Coluna do Meio

22 de fevereiro de 2022

Empresas em direção ao futuro

Luiz Marcatti

 

Toda empresa precisa ter a capacidade de fazer projeções, além de avaliar o contexto externo e as condições do seu próprio mercado. Desenvolver alguma previsibilidade contribui para superar desafios e sobreviver a momentos tão complexos e de tantas incertezas como as provocadas pela pandemia da Covid-19. Quanto mais sintonizada a empresa estiver, melhor sua capacidade de lidar com pequenas mudanças ou mesmo acontecimentos que abalem pressupostos conhecidos, adquirindo uma percepção melhor sobre mudanças futuras.

No Brasil, a ruptura dos modelos econômicos, políticos e sociais começou já na década de 1980, com a recessão de 1981/1983, a reforma da Constituição Federal e os vários planos econômicos que se sucederam. O ataque às Torres Gêmeas em 2001, a crise mundial de setembro de 2008, deflagrada pela falência do banco de investimento americano Lehman Brothers e a atual pandemia de covid-19 são exemplos eloquentes de eventos que transformam o mundo, a economia, as barreiras organizacionais e a liderança.

Em circunstâncias como essas, um número surpreendente de executivos pode ficar prisioneiro das próprias convicções em relação ao futuro do seu negócio e diminuir sua capacidade de ajustar estratégias à nova realidade. A empresa, então, passa a viver uma “dissonância estratégica”. O risco da dissonância é o risco de se ter pressupostos ultrapassados e que resultarão em estratégias perdedoras.

Apesar da consciência acerca da não linearidade no dia a dia das empresas, existe uma resistência em aceitar mudanças. Os modelos mentais presentes na organização nem sempre estão aptos a captar o dinamismo das mudanças. Cria-se um mecanismo de defesa que custa a lidar com a necessidade, na grande maioria das vezes, de realizar uma ruptura com o presente.

Essa dissonância cognitiva, quando as ações entram em conflito com as percepções, leva à dissonância estratégica que afeta o futuro dos negócios, dada a dificuldade de líderes se desapegarem do modelo bem-sucedido presente. Neurocientistas acreditam que são as barreiras emocionais como o medo, as barreiras de percepção como as heurísticas de pensamento e as barreiras culturais como hábitos e costumes que interrompem o acesso a esse potencial imaginativo.

A governança e a liderança devem cada vez mais estimular a preparação para as mudanças, pequenas ou grandes. Tão importante quanto uma empresa mais diversa e inclusiva, que impulsiona a atração de talentos, a criatividade e novas culturas organizacionais, é a promoção da diversidade de habilidades, atitudes e aptidões. Preparar-se para as novas dinâmicas envolve revisão de modelos antigos e aprimoramento, por exemplo, do papel da liderança, processos de reconhecimento e premiação, oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento pessoal, critérios de recrutamento, entre outros. Tais ações devem buscar sintonia com o negócio atual e permitir desenhá-lo para o futuro.

 

*Sócio e presidente da MESA Corporate Governance

Sobre a MESA Corporate Governance

A MESA Corporate Governance trabalha a governança corporativa e familiar na dimensão humana do poder, dinheiro e afeto. A empresa é constituída por uma equipe de consultores especialistas e experientes que atendem às necessidades nos diferentes momentos de modernização de empresas de origem familiar ou multissocietárias, quer sejam de capital fechado ou com ações listadas em bolsas de valores. Também é filiada às seguintes entidades e instituições: AMCHAM Brasil, IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, ICGN – International Corporate Governance Network, FBN – Family Business Network e NACD – National Association of Corporate Directors.