Brasília

‘Plantar árvores é garantia de manutenção ou recuperação das nascentes’

4 de junho de 2022

Em conversa com a Agência Brasília, o secretário do Meio Ambiente relatou avanços do governo na luta pelo equilíbrio ecológico e detalhou programação da Semana do Meio Ambiente no DF

Carolina Caraballo, da Agência Brasília | Edição: Rosualdo Rodrigues

Até a próxima quarta-feira (8), o Distrito Federal celebra a Semana do Meio Ambiente com as atenções voltadas para a educação ambiental. Em meio a uma crise climática mundial, o governo vai concentrar esforços na conscientização da comunidade para a preservação do bioma e para o uso responsável da água.

Para o secretário do Meio Ambiente, Sarney Filho, o ponto alto do evento ficará por conta da assinatura de um decreto que formaliza o plano distrital Carbono Zero. “Seremos a primeira unidade da Federação a assumir o compromisso de reduzir a emissão do gás causador do efeito estufa (o CO2 ou gás carbônico)”, ressalta. “Vamos propor uma redução de 20% até 2025 e de 37,4% até 2030”.

Em entrevista à Agência Brasília, Sarney Filho detalhou o decreto e a programação da Semana do Meio Ambiente. O secretário ainda falou sobre projetos-pilotos do governo, como a geração de energia solar e o programa de recuperação de nascentes.

Foto: Lúcio Bernardo Júnior/Agência Brasília

Por que a Semana do Meio Ambiente é tão importante no mundo todo?

Ao longo dos anos, a questão ambiental foi ganhando cada vez mais relevância. Estamos vivendo um desarranjo climático global – períodos de maior estiagem, chuvas intensas, derretimento das calotas polares… Cuidar do meio ambiente não é apenas preservar uma beleza cênica, a biodiversidade. É uma questão de sobrevivência da vida no planeta Terra.

A Semana do Meio Ambiente não foi criada para ser comemorada. Foi criada para levantar reflexões, para que as pessoas tomem consciência da importância do equilíbrio ecológico, da preservação dos nossos biomas. Por isso, o principal objetivo dessa data é educar as futuras gerações. Em um mundo com quase 8 bilhões de habitantes, onde se retira da natureza mais do que ela pode repor, a educação ambiental é muito importante.

“Aqui no DF há uma sensibilidade muito grande por parte da população no que diz respeito ao uso dos espaços verdes e preservação da nossa biodiversidade”

Aqui no DF há uma sensibilidade muito grande por parte da população no que diz respeito ao uso dos espaços verdes e preservação da nossa biodiversidade. Ainda assim, não é o suficiente. Precisamos de uma conscientização ainda maior, principalmente no que diz respeito à utilização da água.

No DF, a Semana do Meio Ambiente vai até o dia 8. Como será a programação?

As ações começaram na segunda-feira (30/5), no Parque Águas Claras, com exposição fotográfica, voltada para a educação ambiental, e conversas. Já nesta sexta (3), vamos fazer a primeira de cinco blitze educativas sobre queimadas, com distribuição de panfletos explicativos e orientações – será no portão de entrada do Jardim Botânico, das 8h às 12h. Depois, no domingo (5), teremos uma caminhada com a comunidade no Parque Ecológico das Copaíbas, às 8h, no Lago Sul.

Para segunda-feira (6), está marcado um ato muito importante. O governador Ibaneis Rocha vai assinar um decreto que formaliza a intenção de reduzir as emissões de gás carbônico no DF. Seremos a primeira unidade da Federação a ter determinado, por decreto, o plano de caminhar rumo à emissão zero do gás causador do efeito estufa.

“Atualizamos o inventário das nossas emissões e constatamos que os veículos são os principais responsáveis pelo gás carbônico lançado no ar do DF”

Ainda na segunda-feira, o projeto Recupera Cerrado estará na Orla Norte do lago Paranoá com atividades de educação ambiental. Essa ação se estenderá para além da Semana do Meio Ambiente – vai até o dia 10, pela manhã e à tarde. Vamos promover oficinas, semeadura de mudas de espécies nativas do cerrado e distribuição de cartilha contendo, de forma lúdica e didática, explicações sobre o nosso bioma.

Faremos também uma mobilização educativa na Rodoviária do Plano Piloto, na terça-feira (7). Com a participação de empresas privadas, do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) e de catadores de material reciclável, daremos orientações sobre reciclagem e destinação de resíduos sólidos. A ação ainda terá coleta de equipamentos eletrodomésticos e atrações culturais.

Por fim, o projeto CITinova fará apresentações sobre energia fotovoltaica em dois centros de ensino médio, um no Guará e outro em Taguatinga. Essas atividades estão marcadas para terça e quarta-feira (8).

O decreto que trata das emissões de gás carbono é um passo importante que o DF dará em direção ao enfrentamento das mudanças climáticas? O que o senhor pode detalhar desse compromisso?

“Plantar árvores, e cuidar para que elas possam crescer, é garantia de manutenção ou recuperação das nascentes”

Nossa proposta é reduzir a emissão do gás causador do efeito estufa em 20% até 2025 e em 37,4% até 2030, tomando por base as emissões medidas em 2003. Atualizamos o inventário das nossas emissões e constatamos que os veículos são os principais responsáveis pelo gás carbônico lançado no ar do DF.

Já nos reunimos com o secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casimiro. Estamos conversando sobre o favorecimento do uso de biocombustível, como o etanol e o biodiesel, e sobre a priorização de transportes públicos como o BRT e o metrô, que não utilizam combustível fóssil. O enfrentamento da mudança climática global é urgente e demanda atuação por parte de todos os países, estados e cidades.

A geração de energia fotovoltaica, uma das apostas do CITinova, também coloca o DF na linha de frente do combate às mudanças climáticas. Como está o andamento deste projeto-piloto?

A ideia inicial é suprir o gasto de energia de dez escolas, 42 parques, Jardim Botânico, Jardim Zoológico e a sede do Brasília Ambiental. Para isso, placas de captação de energia solar serão instaladas no Hospital Público Veterinário, no Parque Ezechias Heringer (Guará) e no Parque Ecológico Dom Bosco (Lago Sul). Além disso, teremos uma usina solar em Água Claras.  A energia solar, captada por meio de placas, é limpa e barata. Fará com que o DF esteja dentro do que há de mais moderno na geração de energia e no combate às mudanças climáticas.

O Recupera Cerrado conta com a população no trabalho de preservação do equilíbrio ecológico. Como o projeto funciona?

O Recupera Cerrado é um projeto-piloto do GDF. Trabalhamos com a capacitação de agricultores e demonstramos às comunidades como é possível recuperar nascentes e áreas degradadas com plantio e isolamento. Plantar árvores, e cuidar para que elas possam crescer, é garantia de manutenção ou recuperação das nascentes.

Estamos concluindo a etapa rural do programa, um trabalho feito em 70 hectares de cerrado. Já recuperamos as nascentes Serrinha do Paranoá e Córrego do Ipê, a Bacia do Descoberto e a Arie (Área de Relevante Interesse Ecológico) Granja do Ipê.