Amazônia

Viagem com Mourão não mudou percepção alemã sobre Amazônia, diz embaixador

12 de novembro de 2020

Diplomata Heiko Thoms vê avanços no diálogo, mas diz que tour pela região não mudou posição da Alemanha sobre como governo lida com desmatamento e incêndios. Ele aponta para falta de plano de ação de longo prazo.

Por Deutsche Welle

 

O vice-presidente Hamilton Mourão embarcou em Brasília para uma viagem com embaixadores à Amazônia — Foto: Ascom/Vice-Presidência

O vice-presidente Hamilton Mourão embarcou em Brasília para uma viagem com embaixadores à Amazônia — Foto: Ascom/Vice-Presidência

Na semana passada, o vice-presidente Hamilton Mourão, presidente do Conselho Nacional da Amazônia, comandou uma viagem a três cidades da região amazônica com embaixadores de diversos países. Seu objetivo era apresentar aos diplomatas a atuação do governo Jair Bolsonaro no meio ambiente, alvo de críticas frequentes da comunidade internacional, com reflexos na reputação de empresas brasileiras, no bloqueio dos recursos do Fundo Amazônia e em dificuldades para a ratificação do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.

Um dos embaixadores presentes na viagem era o representante da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms. Em entrevista à DW Brasil, ele afirmou que a iniciativa de Mourão foi positiva para ampliar o diálogo com o governo brasileiro, mas acrescentou que ela não mudou a percepção do governo alemão sobre o governo Bolsonaro e que não há previsão para a retomada das transferências ao Fundo Amazônia — que também é financiado pela Noruega e tem hoje cerca de R$ 3 bilhões bloqueados — ou para a ratificação do acordo de livre comércio entre os dois blocos.

Thoms dirige críticas à ausência de um plano de ação do governo brasileiro para reduzir o desmatamento e as queimadas que inclua medidas concretas e metas, e diz que, sem apresentar uma redução nos números do desmatamento, não haverá mudança no entendimento do país europeu.

“O governo [brasileiro] está informado sobre o desmatamento e os incêndios, sobre onde estão e quão grande é o problema. Há instrumentos para combater. E há órgãos governamentais muito bons. Mas esses instrumentos precisam ser utilizados, e de uma maneira coerente. Para isso, você precisa de um plano de ação de longo prazo, com medidas concretas, cronogramas e metas numéricas. Isso não existe no momento”, afirmou.