CAPIVARA de estimação

QUANDO O MUNDO ME COLOCOU “A CAVALO” NUMA CAPIVARA

1 de julho de 2022

  Tenho muitos amigos e amigas jornalistas. Gosto de ler todos eles no FACEBOOK. Sempre contam histórias do dia-a-dia e da vida com muita graça e delicadeza. Cristina Serra, que foi candidata à presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, um dia contou uma história interessante. Cristina é uma jornalista assim: bela repórter e… Ver artigo

Silvestre Gorgulho

 

Tenho muitos amigos e amigas jornalistas. Gosto de ler todos eles no FACEBOOK. Sempre contam histórias do dia-a-dia e da vida com muita graça e delicadeza. Cristina Serra, que foi candidata à presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa, um dia contou uma história interessante. Cristina é uma jornalista assim: bela repórter e repórter bela. Paraense, ela formou a dupla-sertaneja “Cristina e Cristiana” no Programa do JÔ, com a goiana Cristiana Lobo – ah! que saudades da Cristiana. Pois, Cristina Serra contou a história do seu macaquinho de estimação. Fiquei incentivado a contar, também a história da minha capivarinha de estimação.

 

Única foto que tenho de minha capivara de estimação: meu pai Miguel Gorgulho, à esquerda, com meu tio Raimundo Fleury Curado, acariciando meu PET.

 

Eu morava com meus pais na fazenda do Aterrado, a uns 20 km de São Lourenço, Sul de Minas. Um dia meu pai trouxe do campo um filhotinho de capivara que estava perdido da mãe. Criei o filhotinho. Ele pastava normalmente, mas todo dia cedo eu dava leite com pão para ele. Comia de fazer gosto.

Quando ficou adulta, a capivara costumava sair de casa e demorava às vezes até uma semana para voltar. Mas sempre voltava. Tinha o rio Verde e muita mata perto de casa.
Sempre era uma festa na volta da minha capivara. Ela chegava e de longe, quando me via, vinha numa correria doida onde eu estava. Aquilo já era natural pra mim.

Uma vez, estávamos na varanda de casa, Meu pai Miguel Gorgulho, um irmão de meu pai, tio Antônio Gorgulho, que morava no Rio de Janeiro, e um amigo de meu tio, também do Rio.
De repente, me assustei com os dois. Meu tio e o amigo dele, se levantando, saindo correndo e gritando:
– Olha ali, um bicho… um BICHO!

Era a minha capivara já a uns 100 metros de casa. Saí correndo para encontrá-la e ela veio cheio de dengo. Montei nela e cheguei em casa “a cavalo” na capivara. Papai gostava de contar muito esta história, porque o irmão dele e o amigo ficaram apavorados, depois surpresos e encantados com a cena.
Hoje fico pensando: o cara que era do Rio de Janeiro, da civilização, bem podia ter uma câmera fotográfica para clicar aquela proeza. Mas não tinha.

Mas a história da capivara terminou muito triste para mim. Me fez chorar demais.
Numa dessas fugidas de casa, ela voltou toda machucada, sangrando, com mordidas espalhadas pelo corpo.
Foi um desespero. Papai pegou a capivara e levou para um primo dele que era médico-farmacêutico, em São Lourenço. O doutor Niquinho – como todos conheciam – olhou a capivara, deu não sei quantas lavadas nas feridas, fez curativos e arrumou várias pomadas pra gente passar nos machucados. E a capivara foi melhorando. Aprendeu a lição e não saiu mais de casa. No máximo, ía até um poço que tinha no fundo do quintal de casa.
Até que um dia a capivara amanheceu morta. Chorei muito. Mas o que mais me fazia chorar é que chegou um empregado da fazenda, olhou a capivara estendida no chão e foi logo dizendo para meu pai:
– Seo Miguel, me dê essa capivara. Vou fazer óleo. Vale muito. É bom para erisipela, pro fígado… É um santo remédio. Pego um bom dinheiro lá na feira.
Eu aos berros já imaginava o cara colocando a capivara no fogo, num panelão, para tirar o óleo.
Só parei de chorar quando meu pai prometeu não dar a capivara. Pedi para enterrar perto do poço onde ela gostava de nadar.
Mas sabe de uma coisa? Eu, com uns 5 anos, não me lembro do enterro.
Mas ao relembrar esse fato de infância, fui ao Google para ver ser se de fato o óleo de capivara tem sua valia. E não é que tem! O Google tem mais de 28 mil citações sobre óleo e banha de capivara. Teses de mestrado e o Mercado Livre ofertas para todos os gostos medicinais e massagens. Está lá: o óleo de capivara restaura as alterações metabólicas causadas pela obesidade. Nossos achados indicam que o óleo de capivara possui efeitos positivos na histopatologia do fígado, melhorando a esteatose hepática e o grau de inflamação do tecido e restaurando as anormalidades na morfologia e função mitocondrial.

Cá prá nós, pensando bem, estou achando que minha capivara de estimação virou mesmo óleo.

 

 

 

 

 

 

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