Folha do Meio Ambiente

Recebi em vida muitos privilégios. Um deles é ter uma casa às margens do rio Tatuamunha, em São Miguel dos Milagres. Mais: e ter por vizinha, a Associação Peixe-Boi, entidade organizada e administrada pela sociedade civil de Porto de Pedras, em Alagoas.

Há cinco anos acompanho os trabalhos da Reserva que tem orientação e atuação dos servidores do ICMBio.

Como me sinto bem com a atuação dos técnicos que, com o apoio da comunidade, executam a proteção e a recuperação dos peixes-bois-marinhos! Muitos deles são filhotes resgatados com ferimentos e desnutridos. As causas são conhecidas: quase sempre a ação predatória do homem na realização da pesca.

Fico feliz também pela atuação dos integrantes da Associação que se organizaram para facilitar aos visitantes, na maioria turistas, a observação dos peixes-bois-marinhos que ficam no cativeiro, enquanto se recuperam até serem postos em liberdade.

Gosto de observar as visitas ao Santuário do Peixe-Boi. Elas são feitas em jangadas operadas pelos associados e navegam no rio Tatuamunha movidas pela força do homem para não causar estresse ou acidentes.

Com muita assiduidade, os banhistas que frequentam a praia de Tatuamunha se deparam com a aproximação de algum peixe-boi, que são dóceis e buscam a companhia dos humanos para receber carinho.

A comunidade local se conscientizou da importância de cuidar e preservar os peixes-bois. As autoridades proibiram a circulação de lanchas, jet-skis, e embarcações com motor submerso para que não haja acidente nem danos por colisão.

Como é reconfortante ver os moradores nativos e os turistas sempre felizes com a possibilidade de viverem momentos especiais de um contato intenso e revigorante com a natureza!

O comprometimento dos moradores e da Associação Peixe-Boi é total. Em primeiro lugar, está a preservação e a educação ambiental. Em segundo plano, está o lucro da exploração turística.

O interesse na visitação alcança todas as idades. É frequente a presença de crianças, adolescentes, adultos e pessoas idosas. O caso de dona Maria do Carmo, 98 anos, é exemplar. Com plena lucidez e interesse, fez o passeio e foi a grande questionadora dos guias sobre a vida e hábitos do peixe-boi.

A vida na Reserva do Peixe-Boi no rio Tatuamunha é uma ilha de paixão e solidariedade cercada de emoções por todos os lados.

O movimento de turistas na reserva do rio Tatuamunha é grande e atrai gente do Brasil inteiro. Na foto, dona Maria do Carmo, paulista de 98 anos, visita a Reserva do Peixe-Boi de São Miguel dos Milagres-AL. À sua direita está a cuidadora Lourdes e à sua esquerda está sua filha Dionea. (Foto: Luiz Antônio Machado)