REDUÇÃO DE EMISSÕES

“Seremos o grande protagonista do mercado de carbono”, afirma ministro do Meio Ambiente em entrevista à EBC

14 de fevereiro de 2022

No Programa Brasil em Pauta desta semana, Joaquim Leite também falou da participação do Brasil na COP26

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Foto: Priscila Forone/Divulgação

 

 

Em entrevista ao programa Brasil em Pauta, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), no último domingo (6), o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, explicou o que é o mercado global de carbono e como o Brasil está se preparando para atrair os olhos de outros países nesse comércio. O bate-papo também tratou dos resultados da Conferência das Nações Unidas sobre Clima (COP26).

Para o ministro, o Brasil tem diferenciais que o colocam à frente de outros países quando o assunto é o mercado de carbono. “[Seremos] o grande protagonista desse mercado, com praticamente 20 a 25% das exportações ou das transações”, estimou Leite durante a participação no programa.

A principal qualidade brasileira, segundo o ministro, é a diversidade de produtos a serem comercializados, que vão desde créditos de vegetação nativa, de energia renovável, de redução de emissões de aterros sanitários, especialmente do metano, até atividades de agricultura e indústria de baixo carbono.

Ao explicar o mercado de carbono, Leite deu o exemplo de como uma granja de aves e suínos poderá contribuir para a redução de emissões de gases de efeito estufa, ao mesmo tempo que economiza na sua linha de produção. O metano produzido pelos resíduos dos animais, que iria para a atmosfera, pode ser purificado e se transformar em um combustível limpo. Assim, é possível substituir óleo diesel por biometano em tratores e veículos pesados.

Outro diferencial do Brasil, de acordo com Leite, é que o governo vai criar uma regra mínima para emissão de crédito de carbono no país. A ideia é que os projetos tenham contrapartidas para proteção da biodiversidade, bem como atividades de desenvolvimento de comunidades locais, gerando renda e emprego, por exemplo.

Mercado nacional

“Hoje, nós temos que nos preparar para termos uma estrutura de mercado nacional para poder atender as exigências internacionais”, pontuou o ministro. Segundo Leite, tanto o Ministério do Meio Ambiente quanto o Ministério da Economia e o Banco Central estão desenhando como vai funcionar esse tipo de comércio no Brasil.

“Estamos estruturando o mercado nacional. O mundo está estrutural o mercado global. Estamos desenhando acordos setoriais para [definir a] melhor forma para a exportação de crédito”, complementou. Atualmente, o Brasil conta com o mercado voluntário de carbono, que atende à demanda por créditos de empresas ou pessoas físicas que decidem reduzir as emissões de gases de suas atividades econômicas de forma voluntária.

“Após a criação do mercado global, o mercado voluntário [no Brasil] está bastante relevante, com alta da demanda e dos preços. Falta crédito de carbono de floresta nativa para suprir a demanda das empresas que têm interesse em compensar suas emissões e não conseguem reduzir na velocidade que todos queriam”, afirmou o ministro.

COP26

Em novembro do ano passado, o governo brasileiro participou da 26ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Glasgow, na Escócia, onde anunciou a meta de reduzir em 50% as emissões de carbono até 2030.

“A participação do Governo Federal e dos empresários durante a conferência do clima foi muito importante para mostrar um Brasil que é parte da solução desse desafio climático de redução de emissões”, disse o ministro durante a entrevista.

Ele acrescentou que o governo apresentou mais de cem casos de projetos de sustentabilidade e de economia verde durante o evento. “Não é só se comprometer, é agir. O Brasil mostrou que é um país que faz, que tem atividades sustentáveis”, ressaltou.

Durante a entrevista ao Brasil em Pauta, Joaquim Leite também falou sobre a importância da criação da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais e da modalidade do programa Floresta+ chamado de Floresta+ Carbono. A iniciativa busca recompensar quem reduz emissões.

“[O objetivo é] reconhecer e remunerar a atividade de quem cuida de floresta utilizando carbono como principal indicador, indicador de desempenho de projeto”, explicou Leite. O ministro também lembrou que o presidente Jair Bolsonaro sancionou em 2021 a Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais.