ESPELEOLOGIA

II PRÊMIO NACIONAL DE ESPELEOLOGIA

1 de dezembro de 2022

As inscrições se encerram dia 31 de dezembro.

Silvestre Gorgulho

Desde o dia primeiro de setembro estão abertas as inscrições e o envio dos trabalhos para o prêmio II Prêmio Nacional de Espeleologia. As inscrições vão se encerrar às 23:59 minutos do dia 31 de dezembro de 2022 (horário de Brasília), com abrangência em todo o território nacional. A divulgação do resultado está prevista para 06 de março de 2023 e a cerimônia de premiação será em 27 de julho de 2023, às 19:00, durante o 37º Congresso Brasileiro de Espeleologia (CBE), a ser realizado em Curitiba/PR.  Tema: Gestão do Patrimônio Espeleológico.

OBJETIVO DO

PRÊMIO

Incentivar o desenvolvimento e publicação de pesquisas científicas, inventários e soluções técnicas direcionadas à conservação dos ecossistemas cavernícolas e espécies associadas, assim como auxiliar no manejo das unidades de conservação federais com esses ambientes. Podem se inscrever na premiação: estudantes, pesquisadores, espeleólogos e profissionais. As categorias da premiação serão definidas da seguinte forma: ampla concorrência, pós-graduando, jovem espeleólogo e seção técnica. A premiação, que acontecerá em 27/07/2023, no 37º Congresso Brasileiro de Espeleologia (CBE), dará aos vencedores o direito de ter seus artigos científicos publicados na Revista Brasileira de Espeleologia (RBEsp) ou na Revista ‘Espeleo-Tema’, além de uma quantia paga em dinheiro.

CATEGORIAS DA PREMIAÇÃO

O Prêmio será concedido em quatro categorias, sendo que é permitida a inscrição com mais de um(a) autor(a), ou seja, em grupo.

1) Seção Acadêmica Ampla Concorrência

2) Pós-graduando(a) – Artigo científico

3) Jovem Espeleólogo(a)

4) Seção Técnica Seção Técnica Relatos de experiências; Opiniões; Resenhas; Relatos de eventos; Discussões de artigos já publicados (réplicas ou tréplicas); Resumos de teses ou dissertações.

VEJA O EDITAL:

Edital do II Prêmio Nacional de Espeleologia Michel Le Bret

QUEM FOI MICHEL LE BRET

Aos 93 anos, em 27 de setembro de 2020, a comunidade espeleológica brasileira e mundial se enlutou com o falecimento de Michel Le Bret, um dos principais nomes da espeleologia no Brasil durante o século XX. Nascido em Paris, em 1926, durante um período de grandes tensões e atritos que precederam a segunda guerra mundial, descendente de uma família tradicional e intimamente conectada à ciência, Michel Le Bret teve em seus ancestrais uma ligação direta com a mineração. Michel Le Bret, fundador da Sociedade Brasileira de Espeleologia e que trouxe importantes contribuições para a espeleologia brasileira, é o homenageado com o nome da premiação. Ele não foi somente um espeleólogo. Foi um explorador, um aventureiro, um artista e um empreendedor. Sua marca, na espeleologia brasileira, deixou um legado de descobertas, desenhos e histórias. Conheça mais sobre Le Bret nesse artigo do professor Marcelo Krings

 

Por Marcelo Krings

CHEGADA AO BRASIL – Em 1959, o engenheiro francês Michel Le Bret chegou no Brasil para trabalhar na Rhodia. Na mudança, de navio, trazia entre outras coisas alguns equipamentos para espeleologia. Interessado pela exploração de cavernas no seu país natal, Lê Bret tinha lido bastante sobre as possibilidades espeleológicas no Brasil principalmente os relatos das andanças do prof. Krone pelo Vale do Ribeira e depois pessoalmente com o prof. Epitácio Guimarães.

PRIMEIRAS EXPLORAÇÕES – Somente em 1961 foram possíveis as primeiras explorações, praticamente ininterruptas entre feriados e férias até 1969, quando após um problema de saúde retornou para recuperação na França. Em 1961, já sócio do Clube Alpino Paulista (CAP), participou da expedição de Domingos Giobbi na Cordilheira Branca no Peru e se lançou na pesquisa de cavidades no Vale do Ribeira.

Seguindo relatos e pesquisas anteriores, foi juntamente com Pierre Martin, Peter Slavec, e outros tantos espeleólogos, exploradores do CAP e pessoas da região seguem as pegadas de Krone para a primeira travessia da caverna Casa de Pedra, a exploração e topografia das cavernas Areias 1 e 2, Alambari de Cima, Caverna de Santana, Ouro Grosso, Água Suja e outras tantas somente no Vale do Ribeira.

ENTUSIASMO AO CONHECÊ-LO – Quando eu soube da apresentação que o Sr. Le Bret faria no auditório da Geologia da Universidade de São Paulo (USP), fiquei bastante entusiasmado com a possibilidade de conhecê-lo. Ele veio a convite da Redespeleo para participar do Carste 2004 e fez com exigência única a sua participação em alguma expedição espeleológica em curso.

Em meus muitos anos de Clube Alpino, já tinha ouvido falar muito de suas explorações e nunca me imaginei frente a frente com este pesquisador, contando suas peripécias na exploração de cavernas.

Na medida em que a apresentação de slides progredia, narrada por Le Bret, ia aos poucos observando com outro olhar aqueles lugares que as fotos mostravam e que tantas vezes percorri dentro de várias das cavernas que ele nos apresentava. Foi uma maravilhosa volta no tempo, uma volta, curta é verdade, às origens da espeleologia no Vale do Ribeira, com suas dificuldades de acesso, seus pousos simplórios e seus equipamentos pouco mais que rudimentares comparados àqueles que temos a disposição hoje.

INSPIRAÇÃO – Estes exploradores realmente são fonte inspiradora pela sua determinação na conquista de novas fronteiras e conhecimentos. Graças a estes senhores, espeleólogos podem hoje seguir seus passos (e ir além), esportistas podem testar suas habilidades em um ambiente muito agressivo e estudantes secundaristas, muitos anos depois, podem seguir os passos dos primeiros exploradores buscando instrução em geografia, geologia, biologia.

Isso sem falar em toda uma série de conhecimentos, hoje transversais e interligados, que podem ser acrescentados à bagagem cultural de muitos alunos em que, entre outras coisas, se aprende a ter respeito pela natureza e preservar aquilo que nos toca e emociona quando nos deparamos com a magnitude e s processos envolvidos na formação de cavernas.

‘MARAVILHOSO BRASIL SUBTERRÂNEO’ – Se não fosse ele e seus colegas, talvez outros tivessem feito este trabalho, não sei, mas da próxima vez que for ao Salão de Lama, na parte superior da Água Suja ou conseguir refazer a travessia da Tapagem vou lembrar das palavras do Sr. Le Bret contando trecho a trecho o processo da exploração e a felicidade de poder concretizar aos poucos os objetivos propostos para cada caverna.

Para quem quiser saber mais sobre Michel Le Bret recomendo seu livro ‘Maravilhoso Brasil Subterrâneo’, editora Japi, 1995, em que se apresenta em uma narrativa direta, realista e divertida de parte de suas explorações, sobre a história da espeleologia brasileira, os primeiros grupos de espeleólogos, a fundação da Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE) e outros assuntos relativos.