CABACEIRAS: TURISMO ECOLÓGICO e CULTURAL 1

A ROLIUDE NORDESTINA

1 de dezembro de 2022

A Festa do Bode Rei – Passeio por Cabaceiras – Visita ao Lajedo do Pai Mateus

Silvestre Gorgulho

O lugar é de cinema! O cenário está prontinho para a próxima filmagem. Muitos filmes já rodaram e muitos estão programados para rodar em Cabaceiras-PB, município que fica em pleno Semiárido, a 180 km de João Pessoa. Para não ter dúvida que o lugar é de cinema, a grande placa no alto das pedras, já anuncia: ROLIÚDE NORDESTINA. Cabaceiras é famosa entre cineastas e amantes da natureza. Nesse cenário já rodaram mais de 50 produções, entre documentários, longas e curtas nacionais, como ‘Cinemas, Aspirinas e Urubus’, o romance de ‘Tristão e Isolda’, de Guel Arraes, em fevereiro de 2007, ‘São Jerônimo’, ‘Viva São João’ e ‘Canta Maria’. O primeiro filme rodado em Cabaceiras foi Ferração dos Bodes, de Antônio Barrancas, em 1921, que trata da caprinocultura local. Em 1929, foi gravado o curta “Sob o Céu Nordestino”. Depois, no mesmo cenário, vieram muitas outras produções audiovisuais. Mas foi “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna, filmado por Miguel “Guel” Arraes de Alencar Filho, filho do ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes, que colocou a cidade no roteiro do cinema nacional.

 

CABACEIRAS – Localizada na região do Cariri, essa cidade de cinco mil habitantes é considerada um dos destinos turísticos mais importantes do interior da Paraíba. Seu centro histórico parece sempre pronto para mais uma produção de cinema: é simples, bem preservado e abriga ruas largas e vias estreitas que recortam um simpático casario colorido do século 18. Depois da gravação do “Auto da Compadecida”, produção de 2000 com direção de Guel Arraes, a cidade viu o fluxo de turistas aumentar, assim como a empregabilidade e a renda da população local, além da chegada de um hotel fazenda com um raro serviço de qualidade para aquelas bandas afastadas de um estado nordestino que só parece ter olhos para o litoral.

 

 

ORIGEM DO NOME

Cenário, luminosidade e pouca chuva tornam Cabaceiras propícia para a cinematografia nacional. É nesse local onde é realizada uma grande atração cultural da Paraíba, a Festa do Bode Rei, que acontece todos os anos com o objetivo de promover a cadeia produtiva da caprinovinocultura e estimular o turismo rural.

A origem do nome de Cabaceiras vem de uma planta muito comum na região: a Cabaça. Essa planta, dos gêneros Lagenaria e Cucurbita, na designação popular, produz frutos que possuem vários nomes no Brasil como porongo ou poranga, cuia, jamaru etc.

Os pontos de visitação de Cabaceiras são divididos por rotas. Existe a Rota dos Lajedos, que é focada no ecoturismo, a Rota do Couro, em que o turista visita todo o processo do curtimento do couro, como é fabricado o artesanato até o produto final; a Rota Histórica Cultural, cujo destaque é o Centro Cultural, com prédios antigos na zona urbana e na zona rural, e a Rota Cinematográfica, mais conhecida como a Roliúde Nordestina, com destaque para a igreja que foi cenário para as filmagens do Auto da Compadecida.

 

O termo Cabaceira originou-se de uma planta do mesmo nome, muito abundante na região. A planta cabaceira é rasteira, de folhas grandes e produz a cabaça, um fruto de forma oblonga.

Quando seca, serra-se a parte superior em forma de gargalo, transformando-o em um ótimo recipiente de água e também muito utilizado em cerimônias religiosas e artesanato.

O acervo do Memorial Cinematográfico de Cabaceiras abriga fotos e objetos usados nas muitas gravações.

O Memorial Cinematográfico, em Cabaceiras, fundado em 2007. O espaço que já foi sede de um clube só para brancos e sala de projeção de cinema mudo funciona como uma espécie de museu dedicado ao cinema produzido na região de Cabaceiras.

Alunos do 8º ano do Colégio Pio Xi Bessa conhecem a cidade de Cabaceiras, no Cariri Paraibano. Os professores Rodolfo Hiroshi (História), Thiago Araújo (Geografia) e o diretor administrativo Arnaldo Júnior mostram o local que foi cenário das aventuras de João Grilo e Chicó em “O Auto da Compadecida” (Ariano Suassuna, 1955 e Globo Filmes, 2000). A possibilidade de conhecer de pertinho os cenários da narrativa, que era conhecido apenas pelas páginas do livro trabalhado em sala de aula e pela tela do cinema, encheu os olhos dos nossos alunos e os fez ficarem sempre atentos a cada detalhe do lugar e a cada informação.

Blocos de pedras escondidos entre mandacarus e xique-xiques parecem empilhadas a mão.  As rochas são outra surpresa da região. Sua localização isolada é inspiração suficiente para os locais imaginarem histórias protagonizadas por figuras folclóricas como Comadre Fulozinha, a guardiã da mata que, dizem, costuma passar por ali para defender a Natureza.