ABERTURA DA COP
1 de dezembro de 2022“Entrada para o inferno com pé do acelerador”.
O Secretário-geral da ONU, António Guterres, ao abrir a 27ª Conferência das Partes do Clima (COP-27) declarou: “Estamos em uma estrada para o inferno climático com o pé ainda no acelerador”. A fala de Guterres combinou não apenas com o ambiente desta COP, marcado por uma desorganização que testou a paciência dos participantes, inclusive com falta de água para beber, como o pano de fundo para o último relatório do IPCC, que deixou claro que o mundo não cumprirá a meta de reduzir em 42% as emissões de 2019 até 2030.
PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA
O Brasil chegou à COP praticamente com duas comitivas. A oficial do presidente Jair Bolsonaro e uma outra comitiva do governo recém eleito Lula da Silva. A divisão de comitivas não empanou a participação do Brasil na 27ª Conferência das Partes do Clima. No discurso oficial do governo brasileiro o foco foi apresentar o Brasil como como um grande país de energia limpa. A mensagem da comitiva do presidente eleito priorizou o retorno da agenda climática nas relações internacionais do Brasil. A dubiedade do momento político brasileiro foi apenas um dos panos de fundo que fez parte da paisagem da 27 COP de 2022.
CASA DO BRASIL NA COP 27
A Casa do Brasil na COP 27 abrigou uma área de recepção, um estúdio para a realização de palestras presenciais e online com interação direta com o Brasil, além da área onde foram realizados os painéis. Toda a estrutura dispôs de sistema de tradução simultânea para inglês e português.
As pautas principais foram:
- O exemplo brasileiro na geração de energia, que foi um dos principais temas que a delegação nacional apresentou durante a COP 27 no Egito. Na verdade, o Brasil já se destaca por possuir uma das matrizes mais limpas do mundo e atualmente, pois sua matriz elétrica atinge 85% de fontes renováveis, contra uma média de 28% do restante do planeta.
- Em Sharm El-Sheik, o Brasil também apresentou ao mundo sua vocação para a instalação de eólicas offshore, cujo potencial de geração de energia chega a 700 gigawatts.
- A força do Brasil no campo da agricultura sustentável foi outro ponto de destaque na COP 27. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil bateu mais um recorde na produção de grãos, com expectativa de atingir 312,4 milhões de toneladas na safra de grãos 2022/2023.
- O trabalho de tecnologia reversa também foi apresentado. O Brasil é o recordista mundial na reciclagem de latas de alumínio e se destaca também no trabalho desenvolvido com eletroeletrônicos, defensivos agrícolas, baterias de chumbo, óleo lubrificante e medicamentos, entre outros.
PAINÉIS NA PROGRAMAÇÃO
O estande do Brasil deu oportunidade de realizar vários painéis durante a programação, com vários palestrantes. Além de representantes do Governo Federal, outras entidades e organizações debateram a Integração do Mercado Global de Carbono, o Futuro Verde na Mobilidade Urbana, a Rede de Governança, o Aperfeiçoamento do Inventário Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (GEE), o Mercado de Capitais e Ativos Ambientais e o Projeto Escola +Verdes.
SEGURANÇA ALILMENTAR – As discussões contaram com a presença do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite – que lidera a comitiva brasileira na COP27 -, e dos ministros da Cidadania, Ronaldo Vieira Bento, e da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Marcos Montes. Os secretários da Amazônia, Marcelo Freire; do Clima e Relações Internacionais; Marcus Paranaguá (foto à direita); e da Biodiversidade, Julie Messias, participaram diretamente de Sharm el-Sheik, no Egito, assim como representantes da indústria e startups.
PAINEL DO CLIMA – O ministro Joaquim Leite, do Meio Ambiente, ressaltou durante o painel que discutiu agricultura e clima, o fato de o Brasil ter a produção convencional mais regenerativa do mundo, que fixa carbono no solo, e fornece alimentos para mais de 200 países. “O Brasil alimenta mais de 1 bilhão de pessoas nos cinco continentes, com uma agricultura sustentável e protetora da floresta”, destacou o ministro do Meio Ambiente.
Joaquim Leite também destacou o papel do agro como produtor de energia limpa e renovável, como é o caso do etanol, que contribui para a redução das emissões de gases e coloca o Brasil como exemplo para o mundo, não só como grande produtor deste combustível, mas como fornecedor de tecnologia, dado o tamanho da frota de veículos ‘flex’ no Brasil.
Os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e da Educação, Victor Godoy, participaram do painel projeto ESCOLAS VERDES.
ENERGIAS VERDES NO AGRO – O ministro Joaquim Leite, do Meio Ambiente, explicou como o governo federal ampliou ações para recuperação da vegetação nativa em todos os biomas. Sobre o agronegócio brasileiro, disse Joaquim Leite que ele vem se beneficiando de opções de geração de energia dentro das próprias fazendas; “O agronegócio traz economia ao produtor e benefícios para o meio ambiente. O número de painéis solares e uso de biomassa e biogás vem crescendo, com potencial para aumentar a cada ano. Resíduos sólidos e dejetos da criação de animais alimentam biodigestores que produzem o biometano e biofertilizantes. No caso do combustível natural, ele pode alimentar geradores de energia elétrica nas propriedades ou substituir o diesel para fazer rodar veículos pesados como caminhões e tratores. Nesses últimos quatro anos, nós instalamos o equivalente a uma Itaipu em energia solar. Neste governo, a gente trabalha de forma integrada para desenvolver e trazer oportunidades para atingirmos a neutralidade climática até 2050″, enfatizou Leite.