Vistorias e combate a larvas reduzem risco de dengue no DF

19 de maio de 2022

Boletim Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti no DF (Liraa) revela resultados do trabalho de prevenção. Índice de infestação predial na capital saiu da classificação ‘em alerta’, em janeiro, para ‘satisfatório’

 

Rafael Secunho, da Agência Brasília I Edição: Débora Cronemberger

O trabalho de combate à dengue no Distrito Federal começa no nascedouro, ainda na fase larvária do Aedes aegypti, transmissor da doença. E levantamentos feitos pela Secretaria de Saúde mostram que esta ‘guerra’ tem surtido efeito: a infestação do mosquito no DF está em queda. O boletim Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti no DF (Liraa) de abril, divulgado este mês, mostra que o índice de infestação predial na capital saiu da classificação “em alerta”, em janeiro, para “satisfatório”.

 

Agentes de vigilância ambiental vistoriaram quase mil locais para os resultados do boletim Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti no DF (Liraa) | Foto: Tony Oliveira/Agência Brasília

Além dessas classificações, a outra, mais grave, é a de ‘risco de surto’. A pesquisa usa metodologia preconizada pelo Ministério da Saúde e analisa a quantidade de imóveis que possuem recipientes com larvas em todas as 33 regiões administrativas (RAs). “Esse tipo de estudo é muito importante pois, a partir daí, a gente ataca o chamado ‘ponto quente’ onde há a presença de larvas”, explica o diretor de Vigilância Ambiental em Saúde, Jadir Costa Filho.

“Isso significa acabar com o ciclo de crescimento do mosquito, não deixar que ele chegue à fase adulta, que é a fase infectante”, acrescenta Jadir. Um trabalho de formiguinha, feito de porta em porta pelos agentes de vigilância ambiental que vistoriam os imóveis. Para o levantamento, foram quase 27 mil locais visitados. Mas, segundo a secretaria, já são cerca de 1,4 milhão de imóveis vistoriados de janeiro até o final de abril de 2022.

 

Vistorias buscam identificar focos de infestação e eliminar as larvas, para não deixar que o mosquito chegue à fase adulta, que é a infectante

Além do uso de larvicidas para eliminar os futuros mosquitos, a Vigilância Ambiental tem lançado mão de ovitrampas no enfrentamento à doença. Trata-se de uma espécie de armadilha usada para capturar os ovos de mosquitos na água parada.

Frio é um aliado contra o mosquito

Com os casos prováveis de dengue em alta em todo o País – no DF foram registrados 39.251 até o momento – o ataque às larvas e aos ovos do Aedes é uma estratégia indispensável usada pela Saúde. Mas, de acordo com o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, a mudança de clima também será um aliado importante.

“A partir de junho, com a chegada da seca em Brasília e o tempo frio, os casos da doença certamente vão diminuir”, explica. “A mudança de temperatura resulta num choque térmico que afeta as fêmeas do Aedes aegypti. Com a redução de mosquitos adultos, cai também a transmissão da dengue. É preciso observar essa sazonalidade”, aponta.

Divino frisa ainda que as ações contra a dengue são pautadas pela intersetorialidade, onde vários órgãos compartilham decisões e também o trabalho nas ruas. “É uma operação diária não só da Vigilância Ambiental, mas em conjunto com órgãos como o Corpo de Bombeiros, o SLU, que nos ajuda no manejo ambiental, o DF Legal, que fiscaliza áreas comerciais e prédios públicos, entre outros”, detalha.

Cuidado especial com o Lago Norte

Olhando de maneira mais detalhada o boletim Liraa, é possível detectar também a situação de cada RA do Distrito Federal. Dentre as 33, vinte e três delas têm o índice satisfatório e apenas o Lago Norte apresenta risco de surto. “Lá encontramos imóveis amplos, com muita matéria orgânica, calhas altas, onde os agentes muitas vezes têm dificuldade de acessar. Mas, reforçamos que é fundamental que o morador ou o funcionário permita sempre a entrada das equipes nas casas”, reforça Jadir Filho.

O ataque ao mosquito no bairro, todavia, já começou. No início deste mês, uma força-tarefa de 160 agentes foram distribuídos entre as QIs, QLs , MIs, MLs e Taquari, fazendo a abordagem dos moradores e inspecionando casas e estabelecimentos. Na Granja do Torto e nas áreas rurais do Lago Norte há agentes fixos que fazem o trabalho rotineiramente. O administrador Anderson Toledo cobra ainda a colaboração da comunidade. “Se cada morador fizer a sua parte, tirando dez minutos do seu dia, toda semana, para uma vistoria, já é suficiente para eliminar possíveis focos dentro de suas casas”, conclui.