natureza

Projeto busca aproximar as pessoas da natureza através da arte

19 de dezembro de 2020

Ornitólogo apresenta ilustrações sobre a natureza, a história e a identidade do Brasil; trabalho reúne obras pouco conhecidas publicadas em estudos e artigos de museus mundo afora.

Por Nicolle Januzzi

 

Algumas das aves mais coloridas da Amazônia. Além de diversas espécies de tangarás (família Pipridae), a ilustração também inclui quatro espécies de saí e a cambacica (família Thraupidae). — Foto: Ernesto Lohse/Arquivo Pessoal

Algumas das aves mais coloridas da Amazônia. Além de diversas espécies de tangarás (família Pipridae), a ilustração também inclui quatro espécies de saí e a cambacica (família Thraupidae). — Foto: Ernesto Lohse/Arquivo Pessoal

Com mais de oito milhões de metros quadrados, o Brasil, quinto maior país do mundo em extensão territorial, realmente é gigante pela própria natureza.

O País conta com a maior diversidade de plantas e animais do planeta. Estima-se que a cada 10 seres vivos, dois habitem o território brasileiro. Só que, muitas vezes, toda essa riqueza e variedade natural passam despercebidas para muita gente.

Pensando em mudar essa realidade a exposição “Das coisas Naturais do Brasil” chega à Paraty (RJ) com a proposta de ajudar a mudar um pouco essa realidade.

 

Gravura em metal faz parte de uma das maiores enciclopédias de história natural já produzidas, tendo sido publicadas em 16 volumes entre 1841 e 1849. — Foto: Werner/Arquivo Pessoal

Gravura em metal faz parte de uma das maiores enciclopédias de história natural já produzidas, tendo sido publicadas em 16 volumes entre 1841 e 1849. — Foto: Werner/Arquivo Pessoal

 

“Se você pedir para algum brasileiro citar o nome de um bicho ou planta, é muito provável que você ouça como resposta “leão”, “elefante”, “rosa”, e outras espécies que não são nativas do País. Por isso há mais de 10 anos venho selecionando ilustrações históricas da nossa fauna e flora para popularizar e celebrar a natureza brasileira e seus heróis”, explica o biólogo e mestre em zoologia Luciano Lima, responsável pela curadoria da exposição. As obras fazem parte de um projeto que pode ser acompanhado no Instagram, no perfil @dascoisasnaturaisdobrasil.

As mais de 45 ilustrações trazem obras históricas e iconográficas que representam diferentes períodos e técnicas, e resgatam os personagens que desbravaram o Brasil para catalogar sua riqueza.

Segundo Lima, além de apresentar animais e plantas desconhecidos para muitos brasileiros, a exposição é uma oportunidade de aprender mais sobre a história e a própria identidade do País.

 

O chamado "Planisfério de Cantino" é uma cópia de um importante mapa oficial que ficava guardado a sete chaves na época do Brasil Colônia. — Foto: Alberto Cantino/Arquivo Pessoal

O chamado “Planisfério de Cantino” é uma cópia de um importante mapa oficial que ficava guardado a sete chaves na época do Brasil Colônia. — Foto: Alberto Cantino/Arquivo Pessoal

 

Muitas das imagens estão sendo exibidas pela primeira vez em uma exposição e estavam, de certa forma, inacessíveis para o grande público, camufladas em publicações científicas, geralmente consultadas apenas por especialistas e espalhadas por acervos de museus e bibliotecas mundo afora
— Luciano Lima, biólogo.

Entre as imagens que fazem parte da exposição estão reproduções do primeiro mapa que ilustra o território brasileiro, datado de 1502, e onde também estão as primeiras imagens conhecidas sobre a natureza do país: um conjunto de araras. Também são lembrados naturalistas como o príncipe da Prússia Maximiliano de Wied-Neuwied, o grande botânico brasileiro João Barbosa Rodrigues, o litógrafo alemão Ernesto Lohse, e vários outros personagens importantes que se dedicaram a pesquisar nossa fauna e a flora.

A aproximação das pessoas com a natureza através da arte é mais uma maneira de divulgar o conhecimento científico de uma forma diferente e mais lúdica. “Assim, esperamos contribuir para que o país da biodiversidade seja também um país de pessoas apaixonadas por biodiversidade”, finaliza o biólogo.

 

Serviço:

A exposição “Das coisas Naturais do Brasil” pode ser vista até o final de janeiro na Rua Marechal Santos Dias, 27, no Centro Histórico de Paraty, de sexta a segunda-feira, das 10h às 19h.

 

Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) é exclusivo da Mata Atlântica. — Foto: William Swainson/Arquivo Pessoal

Tiê-sangue (Ramphocelus bresilius) é exclusivo da Mata Atlântica. — Foto: William Swainson/Arquivo Pessoal