SERRA DA CAPIVARA

PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CAPIVARA

2 de maio de 2022

As razões para fazer turismo arqueológico no Piauí e conhecer os brasileiros com mais de 50 mil anos.

 

O potencial turístico da região é imenso por isso é a grande vocação econômica para dar emprego e melhorar a renda

 

 

A região abriga, na verdade, dois parques: além do Parque Nacional Serra da Capivara, há também o Parque Nacional Serra das Confusões. Ambas com paisagens e lugares deslumbrantes, que há anos fascina quem chega lá. Ali está uma das maiores densidades de sítios arqueológicos com arte rupestre do mundo, com figuras e desenhos de beleza impressionante e grande qualidade artística. São vários sítios arqueológicos e paleontológicos preservados, que recebem visitas e são motivo de estudos por especialistas. Tudo isso possui uma beleza extraordinária para qualquer turista.

 

 

Segundo a cientista Niède Guidon, a região já foi habitat de animais gigantes. A megafauna fóssil do parque nacional inclui mais de 30 espécies, das quais as maiores (uma preguiça gigante e um mastodonte) pesavam mais de 5 toneladas. A extinção desses bichos ocorreu há aproximadamente 10.000 anos, no fim do período chamado Pleistoceno (o que corresponde na América do Norte e na Europa ao fim da época glacial), com a conseguinte mudança climática global. Há investigadores que também creem que seus desaparecimentos foram causados pelo homem. A fauna atual conta com menos de 20 espécies, sendo que a maior delas – a onça – não supera os 120 kg.

 

MUSEU DO HOMEM

No centro das pesquisas está a Fundação Museu do Homem Americano, a Fumdham < www.fumdham.org.br >, existente desde 1986 e com sede em São Raimundo Nonato, no Sudeste do Piauí.

É uma instituição científica, filantrópica e sem fins lucrativos, e foi criada por uma equipe de pesquisadores que compunham uma cooperação científica binacional, sob a liderança da antropóloga Niéde Guidon.

 

ANDORINHAS MIGRATÓRIAS

Outro espetáculo da natureza acontece todos os dias ao cair da tarde, na Serra Vermelha, dentro do Parque Nacional. É o espetáculo das andorinhas. Ao lado de uma estrada que corta o planalto no sentido leste-oeste há um vale estreito e profundo com uma enorme quantidade de cavernas. Na hora do pôr-do-sol, as andorinhas se reúnem em um ponto específico do céu, bem no alto, ficam dando voltas e voltas até que, de repente, mergulham em alta velocidade entrando pelos grotões para pernoitar nas cavernas. Essas andorinhas vêm do Sul do Brasil durante o inverno, e do Canadá nos meses de outubro a fevereiro.

FORÇA DO TURISMO

A riqueza arqueológica da região mostra um forte contraste com a situação de pobreza das populações que vivem nos municípios vizinhos. Para a sorte deles, a equipe científica da FUMDHAM é comprometida em levar o resultado das pesquisas para a sociedade de forma a reverter esses resultados em desenvolvimento para a região.

Os estudos desenvolvidos por especialistas mostram que a melhor opção para alavancar o desenvolvimento regional é mesmo o turismo.  Segundo técnicos e professores especializados, para que essa opção tenha o sucesso que merece, ainda é necessário muito trabalho na infraestrutura e em educação nos municípios que circundam o Parque, com foco na prestação de serviços. Mesmo assim, quando se fala em beleza natural e informação arqueológica, a Serra da Capivara se destaca em relação a outros sítios que existem no Brasil, sendo que nenhum outro mereceu o título de Patrimônio Mundial.

NIÈDE GUIDON

Cientista da arte rupestre

 

 

 

 

Paulista de Jaú, Niède Guidon se formou em História Natural na USP e há décadas pesquisa um dos mais importantes sítios do mundo em arte rupestre. Ela é a verdadeira guardiã dos tesouros arqueológicos do Parque Nacional da Serra da Capivara. Reconhecida internacionalmente pelo seu trabalho científico, Niède Guidon é arqueóloga e doutora pela Sorbonne. Foi o seu trabalho, sua luta e sua dedicação que gerou a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Niède luta pelo seu ideal de tornar a pobre região do Piauí em grande centro turístico. Ela quer mudar o perfil econômico da área com investimentos em turismo e dar ao Brasil um enorme patrimônio cultural. “É inútil falar em proteção ambiental em regiões como São Raimundo Nonato, onde as pessoas estão morrendo de fome, sem criar alternativas de trabalho. Se algo não for feito imediatamente, os sítios serão destruídos, a paisagem degradada e o ecossistema – único na região – será aniquilado”.

É por esta luta para impedir a depredação e para criar condições de preservação do parque que Niéde e sua equipe não desistem. Niéde Guidon é guerreira e aprendeu a ser uma legítima sertaneja honorária. É antes de tudo forte. (Silvestre Gorgulho)