AS PÉROLAS DO RIO TAPAJÓS 10

A RIQUEZA ROUBADA DA FLORESTA BRASILEIRA

3 de novembro de 2021

A HISTÓRIA DE FORDLÂNDIA E DE BELTERRA

Silvestre Gorgulho

 

A vida não é fácil. Nem para as pessoas e nem para a natureza. Onde estão as riquezas, seja mineral, seja de flora e de fauna, também estão os problemas. Assim é com o petróleo, com o ouro, com a prata e com as benesses das florestas. Onde está a riqueza do cacau, está o vírus ou as bactérias que vivem desta mesma planta. Onde está a seringueira, idem. E assim, na terra da seringueira, na floresta Amazônica, está a doença que vive da seringueira. Daí a história da Fordlândia e de Belterra, bem próximas a Alter do Chão.

 

FORDLÂNDIA é a cidade-projeto abandonada pelo milionário Henry Ford na Amazônia. O projeto “Fordlândia”, que emprestou o nome ao atual distrito de Aveiro, foi vasta área de terras adquiridas pelo empresário norte-americano Henry Ford, através de sua empresa Companhia Ford Industrial do Brasil. Foi uma concessão do Pará, por iniciativa do governador Dionísio Bentes e aprovada pela Assembleia Legislativa, em 30 de setembro de 1927. O projeto foi oficialmente encerrado em 24 de dezembro de 1945. Os técnicos e habitantes foram deslocados justamente para Belterra.

 

Fordlândia, a utopia agroindustrial de Henry Ford

 

BELTERRA – Após o fracasso das plantações de seringueira em Fordlândia, causada pelo Mal das Folhas e pelo tipo de terreno que não favoreceu o desenvolvimento dos seringais, Henry Ford teve que começar a buscar outro lugar para que seu projeto fosse continuado. Várias expedições foram realizadas até encontrar um lugar que ficou conhecido como Bela Terra. Tal área é conhecida entre os cientistas pelo seu famoso solo fértil de ‘Terra Preta’, que deve ter sido um dos critérios para a escolha do local.

 

 

A cidade amazônica que não nasceu portuguesa, Belterra foi construída pelos norte-americanos.

 

AS DOENÇAS TROPICAIS

A doença que acabou com o projeto da seringueira chama-se MAL DAS FOLHAS. É provocada por um “vírus”, o Microcyclus ulei, que é o agente que levou ao abandono cerca de 100 mil hectares de seringais plantados na Amazônia.

O Cacau e a Seringueira são plantas naturais da Amazônia. Mas tem um problema: lá também estão as doenças e hospedeiros que vivem dessas plantas: o Mal das Folhas, para as seringueiras, e a Vassoura de Bruxa, para o cacaueiro.

Foi da Amazônia que levaram as sementes de seringueira para as colônias inglesas na Ásia. O inglês Henry Wickham, autor do furto de milhares de sementes de seringueira da Amazônia, foi um dos responsáveis pela decadência do ciclo da borracha no Brasil.

Os ingleses foram responsáveis pelo maior tráfico de gens do mundo. Eles fizeram uma severa quarentena para as sementes, a fim de que as mesmas não levassem também a doença.

Detalhe: foi sob o pretexto de buscar penas de cores vibrantes para chapéus femininos das inglesas da Era Vitoriana, que o Henry Wi­­ckham desembarcou no coração da Floresta Amazônica. Mas seu plano era furtar sementes de seringueira, enroladas em folhas de bananeira, para serem entregues ao Jardim Botânico Real da Inglaterra, onde fariam a quarentena.

Depois da quarentena, as sementes foram a Malásia, Indonésia, Índia e Tailândia.

Hoje a Indonésia, Tailândia, Índia, Vietnã e Malásia são os maiores produtores de látex de borracha do Planeta. O Brasil está na nona posição com menos de 100 mil toneladas de borracha natural.

Em tempo: a Amazônia é extremamente cobiçada pela sua biodiversidade e pelas grandes reservas minerais. Daí o interesse de várias nações, de ONGs, missionários, aventureiros e do tráfico internacional da fauna e flora.

AMAZÔNIA, COBIÇA INTERNACIONAL

A Amazônia total está localizada em nove países: Brasil, Peru, Colômbia. Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Em território brasileiro está 60,3% do bioma Amazônico. O segundo país que mais detém área na Amazônia é a Colômbia: apenas 6,95%.

A luta do atual governo brasileiro em defender a Amazônia para os brasileiros está certa, mas os países que perderam seus braços sobre a riqueza da Amazônia não perdoam o presidente Jair Bolsonaro.