MELIPONICULTURA 1

ABELHAS SEM FERRÃO

2 de janeiro de 2023

A meliponicultura traz três vantagens imediatas: facilidade no manejo por dispensar equipamentos de proteção, a demanda do mercado pelo mel e a preservação na natureza pela ação das abelhas na polinização das plantas.

Silvestre Gorgulho

 

O nome é bom, interessante e traz um marketing de paz: abelhas sem ferrão. Mas, na verdade, não existe abelha sem ferrão. Todas elas têm ferrão. Só que nas espécies das chamadas ABELHAS SEM FERRÃO, como a Jataí, Mandaçaia, Uruçu, Guaraipo, Manduri, Bugia, Mirim e outras, o ferrão é atrofiado. Assim, elas são incapazes de ferroar.  Para fazer criações e tirar o mel não são necessários equipamentos de proteção. Muito menos fumaça para o manejo. Por isso, elas podem ser criadas próximas às residências, em áreas urbanas, até em apartamentos e com várias vantagens: produzem vários tipos de mel, elas são fundamentais ao meio ambiente por serem polinizadoras, sendo verdadeiras ferramentas para o desenvolvimento sustentável.

 

O mel, com importância alimentar e medicinal, é apenas coadjuvante, produzido por uma pequena minoria das mais de 20 mil espécies de abelhas existentes. As abelhas sem ferrão cumprem importante papel na reprodução das plantas nativas com flores por produzirem a polinização cruzada, na formação de frutos e sementes. Segundo a Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – as abelhas sem ferrão contribuem para a polinização de plantas utilizadas na alimentação humana, como café, tomate, berinjela, urucum, coco, morango, goiaba, cupuaçu, açaí, camu-camu, entre outras, melhorando o rendimento e a qualidade dos frutos e sementes.

A colaboração dessas abelhas é fantástica, pois a reprodução de muitas plantas com flores seria impactada negativamente, ocasionando uma diminuição em suas populações, podendo inclusive chegar à extinção.

 

 

EXPLORAÇÃO PREDATÓRIA

Técnicos da Epamig explicam que, historicamente, muitas espécies de abelhas sem ferrão sofreram uma exploração predatória por meleiros, com a retirada do mel sem o manejo correto e consequente destruição das colônias, o que contribuiu para a diminuição das populações dessas abelhas em algumas regiões.

No decorrer do tempo, a exploração predatória cedeu espaço para a meliponicultura, que além de permitir a produção de diversos tipos de mel, disponibiliza ao meio ambiente uma variedade de polinizadores e contribui para a conservação das diferentes espécies de abelhas criadas, sendo, portanto, uma ótima ferramenta de desenvolvimento sustentável.

 

MELIPONICULTURA

A apicultura é uma das atividades mais importantes para o setor agropecuário aqui no Brasil.

 

 

Diferentes etnias indígenas têm explorado produtos das abelhas sem ferrão desde tempos remotos, incluindo os Maias do México e da Guatemala, os Kayapó da Bacia Amazônica brasileira e vários outros grupos africanos e australianos. Apesar de no geral a meliponicultura ser uma atividade informal, no Nordeste brasileiro, em especial nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte e Pernambuco, existem pólos bem sucedidos de criação de espécies locais como a tiúba, a jandaíra e a uruçu. A comercialização do mel e colônias, os principais produtos aproveitados, geralmente é informal e sem regulamentação. A demanda normalmente excede a oferta. Assim, a meliponicultura é um negócio com grande potencial de crescimento.

 

 

É importante o processo de aprendizagem para conhecer a biologia das abelhas sem ferrão e possibilitar que pessoas interessadas na criação iniciem essa atividade como forma de lazer ou como fonte de renda.

 

ABELHAS: CURIOSIDADES

  • As abelhas auxiliam na produção de cerca de 90% dos alimentos no mundo;
  • As abelhas são importantes para agricultura mundial, pois são responsáveis por polinizar cerca de 70% das plantas agrícolas;
  • A ação de polinização por animais aumenta a quantidade ou a qualidade da produção agrícola;
  • Cerca de 100 espécies de meliponíneos que ocorrem no Brasil se encontram em risco de extinção;
  • O risco de extinção se deve ao desmatamento, à poluição e às mudanças climáticas;
  • No bioma Mata Atlântica, as abelhas nativas são responsáveis pela perpetuação de 90% das espécies vegetais;
  • O valor anual dos serviços de polinização para a produção de alimentos é de aproximadamente R$ 43 bilhões;
  • A preservação das abelhas é de grande importância, pois se estima que quase 90% delas foram eliminadas devido ao avanço das ações humanas.

PRESERVAÇÃO DAS ABELHAS

  • Plante flores em vasos ou no jardim para servirem de alimento às abelhas;
  • Não use produtos químicos ou inseticidas próximo aos ninhos;
  • Não danifique os meliponários;
  • Visite os Parques Urbanos da sua região;
  • Deposite seu lixo na lixeira;
  • Respeite a natureza.