Eleições 2022

LULA ELEITO PARA O TERCEIRO MANDATO

1 de novembro de 2022

Lula: “Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias e refazer os laços de amizade rompidos”.

Silvestre Gorgulho

Ufa! Enfim, o Brasil teve, nesse domingo 30 de outubro, seu presidente da República eleito para mais quatro anos de mandato. Em nenhuma outra eleição presidencial se viu uma mobilização popular e política tão forte e tão aguerrida. No primeiro turno, em 2 de outubro, o resultado favoreceu o candidato Lula com 57.259.504 votos (48,43%), tendo o presidente Bolsonaro 51.072.345 votos (43,20%) num total de 156.454.011 eleitores. No segundo turno, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 77 anos, foi considerado eleito às 19h56m da apuração do pleito, que cravou: 60.345.999 (50,90%) para Lula e 58.206.354 (49,10%) para Jair Bolsonaro.

 

 

RADIOGRAFIA DA ELEIÇÃO

NO SEGUNDO TURNO

Nesse segundo turno, em 30 de outubro, os números finalizados pelo Tribunal Superior Eleitoral, registraram:

LULA – PT eleito com 50,90% ou 60.345.999 votos.

JAIR BOLSONARO – PL com 49,10% ou 58.206.354 votos.

BRANCOS – 1,43% ou 1.769.678 votos

NULOS – 3,16% ou 3.930.765 votos

ABSTENÇÕES – 20,58% ou 32.200.558

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na Avenida Paulista. (Foto: Ricardo Stuckert)

 

SEGUNDO TURNO, SEMPRE NOVA ELEIÇÃO

A eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, domingo, dia 30 de outubro, faz lembrar a velha a tese de que o segundo turno sempre é uma nova eleição. Há e não há controvérsias. Evidente que as forças em movimento sempre são as mesmas. Mas, na verdade, sempre se dá oportunidade de um novo realinhamento eleitoral, tanto a nível federal como a nível estadual e municipal. Motivos não faltam: os dois grupos políticos, nessa nova disputa, têm suas lideranças operando com muito mais força e métodos, além de várias outras motivações emocionais, ideológicas e políticas que surgem num segundo turno: o maior engajamento dos candidatos (governador, senador e deputados) eleitos no primeiro turno que, por algum motivo, antes não podiam se dedicar de corpo e alma na escolha presidencial. Mas, nesse jogo de apoios, há sempre a oportuna expectativa de poder por parte das classes empresariais e o acirramento da motivação ideológica e/ou emocional. Tudo isso, mais a influência das LIVES, das redes sociais e dos debates provocaram o realinhamento eleitoral, cuja resultante foi a formação de uma maioria muito pequena de votos válidos que garantiu a consagração do ex-presidente Lula.

O LULA DO TERCEIRO MANDATO

Com um Congresso Nacional mais conservador, Lula volta ao Palácio do Planalto para governar o Brasil até 2026. E promete união e faz apelo à pacificação:

– “Não existe dois Brasis; é hora de baixar as armas”.

– “É preciso reconstruir a alma deste País”.

– “Não interessa a ninguém viver numa família onde reina a discórdia. É hora de reunir de novo as famílias, refazer os laços de amizade rompidos pela propagação criminosa do ódio. A ninguém interessa viver em um país dividido, em permanente estado de guerra”.

 

HISTÓRIA RECENTE

Vale lembrar a História. A vida de Lula foi marcada por suas passagens pela Presidência da República e também por sua prisão. Em julho de 2017, o ex-juiz federal Sérgio Moro condenou o ex-presidente a 12 anos e um mês de reclusão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá. Posteriormente, a pena foi reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça para 8 anos e 10 meses. Ele começou a cumprir a prisão em 7 de abril de 2018 na carceragem da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.

Enquanto Lula estava preso, a juíza Gabriela Hardt, substituta de Moro na Justiça Federal de Curitiba, condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão também pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro devido a obras realizadas por empreiteiras em um sítio de Atibaia, no valor de R$ 1 milhão, dinheiro que seria de propinas pagas pelas construtoras a Lula.

Em 8 de novembro de 2019, Lula saiu da prisão depois de o Supremo Tribunal Federal proibir o encarceramento de réus após condenação em segunda instância. Posteriormente, em 2021, as condenações do tríplex e do sítio de Atibaia foram anuladas pelo Supremo. Justificativa: os casos deveriam ter sido julgados em Brasília e não em Curitiba, além de entender que Moro foi parcial durante o processo. Por fim, a Justiça no DF se decidiu pela prescrição de ambas as ações, o que impede Lula de receber uma nova condenação nos processos.

Para os cientistas políticos, Lula encontrará condições políticas diferentes de seus dois primeiros mandatos, justamente pelo controle maior que o Congresso Nacional exerce sobre o Orçamento Geral da União, dependendo menos do Poder Executivo para manter sua base eleitoral.