Aquecimento global está alterando tamanho de pássaros da Amazônia, indica estudo
13 de novembro de 2021Trabalho publicado na revista científica Science reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros. Grupo comparou dados coletados nos últimos 40 anos.
Patinho-de-coroa-dourada, ave encontrada na floresta Amazônica. — Foto: Cameron Rutt | Reprodução
O aquecimento global está afetando o tamanho dos pássaros da Amazônia, aponta um estudo publicado nesta sexta-feira (12) na revista científica “Science Advances”.
O estudo, que reúne pesquisadores brasileiros e estrangeiros associados ao Projeto de Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), se vale de dados morfométricos coletados nos últimos 40 anos.
A morfometria é o estudo das formas de uma mesma população de animais. Uma das suas aplicações é a análise das formas e tamanhos que organismos vivos podem assumir conforme o ambiente no qual se desenvolvem.
Estudos anteriores feito com pássaros migratórios já haviam sugerido que o impacto do clima no tamanho das aves. Na época, não foi possível associar com exatidão esses dois fatores porque o processo migratório pode ocasionar outros fatores de impacto, como perda de habitat ou a caça.
Dessa vez, os pesquisadores concentraram suas análises comparativas em 77 espécies de aves não-migratórias da floresta Amazônica e o resultado foi o mesmo: pássaros cada vez menores diante de um clima cada vez mais quente.
A pesquisa aconteceu no Centro de Biodiversidade da Amazônia, próximo a Manaus, na Amazônia brasileira. Desde a década de 1970, a região esquentou 1,65ºC na estação seca e 1,0ºC na estação chuvosa.
“Todas as 77 espécies apresentaram massa média menor desde o início dos anos 1980 “, afirmam os pesquisadores no estudo.
Outra alteração que chamou a atenção dos cientistas foi o aumento no tamanho das asas. Segundo eles, paralelamente à redução no tamanho, um terço das espécies (69%) apresentaram asas mais longas
“As mudanças morfológicas sazonais e de longo prazo sugerem uma resposta às mudanças climáticas e destacam suas consequências generalizadas, mesmo no coração da maior floresta tropical do mundo”, afirmam os pesquisadores.