Arraias são gravadas fazendo sons pela primeira vez no meio ambiente
5 de agosto de 2022Não se sabe ao certo como as arraias, que não têm cordas vocais, produzem os cliques. Confira hipóteses – e assista ao vídeo.
Cientistas já registraram mais de novecentas espécies de peixes ósseos produzindo sons. Mas os cartilaginosos, como tubarões e arraias, se mantinham em silêncio diante das câmeras. Até agora.
Pesquisadores da Universidade Sueca de Ciências Agrárias e de instituições australianas registraram, pela primeira vez, arraias fazendo sons no meio ambiente. Os vídeos foram gravados durante mergulhos na Austrália e Indonésia entre 2017 e 2018, e você pode conferir um deles abaixo:
As arraias flagradas fazendo sons de clique são das espécies Urogymnus granulatus e Pastinachus ater. O momento raro foi descrito em um estudo publicado na revista Ecology, em julho. O que mais intriga os cientistas é que estes animais não têm cordas vocais – e não se sabe qual mecanismo está por trás da produção do som. Mas há algumas hipóteses.
No vídeo, os espiráculos dos peixes (orifícios em suas cabeças, que levam água às brânquias) parecem contrair à medida que se ouve o barulho. Isso sugere que o clique é feito a partir da fricção entre o espiráculo e o tecido ao redor. Outra possibilidade é a criação de um vácuo no espiráculo pelas arraias – como quando fazemos um estalo com a língua.
Esses cliques têm alguma função? Para investigar isso, os pesquisadores começaram verificando qual era a frequência dos sons emitidos pelas arraias e compararam com a faixa de audição delas. Assim, eles confirmaram que os cliques são audíveis por esses animais, ou seja, poderiam ser usados para comunicação entre indivíduos das espécies.
Eles também perceberam que a frequência está dentro da faixa de audição de tubarões, que são predadores dessas arraias no Indo-Pacífico Ocidental. Isso sugere que os cliques também podem ser produzidos como forma de espantar possíveis ameaças.
O comportamento só foi observado anteriormente em 1970. Na época, alguns pesquisadores registraram cliques curtinhos produzidos por arraias em cativeiro, mas só depois de cutucá-las com força.