Distrito Federal

CLDF debate Orange Day, ação proposta pela ONU de enfrentamento à violência contra mulheres

28 de novembro de 2022

Houve 151 vítimas de feminicídios registradas no Distrito Federal desde 2015

Agência CLDF

 

Em sessão solene em homenagem ao “Orange Day”, ação proposta pela ONU de enfrentamento à violência contra mulheres e meninas, participantes destacaram a importância da atuação em rede. Com transmissão ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube, o evento, na tarde desta sexta-feira (25), reuniu no auditório da Casa autoridades públicas da área e ativistas da causa.

O autor da iniciativa, deputado Martins Machado (Republicanos), explanou que a ação da ONU propõe que no dia 25 de novembro as pessoas usem a cor laranja para ressaltar a causa. “É uma luta que precisa ser travada e é necessário haver um trabalho de conscientização”, defendeu o parlamentar, cuja posição foi corroborada pela mediadora do evento, a advogada especialista em violência doméstica e intrafamiliar, Patrícia Luiza Zapponi.

Monitoramento

Houve 151 vítimas de feminicídios de 2015 até hoje no DF, contextualizou o coordenador da Câmara Técnica de Monitoramento de Homicídios e Feminicídios da Secretaria de Segurança Pública, Marcelo Zago. Desses casos, 74% ocorreram dentro das residências e mais de 60% com uso de armas brancas, como faca e porrete, disse. “É necessário evitar a escalada da violência que culmina no feminicídio”, avaliou.

Para combater a violência, o GDF criou, em dezembro de 2021, a rede distrital de proteção à mulher em situação de violência doméstica e familiar, segundo o subsecretário de Prevenção à Criminalidade da Secretaria de Segurança Pública, José Sávio Ferreira. A atuação em rede entre as secretarias de Estado, as forças de segurança e a sociedade civil é fundamental para combater a violência doméstica, que concentra, em média, cerca de quinze mil registros por ano, enfatizou. Ele citou que, neste ano, houve 17 feminicídios. “Embora alto, o índice é 26% menor que o do ano passado”, mensurou.

Entre outros serviços e instrumentos protetivos, Ferreira destacou o Viva Flor, aplicativo que permite à mulher em situação de violência familiar acionar a viatura de polícia mais próxima. “Há 227 mulheres cadastradas e nenhuma foi vítima de feminicídio, o que demonstra a eficiência desse serviço em rede”, considerou, ao complementar que “o objetivo é zerar o feminicídio no DF”.
Do mesmo modo, endossou a relevância da atuação em rede a defensora pública Antônia Carneiro. O princípio da horizontalidade do trabalho em rede significa que “somos igualmente importantes para essa luta”, argumentou.

Atendimentos

“O nosso programa necessita do alinhamento e do fortalecimento da rede”, reforçou a subsecretária de Apoio a Vítimas de Violência da Secretaria de Justiça e Cidadania do DF, Janandreia Dantas, que realçou o trabalho dos oito núcleos do Pró-Vítima, programa de atendimento de psicologia e de assistência social voltado a vítimas de violência.

Sobre os quatro tipos de violência contra as mulheres, a física, a psicológica, a sexual e a autoprovocada, recai o trabalho de vigilância dos dezoito grupos do Núcleo de Estudos, Prevenção e Atenção às Violências, explicou a representante da Secretaria de Saúde do DF, Leciana Lambert Filgueiras.  “Nossa intenção é quebrar o ciclo de violência”, alertou.

Evitar a reincidência é um dos objetivos da rede, de acordo com a delegada Simone Alencar, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). Por sua vez, a representante do Corpo de Bombeiros Militar do DF, Carla Simone Borges, relatou que, muitas vezes, as mulheres e meninas acionam os bombeiros no primeiro atendimento, corporação que atualmente está preparada para orientar as vítimas, garantiu.

Causa que é de todos

Coordenador do projeto Paz nas Escolas da Secretaria de Educação do DF, o professor Tony Marcelo Oliveira refletiu sobre a importância das parcerias no enfrentamento às violências e à misoginia, “causa que é de todos”. Em posição tangente, Maria Yvelônia, da Secretária Nacional de Assistente Social, defendeu a sororidade.

Também participaram do debate representantes de entidades religiosas, comissões da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), entre outros segmentos sociais.

Franci Moraes – Agência CLDF