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Energia solar: é hora de acelerar

1 de julho de 2021

A geração distribuída traz ganhos para as concessionárias, para o consumidor e para o Brasil

Marcelo Macri, sócio-diretor da Energy Brasil

 

Há dez anos, o Brasil sequer figurava entre os 30 países no ranking mundial de fonte solar fotovoltaica. Hoje, um recente mapeamento divulgado pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) coloca o país na 9ª colocação. No último levantamento, o Brasil era o 12º, um salto de três posições em pouco mais de um ano. China, Estados Unidos e Vietnã são os três primeiros.

De acordo com a entidade, em 2020, o Brasil instalou 3.152,9 megawatts (MW) de fonte solar fotovoltaica, sendo de 80% do total de sistemas de geração distribuída (GD) que, em geral, ficam em telhados; e 20% em sistemas de geração centralizada, que são as grandes usinas solares.

Só no ano passado, foram quase R$ 16 bilhões de novos investimentos e mais de 99 mil novos empregos gerados. Segundo a Absolar, de 2012 a 2020, o Brasil acumulou R$ 42,1 bilhões em investimentos na fonte solar fotovoltaica, gerando 236 mil empregos.

O que esse salto nas posições e números representam para o país? Um sinal da democratização da energia solar, que só tende a crescer cada vez mais, principalmente nas residências. Aliás, esse é um filão do mercado e podemos analisar seus motivos.

O primeiro deles é a redução no custo dos equipamentos. Comparado há dez anos, podemos dizer que o investimento chega a ser 75% menor – a produção e a demanda aumentadas por esse tipo de energia explicam essa queda.

Além disso, hoje as placas são feitas para durarem mais 30 anos, sendo a manutenção simples e barata. Outra vantagem são os financiamentos: atualmente existem muitas opções seguras no mercado para a aquisição dos equipamentos. Por fim, eu destacaria nosso índice de radiação solar, um dos melhores do mundo.

E como se não bastasse o fato de ser uma energia renovável e limpa, a solar se mostrou uma grande aliada de muitos brasileiros ao longo da pandemia. As restrições fizeram com que muitos trabalhadores perdessem seus empregos ou migrassem o modelo de trabalho para casa. Por meio da energia solar, em especial da geração distribuída, essas pessoas tiveram, pelo menos, um alívio na conta luz, podendo ajustar seus orçamentos para outras necessidades do momento.

Na outra ponta, como já citei, a geração de empregos também movimentou o setor e o Brasil, muitos deles vindos do franchising – aliás, o segmento de Casa e Construção, que envolve as franquias de energia solar, foi o que mais cresceu em 2020, 12,8%, com um faturamento de R$ 12,4 bilhões.

Todos esses números e movimentos só mostram a importância da energia solar e de outras fontes renováveis no Brasil, tema que bate à porta sempre que vivemos situações como a deste momento, em que os reservatórios de água estão baixos, levando o aumento do preço da energia para o pequeno e grande consumidor.

Há, porém, outra questão em trâmite, como o Projeto de Lei 5.829/19, conhecido como o Marco Legal da Geração Distribuída Solar. Hoje, as empresas do setor seguem as resoluções administrativas promulgadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O projeto traz mudanças legislativas que podem diminuir o ritmo da expansão da energia solar pelo Brasil, enquanto outros países só o aceleram.

Nesta questão, temos de reforçar que a energia solar gera muito menos (ou quase nenhum) impacto ambiental do que as demais fontes. Além disso, o crescimento da geração distribuída só traz benefícios para o Brasil em muitos sentidos, pois alivia a operação da matriz elétrica nacional, tendo como resultado uma menor pressão nos reservatórios de água das hidrelétricas e redução do uso de termelétricas.

Essa eficiência traz ganhos para as concessionárias também, pois ajuda a equilibrar a matriz energética e desonera o investimento em distribuição. Com isso, há maior possibilidade de se controlar o aumento da energia em todo país.

E mais: segundo um estudo da Absolar, a expansão da geração distribuída pode gerar benefícios líquidos de R$ 200 bilhões para o mercado brasileiro até 2050. Ou seja: ganha a concessionária, ganha o consumidor, ganha o Brasil. Portanto, é hora de acelerar!

Marcelo Macri é sócio-diretor da Energy Brasil, maior rede de energia solar do país, com mais de 400 franquias.