3.299 espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 19,7% estão no Cerrado, que é o segundo maior bioma do país. A Mata Atlântica abriga 25% das espécies em risco.

A pesquisa é baseada nas listas oficiais do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de espécies em risco, organizadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ). Os dados são dos mais recentes estudos dos órgãos, coletados em 2014.

 

Chapada dos Veadeiros, em Goiás — Foto: André Dib/Divulgação

Chapada dos Veadeiros, em Goiás — Foto: André Dib/Divulgação

 

De acordo com o coordenador da pesquisa, Leonardo Bergamini, os números são dinâmicos e podem ter tido alterações desde 2014. “Apesar disso, servem de alerta”, afirma.

Das espécies em risco no Cerrado, 308 são da fauna (animais) e 753 são da flora (plantas) – 88% são terrestres. “O Cerrado é um bioma muito importante. Está no centro do país, tem três grandes bacias hidrográficas que ligam outras regiões e possui uma fauna e uma flora própria”, diz Bergamini.

 

Espécies Alstroemeria, no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, uma das plantas que tem família com ameaça de extinção — Foto: Reprodução/MMA

Espécies Alstroemeria, no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, uma das plantas que tem família com ameaça de extinção — Foto: Reprodução/MMA

 

Perda de cobertura

Leonardo Bergamini destaca ainda que o Cerrado perdeu 50% da cobertura nas últimas décadas em um processo intensificado, principalmente, após a construção da capital federal.

Outra pesquisa realizada pelo IBGE, que analisou a redução da vegetação entre 2000 e 2018, apontou que os biomas brasileiros perderam cerca de 500 mil km² de sua cobertura natural no período. Ela passou de 5,9 milhões de km² para 5,4 milhões de km².

 

Lobo-guará flagrado próximo à barragem de Santa Maria, no DF — Foto: Brasília É o Bicho/Divulgação

Lobo-guará flagrado próximo à barragem de Santa Maria, no DF — Foto: Brasília É o Bicho/Divulgação

De acordo com o levantamento, o Cerrado perdeu 152,7 mil km² de cobertura natural, a segunda maior perda no país. Em primeiro aparece a Amazônia – o maior bioma do Brasil, que encolheu 269,8 mil km². Somadas, as duas áreas representam 86,2% do total perdido em todo o país, em oito anos.

O lobo-guará é uma das espécies em ameaça de extinção. O animal é visto com frequência em áreas urbanas de Brasília.

De acordo com ambientalistas, de temperamento solitário, os lobos necessitam de espaço amplo para sobreviver. A busca constante por novos territórios no Cerrado faz com que o animal saia da área protegida e apareça na cidade.

 

Lobo-guará fica preso em portão de residência em Ceilândia, no Distrito Federal — Foto: Divulgação/PM Ambiental

Lobo-guará fica preso em portão de residência em Ceilândia, no Distrito Federal — Foto: Divulgação/PM Ambiental

 

Outros biomas

A pesquisa aponta ainda que a Caatinga, teve 366 espécies ameaçadas. Já o Pampa, tem 194 espécies em risco.

Em último no ranking estão o Pantanal e a Amazônia. Os dois têm as maiores proporções de espécies na categoria “menos preocupante” (88,7% e 84,3%, respectivamente).

 

Vegetação típica da Caatinga, em imagem de arquivo — Foto: Miguel de Paula/Acervo Pessoal

Vegetação típica da Caatinga, em imagem de arquivo — Foto: Miguel de Paula/Acervo Pessoal