Meio Ambiente

Lontra órfã volta à natureza depois de meses de reabilitação

11 de novembro de 2020

Animal chegou ainda filhote no CETAS-SC; vídeos do processo fizeram sucesso nas redes sociais.

Por Gabriela Brumatti, Terra da Gente

 

Lontra órfã havia sido encontrada em estrada, tinha doenças e estava debilitada; foi reabilitada até completar um ano de vida — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

Lontra órfã havia sido encontrada em estrada, tinha doenças e estava debilitada; foi reabilitada até completar um ano de vida — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

 

Um filhote de lontra encontrado há quase um ano em uma rodovia de Florianópolis finalmente voltou à natureza. Após meses de reabilitação e tratamentos feitos pela equipe do Centro de Triagem de Animais Silvestres de Santa Catarina (CETAS-SC), o macho órfão foi solto em uma área livre e segura próxima ao local onde foi achado. Vídeos e fotos do processo de reabilitação garantiram “fama” à lontra nas redes sociais.

O filhote tinha cerca de 40 dias quando foi resgatado. Ainda sem visão e dependente dos cuidados da mãe, a lontra teve que ser estimulada pelos pesquisadores a caçar, mergulhar, se esconder e até evitar humanos. “Conforme foi se recuperando e crescendo, passou para um recinto maior, teve acesso à piscina e depois à lagoa. Também diminuímos tanto o número de pessoas que interagiam com ela quanto o tempo e o tipo de interações”, afirma a bióloga Vanessa Kanaan, diretora técnica do Instituto Espaço Silvestre, responsável pelo CETAS-SC.

 

Quando filhote, lontra órfã em reabilitação impressionou pela fofura e mobilizou internautas — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

Quando filhote, lontra órfã em reabilitação impressionou pela fofura e mobilizou internautas — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

 

 

De forma independente, a lontra macho também aprendeu a se desapegar dos bichinhos de pelúcia. Os objetos, de início, substituíam o estímulo da mãe para a lontrinha e depois se tornaram mais um item do recinto do animal em desenvolvimento. Mas, num dado momento, mesmo este espaço se tornou pequeno para a maturidade alcançada. “Começamos a levá-la ao local que achamos que seria a área final de soltura e observar como se comportava”, explica a pesquisadora.

 

Pelúcias auxiliaram na reabilitação da lontra promovendo companhia através do contato — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

Pelúcias auxiliaram na reabilitação da lontra promovendo companhia através do contato — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

 

Apesar de afastado, o ambiente está ligado à região onde a lontra foi encontrada quando filhote e é distante do contato humano e da ocorrência de cães e gatos, predadores naturais de lontras. Por lá o animal aprendeu a se relacionar com o meio até que indicou o momento da independência. “Quando voltamos após a primeira noite em que passou longe de nós, ela demorou em aparecer, mas depois mostrou que estava ali, nadou e caçou na nossa frente. Foi então que entrou na mata e realmente não quis mais saber da equipe”, explica Kanaan.

 

Animal foi solto em ponto próximo a rio onde outras lontras foram vistas e mostrou boa adaptação — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

Animal foi solto em ponto próximo a rio onde outras lontras foram vistas e mostrou boa adaptação — Foto: Instituto Espaço Silvestre/IMA

Embora o macho esteja adaptado e livre, a equipe do Centro de Triagem continua levando alimentação para o animal em pontos estratégicos onde câmeras de monitoramento estão instaladas e, agora, a lontrinha é observada de forma ainda mais distante, através dessas armadilhas fotográficas. As expectativas de sucesso são grandes e até mesmo pescadores locais estão cientes e atentos ao retorno dessa moradora da região!

O CETAS-SC é administrado pelo Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA) e, além da lontrinha, foi responsável pelo sucesso reprodutivo de bugios e pelo resgate de um beija-flor, mesmo em meio à pandemia