DIA MUNDIAL DAS ÁREAS ÚMIDAS

Ministério do Meio Ambiente discute a importância da preservação das áreas úmidas

8 de fevereiro de 2022

Especialistas participaram de live que destacou a importância das áreas úmidas para a preservação da biodiversidade e sequestro de carbono

 

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Foto: Sítio Ramsar PARNA Pantanal Matogrossense/José Medeiros

 

 

A preservação das áreas úmidas brasileiras é fundamental para a manutenção da biodiversidade do país e tem um papel importante no sequestro e armazenamento de carbono. Essa é a conclusão de especialistas da área que participaram de uma live promovida pelo Ministério do Meio Ambiente para comemorar o Dia Mundial das Áreas Úmidas, celebrado nesta quarta-feira (02).

A professora Maria Teresa Fernandez Piedade, do Grupo Mauá “Ecologia, Monitoramento e Uso das Áreas Úmidas”, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), abordou a importância das áreas úmidas para manutenção da biodiversidade. Ela fez um relato histórico da Convenção de Ramsar sobre Áreas Úmidas, assinado na época de sua criação por 18 nações, na cidade iraniana de Ramsar, e que entrou em vigor em dezembro de 1975 como o primeiro dos modernos tratados intergovernamentais globais sobre a conservação e o uso sustentável de recursos naturais. A medida foi promulgada no Brasil em maio de 1996. Atualmente 176 países fazem parte da Convenção.

Maria Teresa destacou que a criação do Comitê Nacional de Zonas Úmidas (CNZU) foi um avanço fundamental, por ser um colegiado responsável por discutir a internalização da Convenção no Brasil, promovendo discussões acerca da conservação e uso sustentável das áreas úmidas. Segundo ela, 30% da bacia amazônica se enquadra em critérios internacionais de zonas úmidas. Outro bioma importante de área úmida no Brasil é o Pantanal, com cerca de 150 mil km² de terra alagada.   “[Esses ambientes] purificam a água, recarregam as águas subterrâneas, retêm sedimentos, regulam o microclima e abrigam uma mega biodiversidade. O Brasil é um país megadiverso em parte porque tem uma mega diversidade de áreas úmidas também”, ressaltou a professora.

Maria Tereza frisou ainda que na várzea amazônica existem mais de mil espécies de árvores adaptadas à inundação e que isso beneficia tanto os animais aquáticos quantos os que vivem sobre a floresta.


Sequestro de carbono

O professor Mário Luiz Gomes Soares, do Núcleo de Estudos em Manguezais da Faculdade de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, lembrou que os manguezais estão em quase toda a faixa litorânea brasileira. São 1,3 milhão de hectares, sendo que o trecho entre o Maranhão e o Amapá abriga cerca de 80% dos manguezais brasileiros e conta com 6.500 km² desse tipo de floresta. Ele destacou a importância dos manguezais no sequestro e armazenamento do carbono. “Quando a gente considera o carbono subterrâneo, que está tanto na biomassa de raízes quanto o armazenado no sedimento dos manguezais, esse sistema toma uma magnitude como reservatório de carbono extraordinária, podendo chegar de seis a até dez vezes mais carbono por área do que as florestas tropicais terrestres”, destacou.

Para o professor, os manguezais são um importante mercado de carbono. Ele apresentou um estudo das áreas de mangue do estado do Rio de Janeiro, que ocupam cerca de 18,2 mil hectares, e tem um valor estimado de R$ 500 milhões em mercado de carbono.  São 8,5 milhões de toneladas de carbono e a projeção de valores não leva em conta o carbono sequestrado anualmente. “Existem diversas outras funções das áreas úmidas, e aqui especificamente dos manguezais, que têm que ser consideradas e também agregam valores, inclusive o valor econômico, sem contar o valor ecológico e o valor social dessas áreas”, concluiu.

Sesc Pantanal

Cristina Cuiabália, gerente de pesquisa e meio ambiente do Sesc Pantanal, apresentou as ações desenvolvidas pela entidade. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc Pantanal é a maior reserva privada do Brasil. Localizada em Barão do Melgaço, no sul do Mato Grosso, abrange uma área de 108 mil hectares. Lá já foram desenvolvidos cerca de 70 projetos de pesquisas que resultaram em 170 publicações. São aproximadamente 200 pesquisadores de mais de 60 instituições parceiras envolvidos nas pesquisas.

Dia Mundial das Áreas Úmidas

Com o tema “Agir pelas áreas úmidas é agir para a humanidade e para a natureza”, a live do Ministério do Meio Ambiente em comemoração ao Dia Mundial das Áreas Úmida teve o objetivo de estimular a realização de atividades que chamem a atenção da sociedade para a importância dessas áreas.

“Isto é fundamental para que se reconheça a importância ecológica e o valor social, cultural, científico e recreativo das áreas úmidas. O foco da campanha de Ramsar deste ano é uma chamada urgente à ação. É um apelo para mais investimento financeiro, humano e político, a fim de evitar que as áreas úmidas do mundo desapareçam completamente, e para restaurar as que já perdemos”, destacou João Raphael Gomes, Gerente de Projeto no Departamento de Ecossistemas da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente.

Um sítio Ramsar é uma zona húmida classificada como local de importância ecológica internacional ao abrigo da Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional.

“As áreas úmidas proporcionam quase toda a nossa água doce e o Brasil é o país que possui a maior área sob sítio Ramsar. É muito importante todos estarmos aqui reunidos para falarmos desse tema de altíssima importância e o Ministério do Meio Ambiente é o ponto focal administrativo e técnico de Ramsar no Brasil e tem como principal papel fazer com que as orientações da convenção sejam internalizadas no Brasil por meio de políticas públicas”, ressaltou a secretária da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente, Marta Giannichi.