COP26

“A emergência é financeira”, diz ministro Joaquim Leite sobre soluções climáticas

10 de novembro de 2021

Em Glasgow, ministro do Meio Ambiente defendeu maior financiamento climático de países ricos a nações em desenvolvimento

ASCOM MMA

 

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Foto: Divulgação/MMA

 

 

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, voltou a defender, nesta terça-feira (9), o financiamento climático com valores mais altos do que os US$ 100 bilhões ao ano prometidos pelos países ricos às nações em desenvolvimento.  A declaração foi feita durante a abertura da programação brasileira do dia na Cúpula do Clima (COP26), diretamente de Glasgow, na Escócia.

“Acho que o desafio global é uma transição responsável na direção da neutralidade de carbono, de forma rápida, mas responsável. O que significa isso? Que nós precisaremos de mais recursos do que os US$ 100 bilhões anuais”, afirmou o ministro em sua primeira agenda presencial no país anfitrião do fórum – na semana passada, ele participou do pavilhão brasileiro montado em Brasília (DF).

Leite mencionou um estudo da Boston Consulting Group (BCG) que estima a necessidade de US$ 5 trilhões por ano, nas próximas três décadas, para bancar projetos de incentivo a uma economia com baixa emissão de gases poluentes. “A solução é econômica. A emergência é financeira”, acrescentou.

No lançamento do Programa Nacional de Crescimento Verde, em outubro, o Governo Federal informou que os bancos federais têm cerca de US$ 50 bilhões para linhas de crédito voltadas a atividades que estimulem a nova economia verde. Além disso, o Brasil deve receber US$ 2,5 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD).

“Nós, governo e Congresso, temos que trazer a estrutura e as políticas públicas para que [a economia] aconteça de forma responsável, garantindo a geração de um emprego verde”, disse o ministro ao lado do presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco.

Por sua vez, Pacheco destacou o consenso entre as duas esferas políticas: um apoio maior das nações ricas. “Para [as florestas] serem preservadas, a contribuição [precisa ser] de todos os países, sobretudo dos desenvolvidos, que se valeram antecipadamente do proveito das suas atividades econômicas com algum sacrifício ao meio ambiente”, afirmou. “Essa é a lógica. E não se trata de uma desculpa, de dizer que não cuidamos do desmatamento porque os países desenvolvidos não investem. Sabemos das nossas responsabilidades”, completou.

Floresta+

O ministro Joaquim Leite falou ainda sobre a importância da política de pagamentos por serviços ambientais, prevista no programa nacional Floresta+, como alternativa para acelerar o desenvolvimento sustentável. “No nosso plano de combate ao desmatamento, o maior desafio é criar o mercado de serviços ambientais nas suas diversas formas: carbono, ecoturismo, bioeconomia, empreendedorismo”, disse.

Como exemplo, Leite citou um projeto que já existe em Alter do Chão, local com diversas ilhas e extensas faixas de areia do Rio Tapajós, no Pará. Lá, segundo o ministro, os guias turísticos são remunerados financeiramente tanto pelo serviço em si quanto por cuidar do meio ambiente. “Ele [guia turístico] precisa daquele território bem cuidado, senão o turista não volta. Ele [guia turístico] tem que ser reconhecido como alguém que olha o território, não deve receber somente para fazer o serviço de guia turístico”, defendeu.

Indústria brasileira

De acordo com o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, o setor de cimento no Brasil emite 11% menos gases de efeito estufa do que a média mundial e 85% da matriz energética é formada por fontes renováveis. “A eficiência e o cuidado com o meio ambiente são parte da estratégia da indústria brasileira para manter a competitividade e atender as crescentes exigências do mercado internacional”, destacou durante o evento.

“Esperamos que as negociações, aqui em Glasgow, tenham resultados efetivos e alcancem um acordo abrange sobre as iniciativas necessarias à superação dos enormes desafios das mudanças climáticas. Com trabalho conjunto de empresários, governos e demais segmentos poderemos construir um mundo que traga prosperidade e justiça social”, acrescentou.

O vice-presidente da Câmara dos Deputados, deputado federal Marcelo Ramos, que também participou do painel da COP26, lembrou do projeto de lei em discussão no parlamento que regula o mercado de crédito de carbono no Brasil.

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