Eólica Offshore é a aposta do Brasil para consolidar a transição energética
18 de novembro de 2022As tendências e oportunidades do país com a geração de energia em alto mar foi discutida em um painel na Conferência do Clima
O Brasil tem uma perspectiva de liderança energética e, principalmente, uma oportunidade muito grande de fazer uma retomada da economia e da indústria a partir de recursos renováveis e de transição energética. A visão é da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEolica). A presidente da entidade, Elbia Gannoum, participou, nesta quinta-feira (17/11), do painel Eólicas Offshore: Tendências e oportunidades, no último dia de programação do Pavilhão Brasil na 27ª Conferência Climática das Nações Unidas (COP27), que ocorre em Sharm el-Sheikh, no Egito.
Para Gannoum, a energia eólica offshore, produzida em alto mar, é a grande aposta para o Brasil consolidar a sua transição energética. “Nós estamos falando em criar uma estrutura industrial, de colocar o Brasil na rota de transição energética, de atrair tecnologia, inovação, de atrair capital, gerar emprego e renda”, destacou.
Ela lembrou que energia eólica onshore no Brasil, aquela produzida em terra, ocupa 13% da matriz elétrica, com capacidade instalada de 25GW, e que o país é o 3º do mundo que mais investe em eólica onshore e o sexto em capacidade instalada. A partir do desenvolvimento da eólica offshore e do hidrogênio verde, na opinião da presidente da ABEEólica, o Brasil pode assumir a liderança mundial de energia e, principalmente, de energia renovável. “Os investidores se mostraram muito interessados. Hoje, o nosso grande desafio nem é atrair investidores. Eles já estão ávidos por investir, inclusive estamos com 170GW de projetos com pedido de licenciamento do Ibama”, destacou.
Com os 7.367 km de costa e 3,5 milhões km² de espaço marítimo sob sua jurisdição, o Brasil possui uma plataforma continental extensa que confere características favoráveis para a instalação e operação de empreendimentos para geração de energia elétrica offshore.
Em janeiro deste ano, o Governo Federal editou um decreto que regulamenta a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais em águas do mar sob domínio da União para a geração de energia elétrica. O Decreto define como os procedimentos deverão ser conduzidos, onde poderão ser apresentados os pedidos de cessão e quais os passos que o empreendedor deverá seguir para consecução do empreendimento.
Já no mês passado, os Ministérios de Minas e Energia (MME) e do Meio Ambiente (MMA) publicaram uma portaria que cria o Portal Único para Gestão do Uso de Áreas Offshore para Geração de Energia (PUG-offshore). Todos os serviços de requerimentos e acompanhamentos de autorização para produzir energia offshore serão feitos pela plataforma.
O executivo da COP, empresa especializada em empreendimentos eólicos offshore, Diogo Nóbrega, que também participou do painel, ressaltou a importância da regulação para dar segurança jurídica aos investidores.
Ele lembrou que esse tipo de empreendimento demanda muito investimento e que precisa de incentivos governamentais para se desenvolver. Nóbrega falou da experiência da Dinamarca, que em 1991 construiu o primeiro empreendimento de energia eólica offshore do mundo. Já na Inglaterra, segundo ele, a energia eólica offshore não tem mais subsídio governamental e o custo está menor do que a geração em parques terrestres.
Outro participante do painel, Eduardo Kantz, diretor de Relações Internacionais e Sustentabilidade da Prumo, destacou a combinação entre portos e indústria com a energia eólica para ajudar o Brasil a descarbonizar a sua produção industrial.
A presidente da ABEEólica está confiante que no ano que vem será realizado o primeiro leilão de cessão de áreas de mar para usinas offshore.
Segundo o Ibama, a perspectiva é que sejam produzidos 700Gw de energia caso todo o potencial eólico brasileiro seja explorado, o que corresponde a dez vezes mais que o produzido por todos os empreendimentos de geração de energia instalados no Brasil, atualmente.
ASCOM MMA