CIÊNCIA

18 de agosto de 2023

Espécie era considerada funcionalmente extinta na região

ICMBio

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– Foto: Thiago Filadelfo

A Área de Proteção Ambiental (APA) Boqueirão da Onça, na Bahia, tem mais três filhotes de arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari). A espécie, que no passado foi considerada funcionalmente extinta na região (população no local não era mais capaz de crescer), atualmente é considerada como “Em Perigo”.  

Os filhotes nasceram em março de 2023, e foram avistados pela primeira vez em junho passado pelo morador Gilmar Rodrigues, parceiro do projeto de soltura. Os três filhotes estavam juntos ao grupo de araras e se alimentavam nos licurizeiros no entorno do viveiro de treinamento, que é uma das áreas de alimentação, descanso e dormitório da espécie.  

O nascimento dos filhotes marca um importante resultado para os esforços de conservação da espécie na Caatinga e é uma das ações previstas no Plano de Ação Nacional para a Conservação das Aves da Caatinga (PAN Aves da Caatinga). 

Os pais das três araras nasceram sob os cuidados da Fundação Loro Parque, na Espanha e foram destinados ao projeto de soltura Projeto Arara Azul de Lear, em 2018. Em 2022, este mesmo casal foi responsável pelo primeiro nascimento de uma arara no Boqueirão da Onça depois de mais duas décadas sem registros. “Isso demonstra a importância de se manter uma população de segurança ex-situ (mantidas sob os cuidados humanos) para apoiar a conservação da espécie na natureza”, explica o coordenador do PAN, Antonio Emanuel de Sousa. 

A cada dois meses, os pesquisadores do grupo de Pesquisa e Conservação da Arara-azul-de-lear monitoram a população no Boqueirão da Onça. Durante os períodos de soltura (treinamento pré-soltura e monitoramento pós-soltura), essa ação é feita diariamente por até seis meses consecutivos.  

Nove instituições nacionais e internacionais participam do Programa de Manejo Integrado da Arara-azul-de-lear, coordenado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave/ICMBio). Atualmente 117 exemplares são mantidos por estas instituições, que promovem a reprodução da espécie sob cuidados humanos. Posteriormente, os filhotes são destinados para a soltura. 

 

Sobre a espécie 

A Arara-azul-de-lear é uma espécie de psitacídeo (como é chamado o grupo que engloba cacatuas, araras, papagaios, periquitos, jandaias, dentre outros), endêmico da Caatinga.  

Esta ave teve uma grande redução populacional por conta da diminuição de seu alimento favorito (frutos de licuri) em função do desmatamento para criação de gado e mineração. A extração dos frutos para biodiesel e indústria de cosméticos também contribuem para a escassez do alimento. 

O comércio ilegal e o conflito direto com agricultores (as aves eventualmente se alimentam das lavouras de milho) também podem ser apontados como ameaças às araras-azuis-de-lear. A população, que nos anos 80 chegou a contar com cerca de 60 indivíduos, mostra tendências de aumento: em 2001, um projeto coordenador pelo Cemave contou 246 aves; o número saltou para 1.123 em 2010. O último levantamento, em 2012, estimou 1.263 aves na natureza. 

Comunicação ICMBio

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