DIA DO ÍNDIO 4 – Krenak na UnB

UNB: AILTON KRENAK RECEBEU EM 2022 O “TÍTULO DOUTOR HONORIS CAUSA”

1 de abril de 2023

Krenak é o primeiro indígena e ativista a receber a homenagem. O título foi aprovado em 2021 e entregue em maio de 2022.

 

A homenagem teve a aprovação do Conselho Universitário em dezembro de 2021 e o título foi entregue em maio do ano passado. Para a reitora da UnB, professora Márcia Abrahão Moura foi uma honra para a Universidade entregar a condecoração no marco dos 60 anos da instituição. “Foi mais uma forma de festejar a nossa universidade. O nosso fundador Darcy Ribeiro, antropólogo e aliado dos povos indígenas, se orgulharia dessa decisão, que só fortaleceu a universidade humanista, diversa e democrática”.

 

UnB Notícias - UnB concede título de Doutor Honoris Causa ao ativista  Ailton Krenak

 

DOUTOR HONORIS CAUSA – A expressão honoris vem do latim, “por causa da honra”. Na universidade, serve para reconhecimento do trabalho de personalidades que tenham se distinguido pelo saber ou pela atuação em prol das artes, das ciências, da filosofia, das letras ou do melhor entendimento entre os povos.

AILTON KRENAK – “Nasci na região chamada Vale do Rio Doce (sudeste de Minas Gerais). Lá, é o território dos Krenak, que são os antigos Botocudos, um apelido que nossos bisavós tiveram. Caso olhe os livros de introdução à história do Brasil, vai ver que eles (os Botocudos) viviam na floresta do Rio Doce e não deixavam os brancos entrarem. Isso continuou até o século 20. Era uma ideia difundida pelo próprio Estado brasileiro, devido ao propósito que eles tinham, de que a floresta tinha a proteção de indígenas muito bravos e guerreiros. Enquanto isso, o governo dizimava a população nativa de outras regiões. No Vale, viviam cerca de 17 grupos familiares que se identificavam pelos rios onde eles estavam. Nasci em 1953, e já nasci com nossas famílias correndo entre os limites de fazenda, se instalando em novos territórios”.

ÀS MARGENS DO RIO DOCE – “O povo Krenak vive ainda hoje no mesmo lugar. Estamos lá perto do rio Doce. O Rio Doce, o Watu, é o nosso avô, a gente canta para ele, apesar de que, agora, esteja empossado de lama da mineração. Evocamos a floresta, falamos com as montanhas. A gente nunca saiu de lá, e os nossos inimigos não venceram. Somos 130 famílias, uma população de aproximadamente 500 pessoas que vivem à margem esquerda do rio. Nosso povo depende de muita ajuda. Até de carros-pipas para ter água. Mas continuamos lutando”.