Adamantina instala ninhos artificiais para incentivar a reprodução da arara-canindé, espécie ameaçada de extinção
14 de dezembro de 2022Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente destinou estruturas para praças públicas e também as colocou à disposição de moradores interessados em fazer a instalação. Ave traz na plumária as cores da bandeira do Brasil.
Ninhos artificiais são instalados em Adamantina (SP) para a reprodução da arara-canindé — Foto: Divulgação
A Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente (Saama) deu início a um projeto que pretende incentivar, em Adamantina (SP), a reprodução de aves da espécie arara-canindé (Ara ararauna), que está ameaçada de extinção.
A iniciativa consiste na instalação de ninhos artificiais em espaços públicos e privados da cidade com o objetivo de oferecer para as araras uma ferramenta para que elas possam se reproduzir de forma segura e livre dos perigos dos predadores.
Foi feita a abertura de brechas nas palmeiras mortas da Praça Vereador José Parrilla, facilitando a formação de novos ninhos e onde já é possível observar filhotes, já que as araras-canindé, que têm presença certa no céu de Adamantina, diariamente, no começo da manhã ou no fim da tarde, nidificam entre dezembro e maio.
As aves costumam conviver em grupo, mas, para a reprodução, diferentemente do que ocorre com outras espécies, vivem com o mesmo parceiro a vida toda.
Elas se alimentam de frutas, sementes e cocos de palmeiras.
Inicialmente, foram confeccionados seis ninhos artificiais que serão instalados em áreas públicas da cidade: nas praças Vereador José Parrilla e Élio Micheloni, nos parques dos Pioneiros e Caldeira e na frente de duas residências.
“Caso algum morador tenha o interesse de instalar o ninho artificial, basta entrar em contato, pois a Saama fará a instalação ou, se tiver palmeiras mortas plantadas, serão abertas brechas para que novos ninhos se formem”, afirma o secretário de Agricultura, Abastecimento e Meio Ambiente de Adamantina, Thiago Benetão.
A iniciativa recebeu o nome de Projeto Arara-Canindé, mas a Saama também prevê que os ninhos artificiais poderão servir ainda para a reprodução de aves de outras espécies, como pica-paus e tucanos.
Aves da espécie arara-canindé estão ameaçadas de extinção — Foto: Divulgação
Cores da bandeira do Brasil
A arara-canindé, ave que traz na plumária as cores da bandeira do Brasil e que também é conhecida como arara-de-barriga-amarela ou simplesmente arara-amarela, está ameaçada de extinção, com sua conservação em perigo.
Talvez uma das razões para essa condição seja o fato de ela deslocar-se a grandes distâncias durante o dia, entre os locais de descanso e de alimentação, e ser, por isso, uma presa fácil.
Quando esses animais são caçados para a venda, as árvores com os ninhos costumam ser derrubadas. Isso não só prejudica a reprodução de diversas espécies de aves, que utilizam o mesmo ninho em épocas reprodutivas diferentes, como altera por completo o hábitat desses bichos.
A arara-canindé costuma fazer seus ninhos em buracos nos troncos, onde põe seus ovos. Os filhotes permanecem no ninho até a 13ª semana, período no qual são alimentados pelos pais, que regurgitam a comida em seus bicos.
O bico forte dessas aves costuma ser usado também para ingerir pedrinhas, que auxiliam na trituração de sementes de algumas das palmeiras que fazem parte da dieta dessas araras. São os casos de buriti, tucum, bocaiuva, carandá e acuri.
As araras-canindé são consideradas “predadoras” de algumas palmeiras, porque, ao triturar suas sementes, impedem a dispersão das plantas.
Mas vale dizer: desde a chegada dos exploradores portugueses ao país, no século 16, as araras (bem como papagaios, periquitos, jandaias e maracanãs) são responsáveis pela alcunha dada ao Brasil de “Terra dos Papagaios”.
Geralmente elas voam em pares ou grupos de três indivíduos. A mesma combinação é mantida quando estão em bando (de até 30 indivíduos).
Também é muito encontrada em cativeiro, onde chega a durar 60 anos.
No Brasil, a espécie é encontrada desde a Amazônia até o Paraná. Além disso, também é vista no Panamá, na Colômbia, nas Guianas, no Equador, no Peru, na Bolívia, no Paraguai e na Argentina, entre florestas úmidas, matas de galeria, buritizais e palmais.
O período de incubação dura aproximadamente 28 dias, botando de um a três ovos.