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Ibama acompanha soltura inédita de peixe-boi-marinho no RN

16 de junho de 2023

Projeto exigido pelo licenciamento ambiental é fundamental para preservação da espécie.

IBAMA

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Brasília (15/06/2023) – O Ibama acompanhou a soltura inédita de um peixe-boi-marinho (Trichechus manatus), espécie ameaçada de extinção, realizada no final de maio no litoral do Rio Grande do Norte. O evento, resultado de exigência do Licenciamento Ambiental Federal (LAF), foi o primeiro a ocorrer no estado.

Apelidado de Gabriel, o animal foi encontrado encalhado e ainda recém-nascido em 2017, na Praia de Quixaba, em Aracati (CE). O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP), exigido pelo Ibama no âmbito do LAF para empreendimentos de exploração ou produção de Petróleo e Gás, foi fundamental para o resgate e reabilitação do mamífero.

Quando resgatado, Gabriel foi estabilizado por profissionais de organização não-governamental (ONG) e transferido para o Centro de Reabilitação de Animais Marinhos do Projeto Cetáceos da Costa Branca, da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (PCCB/UERN). Lá permaneceu por cinco anos em reabilitação, aos cuidados de médicos-veterinários, biólogos e tratadores. A alimentação do filhote era constituída basicamente por composto lácteo, oferecido com ajuda de mamadeira subaquática especialmente desenvolvida para alimentar animais dessa espécie. Aos poucos, foram acrescentados à dieta alimentos sólidos como capim-agulha e algas marinhas.

Na vida adulta, Gabriel mostrou-se ativo para voltar ao seu habitat. Desde 2022 o animal foi mantido em cativeiro de aclimatação localizado na Reserva Estadual de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão, em Diogo Lopes (RN). “Nesse tipo de recinto os peixes-bois-marinhos conectam-se à dinâmica e oscilação das marés, correntes marinhas e demais condições ambientais, reaprendendo os comportamentos necessários para enfrentar os desafios da vida livre”, ensina André Favaretto, analista ambiental do Ibama. Outros cinco espécimes reabilitados pelo PCCB/UERN que haviam se juntado a Gabriel no recinto de aclimatação ainda serão devolvidos à natureza.

Desde que ganhou liberdade, Gabriel permanece monitorado remotamente por equipamentos especiais. A cada dia amplia um pouco a sua área de exploração, num processo cauteloso de reaprendizado para viver no litoral potiguar, uma vez que passou os últimos seis meses aos cuidados de tratadores humanos.

Espécie ameaçada de extinção

No Brasil, o peixe-boi-marinho é considerado o mamífero aquático com maior grau de ameaça de extinção. A Bacia Potiguar, que inclui o litoral do Ceará e do Rio Grande do Norte, é recordista nacional de encalhes de peixes-bois-marinhos vivos, em sua maioria filhotes recém-nascidos que não conseguiriam sobreviver em vida livre se não fossem resgatados e reabilitados por profissionais especializados, em instalações físicas apropriadas.

O acesso rápido a filhotes encalhados e a reabilitação cuidadosa possibilitam uma segunda chance aos animais, reforçando o banco genético da população nativa em alinhamento às estratégias nacionais de conservação.

PMP-BP

O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar (PMP-BP), estabelecido como exigência pelo Ibama desde 2009 nos processos de licenciamento ambiental das atividades marítimas de exploração, produção e escoamento de petróleo e gás operados pela Petrobras na região, foi decisivo no provimento de estruturas especializadas para o atendimento de animais marinhos. Ao longo dos anos, os recursos do Projeto viabilizaram a estruturação de toda a rede de monitoramento de encalhes e reabilitação existente hoje em ambos os estados, o que inclui dois Centros de Reabilitação, dois cativeiros de aclimatação de peixes-bois-marinhos, unidades de estabilização e necropsia, laboratório de pesquisa e outras facilidades, que dão o suporte aos profissionais dedicados ao projeto.

Cerca de outros 30 peixes-bois-marinhos encontram-se em reabilitação como parte do plantel atual do PMP-BP, e serão gradativamente devolvidos à natureza, como forma de recuperar as populações ameaçadas e repovoar áreas onde foram extintos.

Crédito fotos: PCCB/UERN e CGMAC/DILIC/IBAMA

 

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