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Alertas de desmatamento fecham mais uma temporada de ‘destruição’ com taxas ‘bastante elevadas’, dizem entidades

12 de agosto de 2022

De agosto de 2021 até o dia 31 de julho deste ano, houve alerta de desmatamento de 8.590 km² de área da floresta.

Por Roberto Peixoto, g1

Dados de desmatamento foram atualizado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

Dados de desmatamento foram atualizado nesta sexta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). — Foto: Marcos Vergueiro/Secom-MT

 

 

Dados divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que o acumulado de alertas de desmatamento na temporada 2021-2022 teve uma leve queda em comparação com a temporada anterior.

Entretanto, ambientalistas avaliam que as taxas ainda continuam “bastante elevadas” e são um reflexo de mais um ano da política de “favorecimento do crime ambiental” do atual governo.

“É mais um número que estarrece, mas não surpreende: o desmatamento fora de controle na Amazônia resulta de uma estratégia meticulosa e muito bem implementada de Bolsonaro e seus generais para desmontar a governança socioambiental no Brasil”, afirma Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

A última temporada, que vai de agosto de 2021 a julho de 2022, foi a terceira pior em cinco anos, atrás apenas da temporada de 2019/2020 e 2020/2021. O acumulado de alertas de desmatamento em 2022 na Amazônia foi de 8.590 km², segundo dados divulgados nesta sexta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

“O que chamou atenção nos sobrevoos que realizamos neste último ano, além do avanço do desmatamento, é a quantidade de grandes áreas desmatadas em terras públicas não destinadas, em propriedades privadas e até mesmo em áreas protegidas”, afirma Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Segundo a entidade, os alertas de desmatamento do mês de julho fecharam “mais um ano de destruição” e reiteram que o desmatamento da Amazônia “não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade”, mas sim de um “esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que sentem-se protegidos pelo derretimento das políticas de proteção ambiental e combate ao desmatamento que ocorreram nos últimos anos”.

“Os números são resultado de uma política de favorecimento do crime ambiental, adotada pelo governo desde o primeiro dia de mandato”, alerta Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.
“Sob Bolsonaro os órgãos de fiscalização foram sucateados, o orçamento para combater o desmatamento foi diminuído e pela primeira vez na história tivemos um ex ministro de meio ambiente que renunciou ao cargo para não ser preso por crime ambiental. Estamos assistindo a um plano de extermínio da Amazônia, implementado a plena luz do dia e que pode levar a floresta ao seu ponto de colapso”, completa Astrini.

Para Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil, os números são bastante elevados e apontam pelo terceiro ano consecutivo o panorama do desmonte ambiental do atual governo.

“O que a gente vê agora com o fechamento do calendário de 2022 é uma forte associação ao desmonte de uma estrutura de governança e proteção territorial na Amazônia”, avalia a especialista.