ICMBio inicia prevenção a incêndios
29 de março de 2022Queimas prescritas e outras ações que integram o Manejo Integrado do Fogo já estão em curso nas unidades de conservação
– Foto: Queima prescrita na Chapada dos Veadeiros (Acervo Parna Chapada dos Veadeiros)
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) já iniciou as atividades de prevenção a incêndios nas unidades de conservação. As ações fazem parte do Manejo Integrado do Fogo (MIF), a principal estratégia adotada pelo ICMBio para prevenir e diminuir os impactos negativos causados por incêndios na época da seca.
O Manejo Integrado do Fogo é uma estratégia adotada por países como Portugal, Estados Unidos e Austrália e que se baseia em três pilares: a ecologia do fogo (como o fogo reage com o ambiente, pesquisa e monitoramento), socioeconômicos (quem usa e por qual motivo) e exclusão do fogo (combate propriamente dito).
Uma das ações realizadas é a queima prescrita, que consiste em usar o fogo em uma determinada parcela. A ideia é diminuir o combustível acumulado (como o material orgânico depositado sob o solo) para que, na época da seca, ele não alimente ainda mais as chamas. Este tipo de queima não causa poluição atmosférica e nem prejudica o solo e os animais.
Em janeiro, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, iniciou suas ações de prevenção. Por lá, o fogo é usado para favorecer a rebrota de espécies nativas, assim como permite o manejo de espécies exóticas como parte do processo de restauração ecológica do Cerrado. Ao todo, serão 8000 hectares previstos para manejo que devem ser executados até abril.
Além das queimas, a unidade pretende implementar 15 km de aceiros, que é uma faixa sem vegetação que serve como proteção a uma determinada área e ainda pode ser usada como linha de defesa durante o combate.
Outra unidade de conservação que iniciou suas atividades de prevenção foi o Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais. Por lá, as ações iniciaram ainda em janeiro e prosseguiram durante os meses de fevereiro e março. A UC mineira planejou um manejo de 14,8 mil hectares, uma expansão de 2,3 mil hectares em relação ao ano passado. Diferente de outras unidades, a janela de “queima” (como é conhecido o período no qual as queimas prescritas são realizadas) do Parque Nacional da Serra da Canastra ocorre durante o período de chuvas, com alta umidade, por possuir uma grande continuidade horizontal da vegetação e falta de barreiras que contenham o fogo.
Nas próximas semanas, unidades como Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, no Mato Grosso; Parque Nacional das Emas, em Goiás; Floresta Nacional de Brasília e Parque Nacional de Brasília devem iniciar as atividades preventivas ainda neste mês.
Fogo contra fogo
O fogo pode ser um grande aliado para prevenir incêndios, desde que ocorra num período pré estabelecido, geralmente antes da seca. Esta é a época na qual o fogo tem ignição natural (como raios), sendo um elemento crucial para a renovação de pasto e influenciando na floração e reprodução de plantas e animais.
Neste tipo de queima, após avaliação de velocidade do vento, relevo e vegetação (realizadas no escritório por imagens de satélite e em campo, por meio de instrumentos de mensuração), é estabelecido o local de queima. Então, um brigadista percorre o perímetro com uma ferramenta chamada pinga fogo e espera a propagação das chamas dentro da área esperada. A brigada sempre fica à postos em caso de eventualidades.
Ao contrário do incêndio florestal, o fogo controlado tem a fumaça branca (indicativo que não foi consumido todo o material orgânico da planta, o que a leva à morte) e o substrato proveniente da queima é preto (ao invés de cinza).
Comunicação ICMBio
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