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Polícia Ambiental destrói armadilha destinada à caça de javalis em plantação de mandioca em fazenda

29 de dezembro de 2022

Funcionário da propriedade rural confessou ter fabricado a estrutura próxima à margem do Rio do Peixe, em Santo Expedito (SP), e levou multa de R$ 500,00.

Por g1 Presidente Prudente

Armadilha para caça de javalis foi encontrada em Santo Expedito (SP) — Foto: Polícia Militar Ambiental

Armadilha para caça de javalis foi encontrada em Santo Expedito (SP) — Foto: Polícia Militar Ambiental

A Polícia Militar Ambiental apreendeu e destruiu nesta quarta-feira (28) uma armadilha destinada à caça de javalis que estava montada em uma fazenda em Santo Expedito (SP).

Um homem, de 58 anos, que é funcionário da propriedade rural, confessou ter fabricado e armado a estrutura próxima à margem do Rio do Peixe e recebeu um auto de infração ambiental com multa no valor de R$ 500,00.

Os policiais encontraram dentro da armadilha espigas de milho para a ceva de animais.

Segundo a polícia, o funcionário da fazenda alegou que havia montado a armadilha para capturar javalis, em um local com plantação de mandioca, e que não sabia da necessidade de autorização para exercer tal prática.

O homem foi autuado com base no artigo 25 da Resolução 05/2021, da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sima), que trata da infração administrativa de “matar, perseguir, caçar, apanhar, coletar ou utilizar espécimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratória, sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida”.

Depois de apreendida, a armadilha foi destruída pelos policiais.

Expansão dos javalis e caça esportiva
Não existem estatísticas sobre a quantidade exata de javalis no Brasil ou o prejuízo que causam. Mas os especialistas são unânimes em dizer que a espécie deve ser controlada.

A caça deveria ser um dos principais métodos de controle, mas o aumento do número de caçadores não está se refletindo em uma redução dos javalis no país. Pelo contrário. O animal só está se espalhando.

Em 2016, havia javalis em 563 municípios brasileiros, segundo levantamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Em 2019, o número quase triplicou e os animais apareceram em 1.536 municípios.

Em vez de controlar a expansão do animal, alguns caçadores estão, inclusive, espalhando o javali pelo país de forma ilegal.

O ritmo de expansão do javali no Brasil é bem maior do que o registrado em países vizinhos. É 11 vezes maior do que o do Uruguai, por exemplo, por onde a espécie foi introduzida no país.

Porcos selvagens
Os javalis (Sus scrofa scrofa) pertencem à família Suidae. São porcos selvagens naturais da Europa, do norte da África e da Ásia, que entraram no Brasil há mais de 100 anos. Eram criados para consumo, mas muitos escaparam do confinamento e cruzaram com porcos domésticos. Desse cruzamento surgiu um animal híbrido: o javaporco (Sus scrofa), que se desenvolveu e ficou maior. Enquanto o javali pesa em torno de 80 quilos, o javaporco pode passar de 100 quilos, e se reproduz mais de uma vez por ano, o que aumenta o risco de invasão e descontrole da espécie.

Invasões de javaporco já ocorreram em algumas áreas do Estado de São Paulo, como o Parque Estadual Vassununga, que precisou ser fechado depois que esses animais tomaram conta da mata e causaram um grande desequilíbrio ambiental. O parque, em Santa Rita do Passa Quatro (SP), já foi reaberto.

A facilidade que os javalis possuem de se adaptar a ambientes diversos e até modificados pelo homem e a ausência de predadores naturais os colocam na lista das 100 piores espécies exóticas invasoras do mundo.

Visualmente falando, em comparação com o queixada (Tayassu pecari) e com o cateto (Pecari tajacu), os javalis e javaporcos são bem maiores, já que esses últimos podem chegar aos 200 quilos. Além disso, possuem um rabo comprido de seis a oito centímetros, enquanto os pecarídeos têm “tocos” que não ultrapassam os três centímetros. As orelhas dos javalis também são maiores e mais compridas.