COP27

Bancos públicos dão suporte para fortalecer a agenda da sustentabilidade

17 de novembro de 2022

BNDES, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal apresentaram as iniciativas de financiamentos de projetos sustentáveis

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Foto: Daniela Luquini

 

Os bancos públicos brasileiros são peças-chaves para impulsionar o financiamento de projetos sustentáveis para reduzir os efeitos da emissão de gases de efeito estufa. A participação dessas instituições no processo de transição para uma economia verde foi debatida em dois painéis realizados nesta terça-feira (15/11), no pavilhão brasileiro da 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), que ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito.

No painel “Carbono + Conservação”, os presidentes do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, apresentaram as iniciativas dessas instituições na área do clima. O painel foi mediado pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite.

No final do evento, a Fundação Banco do Brasil e o BNDES assinaram uma parceria para promover o reflorestamento de floresta nativa. Chamada de Floresta Viva, a iniciativa foi lançada no ano passado, na COP26, em Glasgow, numa ação conjunta entre o BNDES e empresas para implementar projetos de restauração ecológica com espécies nativas e sistemas agroflorestais nos biomas brasileiros. Para cada real investido por uma empresa no projeto, o BNDES também investe o mesmo valor. A meta inicial era investir R$ 550 milhões e recuperar 35 mil hectares de vegetação nativa, mas, de acordo com Montezano, os valores podem chegar a R$ 1 bilhão e a área recuperada também vai aumentar. São mais de 15 parceiros e, agora, o Banco do Brasil também passa a fazer parte do programa.

Banco do Brasil

Com quase quatro mil agências e sete mil pontos de atendimento, o Banco do Brasil vem auxiliando os clientes no processo de transição da matriz energética por meio de assessoramento e de linhas de financiamento de longo prazo. Segundo o presidente do banco, Fausto Ribeiro, cerca de 15% das reservas em terras de agricultura são áreas excedentes da reserva legal e podem ser monetizadas por meio de crédito de carbono. Segundo ele, a instituição pode assessorar os agricultores para que essas áreas sejam monetizadas.

Ribeiro defendeu também a monetização de todas as áreas de reservas legais das propriedades. “Tem que haver mecanismo para monetizar também as reservas legais para que os agricultores tenham meios de preservar essas áreas”.

Neste ano, o Banco do Brasil lançou três operações de crédito de carbono originárias da instituição. As propriedades ficam no Acre, Maranhão e Minas Gerais e chegam a 70 mil hectares.

O banco lidera o crédito rural. “Nós temos, hoje, uma carteira de crédito rural de 300 bilhões, dos quais R$ 150 bilhões, metade do nosso portfólio, envolve agricultura sustentável, desde o programa ABC, de agricultura de baixo carbono, até outros programas que geram alguma externalidade positiva para o meio ambiente”, disse Fausto Ribeiro. “A agricultura brasileira é a agricultura convencional mais regenerativa do mundo, o recorde de produção de grãos, com 312 milhões de toneladas, significa que um produtor cuidou do seu solo”, ressaltou o ministro Joaquim Leite.

BNDES

No caso do BNDES, o presidente lembrou que o banco varia entre o segundo e o terceiro lugar no ranking dos maiores financiadores de energia limpa do mundo. São empreendimentos de energia eólica, energia solar e, agora, está pronto para atender as iniciativas de energia offshore, que são produzidas no mar.

Gustavo Montezano destacou, ainda, que a instituição está gerindo a maior carteira de concessão de ativos ambientais do planeta, com 18 milhões de hectares de potencial de concessão florestal, entre manejo sustentável e visitação turística. Outra medida é oferecer taxas de juros menores para clientes que façam a gestão climática de seus empreendimentos. Até o ano que vem, todos os financiamentos e projetos do banco terão a contabilidade de carbono embutida por nível de projeto.

Em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o BNDES está criando uma calculadora de emissões de carbono da pecuária brasileira para cada bioma. Segundo Montezano, esse cálculo é feito hoje com base em metodologia de outros países.
O banco também entrou no mercado de carbono. Na primeira chamada pública de compra de carbono, em janeiro, foram R$ 10 milhões. Em setembro, a chamada de compra foi de R$ 100 milhões e recebeu R$ 500 milhões de demanda de vendas.

“A gente, enquanto país, evoluiu muito nos últimos três anos. Gerenciávamos nossos bancos de desenvolvimento, bancos públicos, muito baseados em lucro financeiro. Sobre a tutela do MMA, que deu essa direção dos serviços ambientais, hoje o BNDES é um dos bancos mais avançados do mundo nesta pauta”, destacou Montezano.

Caixa

No painel “Mecanismo de financiamento para Economia Verde”, a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, ressaltou o papel social do banco e que a instituição pode contribuir com a questão climática.

Ela disse que a Caixa é o maior banco social do mundo, com 161 anos de história e mais de 150 milhões de clientes. Além de contar com o maior número de clientes, a Caixa chega onde nenhum outro banco está, com barco na Amazônia, na Ilha do Marajó e em microcidades. É o banco oficial das operações financeiras dos programas sociais do Governo Federal.

Para dar mais capilaridade nas questões ambientais, neste ano foi criada uma vice-presidência destinada à sustentabilidade. Desde 2010, o banco conta com um Fundo Socioambiental para apoiar projetos e investimentos de caráter socioambiental com foco na população de baixa renda nas áreas de habitação de interesse social, saneamento ambiental, geração de trabalho e renda, entre outras. Segundo a presidente da instituição, o banco tem capacidade de execução para conectar outros investidores e patrocinadores de projetos ambientais. “A grande mudança que eu acho que tem que ter no papel do banco, é a Caixa se colocar como grande promotor e operador da agenda de sustentabilidade do mundo, inclusive o clima”, frisou Marques.

O ministro Joaquim Leite destacou que, por estar em regiões remotas do país, a Caixa pode ajudar a fazer com que os recursos do clima cheguem até as pessoas que realmente estão preservando a natureza. “A Caixa é um grande exemplo de eficiência numa operação. O Auxílio Emergencial foi um bom exemplo disso. Se tiver recurso, pode entregar no CPF de quem está lá naquela região. Muito recurso de clima se perde no caminho, muito intermediário, muito controle e a Caixa já tem tudo isso”, disse o ministro.

ASCOM MMA