Pantanal Matogrossense 5

SESC PANTANAL

1 de dezembro de 2021

As bodas de prata de um projeto sustentável

Silvestre Gorgulho

 

Uma RPPN pode dar lucro? Sim, pode dar lucro financeiro e também grandes rendimentos ambientais, educacionais e sociais. A Reserva Particular do Patrimônio Natural Sesc-Pantanal é a maior RPPN do Brasil. Foi criada, em Poconé-MT, em 4 de julho de 1997. Em julho de 2022, vai fazer Bodas de Prata.

 

Pôr-do-sol no rio Cuiabá: momento sublime num passeio de barco com técnicos do Sesc. (foto: Silvestre Gorgulho)

 

Sesc Pantanal é um exemplo no manejo de sustentabilidade. Com mais de 110 mil hectares de área total, que corresponde a 1% do Pantanal Matogrossense, a área do Sesc virou importante polo de ação econômica e ambiental nos municípios de Barão de Melgaço e Poconé, a pouco mais de 100 km de Cuiabá. Nesses 25 anos de funcionamento, a RPPN do Sesc promoveu vários tipos de atividades desde a produção de livros, documentários sobre a região, educação ambiental, pesquisas científicas, combate a incêndios florestais, ensino a distância, formação de mão de obra, qualificação de trabalhadores e formação de professores.

O Hotel Sesc Porto Cercado é um resort completo. Além de ser um dos destinos turísticos mais procurados no Pantanal, a hospedagem é exemplo de sustentabilidade: produz a própria energia elétrica, possui estações de tratamento de água e esgoto e trata de forma consciente o descarte de resíduos.

O projeto começou há 25 anos, um pouco depois da Conferência da ONU no rio Rio de Janeiro, em 1992. “Tinha todo um envolvimento do mundo todo com a questão ambiental, em fazer, e de que forma todas as instituições empresas e pessoas, a sociedade colocariam a questão ambiental. O SESC tinha algum trabalho, mas era um trabalho de projetos mais pontuais. Aí foi feito um estudo, e se entendeu como uma forma de o SESC atuar mais fortemente na questão ambiental era ter uma reserva”, explicou a supervisora do Sesc no Pantanal, Cristiane Caetano”. Segundo ela, o pantanal foi escolhido como local para a reserva porque, naquele momento, era um dos biomas em que o Sesc tinha menos trabalhos ativos.

 

O técnico Joaquim José, da equipe do Sesc Pantanal explica aos visitantes a diversidade da área, a luta para combater os incêndios florestais e mostra no mapa o trecho da viagem do hotel do Sesc até o coração da RPPN feito em uma lancha que percorre os 45 km em hora e meia. (fotos: Silvestre Gorgulho)

 

Nas fotos acima, o técnico Joaquim José mostra o trajeto feito pelo rio Cuiabá entre o hotel do Sesc e a RPPN.

 

PRESERVAÇÃO e PESQUISAS

Antes de ser Sesc-Pantanal, a área era ocupada por dezenas de fazendas de gado inoperantes. O objetivo principal da reserva era, além da recuperação de áreas degradadas, a instalação de pesquisas científicas sobre o bioma. Tanto que, em 25 anos, foram realizadas centenas pesquisas que unem o saber científico, as experiências, os saberes locais e as vivências. O trabalho já resultou em mais de 130 publicações científicas e dez livros da Coleção Conhecendo o Pantanal.

 

O HOTEL E A SUSTENTABILIDADE

Apesar de o empreendimento ter crescido muito, o hotel não se distanciou de seus princípios sustentáveis. “O SESC Pantanal é uma estância ecológica, e nós temos vários processos ecotécnicos para fazer com que tudo isso aqui funcione de forma sustentável”, garante a bióloga do local, Isana Gaio.

Dentre as principais atrações do Hotel, localizado no Pantanal de Poconé e de Barão de Melgaço, às margens do rio Cuiabá, dos corixos e lagos. As atividades recreativas são várias:  apreciar a cultura local manifestada na casa, nos costumes, no falar e no cantar pantaneiro; aventurar na focagem noturna dos animais às margens dos rios; percorrer a transpantaneira visitando fazendas e pousadas; visitar cachoeira com flutuação, fazer tirolesa e praticar arvorismo.

 

PROJETO BARBOLETÁRIO

Um belo borboletário faz parte do projeto maior. Técnicos do SESC entragem os ovos a famílias credenciadas de Poconé, que foram treinadas para isso, e que esperam a larva se desenvolver em um casulo. Depois, o Sesc compra esses casulos de volta, gerando renda para essas famílias.