Projeto Capivaras 1

CAPIVARAS URBANAS

1 de julho de 2022

Brasília faz estudo inédito sobre capivaras com objetivo é evitar conflito com a população.

Por Márcia Turcato, de Brasília

 

As capivaras vivem em lagos e rios urbanos, como na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, na Pampulha, em Belo Horizonte, ou às margens do Lago Paranoá, em Brasília? O que elas comem, quais são seus hábitos, quais são os outros animais e vegetais que compartilham seu habitat? Brasília quer conhecer melhor o mundo das capivaras candangas. Por isso, a Secretaria de Meio Ambiente do Distrito Federal firmou parceria com a Universidade Católica de Brasília (UCB) para a realização do estudo “Identificação e Monitoramento da População de Capivaras no Lago Paranoá”. O trabalho é realizado com recursos do Fundo Único do Meio Ambiente (Funam) e tem duração de 15 meses.

 

O objetivo do estudo é estimar, por meio de censos e avaliação da qualidade do habitat, a variação do número de capivaras e condições gerais de vida, para subsidiar políticas públicas e reduzir conflitos com a população humana.

 

 

A iniciativa tem como uma de suas metas a educação ambiental, voltada à conscientização da população sobre a biologia das capivaras e a boa convivência entre estes animais e o ser humano.  As ações, até o momento, estão voltadas para a coleta de informações sobre a percepção da população sobre as capivaras na orla do lago e a realização de oficinas para parque-educadores e jovens de escolas públicas.

O projeto assumiu urgência porque as capivaras passaram a conviver com os humanos e animais domésticos há muito tempo. A partir de 2017, intensificou com a desocupação da orla do lago Paranoá. “Até 2017, os proprietários destes imóveis estendiam sua ocupação até a margem do lago, muitas vezes ignorando a área de preservação permanente constituída pelos 30 metros a partir do espelho d’água e cuja propriedade é do Governo do Distrito Federal”, explica a bióloga Morgana Bruno, coordenadora do projeto, professora da UCB e doutora em Ecologia pela Universidade de Brasília. O pesquisador voluntário José Roberto de Alencar Moreira, doutor em Reprodução e Manejo de Capivaras pela Universidade de Oxford (UK), também participa da ação, além de extenso grupo de alunos da UCB e voluntários de várias áreas do conhecimento.

A partir de uma sentença judicial, foi iniciada a desocupação da orla do lago e a nova situação trouxe desafios ao Poder Público. É necessário recompor a vegetação nativa, implantar unidades de conservação e gerir esses espaços públicos de acordo com a demanda social, construindo serviços ambientais e contribuindo para as metas de conservação ambiental do DF.

 

 

Nos locais onde há mais concentração dos animais e que têm acesso público, deverão ser criadas regras para a convivência.

 

 

CONVÍVIO URBANO

O secretário de Meio Ambiente do DF, José Sarney Filho, destaca que “os estudos sobre as capivaras da orla do lago Paranoá, iniciados em 2021, visam oferecer subsídios para uma política de manejo e monitoramento das capivaras, ao lado de um grande trabalho de educação ambiental em relação à espécie”.

Ele salienta também que “desejamos esclarecer dúvidas sobre a quantidade, condições gerais de vida da espécie, zoonoses e identificar as principais causas de conflitos com os humanos. Tudo isso envolve, além da pesquisa de campo, um amplo trabalho de educação ambiental, com campanhas de esclarecimento, que já começaram.”

O objetivo do estudo é estimar, por meio de censos e avaliação da qualidade do habitat, a variação do número de capivaras e condições gerais de vida, para subsidiar políticas públicas e reduzir conflitos com a população humana. Para tanto, a pesquisa tem foco especial na divulgação de informações e resultados de campanhas de educação ambiental. Além disso, estão sendo identificados os locais de maior ocorrência de carrapatos na orla do lago. A pesquisa também utilizou dados de estudos anteriores para informações correlatas referentes à saúde, riscos de zoonoses e densidade populacional para fins de comparação.

 

 

Para o secretário Sarney Filho do Meio Ambiente, os pesquisadores vão a campo para estimar, por meio de censos e avaliação da qualidade do habitat, a variação do número de capivaras e condições gerais de vida, a fim de subsidiar políticas públicas e reduzir conflitos com a população humana.

 

REGRAS DE CONVIVÊNCIA

“As capivaras vivem em ambientes alagados de rios, de lagos, de pântanos e até de manguezais”, explica a pesquisadora Morgana Bruno. Ela ressalta que os animais, que são roedores, já habitavam a região bem antes de ela ser povoada pelos seres humanos. Segundo a bióloga, os resultados do estudo devem ficar prontos até o final deste ano. “Nós já percebemos que boa parte do lago é cercada, o que pode forçar essas populações a se concentrarem em alguns pontos”, pondera.

 

 

 

Pesquisadora Morgana Bruno: “As capivaras vivem em ambientes alagados de rios, de lagos, de pântanos e até de manguezais”.

 

Nesses locais de concentração dos animais e que têm acesso público, deverão ser criadas regras para a convivência, com a colocação de avisos sobre como as pessoas devem se comportar quando se encontrarem com capivaras para evitar problemas. Já houve ocorrência de briga de capivaras com cachorros e também de dois acidentes com pessoas que estavam nadando no lago.