O MUNDO DOS PLÁSTICOS
1 de junho de 2023A maior parte do descarte anual de peças e pedaços de plásticos chegam aos oceanos pelos rios.
Na vida moderna, cada vez mais o plástico vai tomando o lugar dos metais, do vidro e de outros materiais que tradicionalmente estiveram no cotidiano das pessoas. À escala planetária, são milhões de partes de produtos como copos descartáveis, talheres de tamanhos variados, embalagens de mercadorias as mais diversas, recipientes de produtos líquidos como bebidas, remédios, materiais de limpeza, combustíveis que são transportados e estocados em invólucros plásticos.
Os rios Yangtsé (China), com 330 mil toneladas por ano, e o Ganges (Índia), com 120 mil toneladas anuais de plásticos descartados, são os campeões nessa incompreendida tarefa de conduzir rejeitos não biodegradáveis.
Ocorre que o tempo de decomposição do plástico é medido em alguns séculos, situando-se num período mínimo de pelo menos trezentos anos. Essa circunstância provoca uma forte preocupação sob o ponto de vista da preservação da natureza com importantes reflexos na gestão do meio ambiente.
Estatísticas amplamente divulgadas dão conta que são descartadas anualmente cerca de 13 milhões de toneladas de materiais plásticos. Essas estatísticas são reveladoras. Uma expressiva parte dos referidos descartes vai para os oceanos. Até parece que os plásticos “elegeram” os mares como sua morada final e segura. Em consequência, além de ser a residência de um incontável número de formas de vida aquática, as águas marinhas são, também, neste começo de milênio, o valhacouto dos rejeitos plásticos, projetando para o futuro um problema de penosa solução.
MEIO URBANO, A FONTE
PRIMÁRIA DOS DESCARTES
Adicionalmente, estudos apontam que a maior parte do mencionado descarte anual de peças e pedaços de plásticos que aportam aos oceanos chegam pelos leitos de rios, principalmente aqueles que escoam margeando ou nas proximidades de meios urbanos que são, em última análise, a principal fonte primária dos descartes. Os rios Yangtsé (China), com 330 mil toneladas por ano, e Ganges (Índia), com 120 mil toneladas anuais de plásticos descartados são os campeões nessa incompreendida tarefa de conduzir rejeitos não biodegradáveis.
Antecipar-se à ocorrência desse problema significa estimular a indústria, e o comércio também, a darem destinação econômica a essa verdadeira “montanha” de plásticos. Exemplos já em prática não faltam em diversas partes do mundo. A produção de blocos de parede para construção acrescentando-se à argamassa uma baixa percentagem de pó de garrafa PET (tereftalato de polietileno), tanto quanto a substituição do poliester convencional utilizado na fabricação de pneumáticos de automóveis por fios de poliéster reciclado obtidos igualmente a partir da garrafa PET são dois desses exemplos.
EXEMPLO NA ÁREA COMERCIAL
Em outro exemplo, agora no campo comercial, o pagamento do ticket de metrô com garrafa PET usada como praticado pelo sistema de transportes metropolitanos de Roma constitui uma outra prática que contribui para a redução do descarte do plástico sob a forma de lixo.
A multiplicação de exemplos com finalidade à semelhança desses, certamente, muito acrescentará à gestão de recursos hídricos, reservando capacidade de trabalho nos comitês de bacia hidrográfica para dar combate a outros problemas de gestão.
Raymundo Garrido – Engenheiro e professor da UFBA, ex-Secretário Nacional de Recursos Hídricos.